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Unificar as campanhas salariais é unir a classe trabalhadora

Várias categorias já deram o pontapé inicial para as suas campanhas salariais que acontecem no segundo semestre de cada ano. Dentre elas estão os Correios, petroleiros e bancários. 

Os trabalhadores dos Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) já estão em negociação. A pauta que está sendo discutida em reuniões com a Empresa aponta que a categoria terá que lutar para recompor o poder de compra dos seus salários e, também, contra a política de fechamento das agências próprias, mais um passo para entregar a estatal à iniciativa privada. Dentre as principais reivindicações da categoria está a defesa dos Correios como uma empresa estatal, pública e de qualidade para a população Brasileira.

Como parte da campanha, os trabalhadores dos Correios estão realizando várias audiências públicas, tanto no Senado quanto no Congresso Nacional e Assembleias Legislativas dos estados, denunciando o desmonte da Estatal e o crime que será deixar a população sem o atendimento postal.

O plano de privatização dos Correios está na ordem do dia há muito tempo e a história de luta e de resistência dos seus trabalhadores é que tem impedido a consumação deste plano. Neste exato momento, o golpista Michel Temer também faz a sua investida para cumprir o compromisso feito com o capital nacional e internacional e ameaça fechar centenas de agências, passo inicial para reabri-las em momento posterior sob a coordenação de algum capitalista privado, abutre de plantão.

É sempre importante ressaltar, e o Jornal Gazeta Operária tem cumprido com este papel, que o Correio hoje é o único elemento de integração nacional no País, já nem as estradas chegam até onde a estatal chega. Os serviços prestados pela ECT muitas vezes são obrigações constitucionais aos cidadãos brasileiros como, por exemplo, a integração da rede de serviços prestados pelos Correios na distribuição de livro didático, que permite o começo do ano letivo em todos os lugares ao mesmo tempo; o cadastramento e recadastramento de programas sociais do governo; o pagamento de aposentadorias e pensões através do banco postal; o programa de aleitamento materno, entre outros. Todos os programas sociais que passam pela Empresa certamente irão acabar caso o Correio seja privatizado. Privatização sempre foi sinônimo de destruição do patrimônio do povo brasileiro.

Ter a capacidade de unificar as lutas das categorias que estão sendo atacadas de forma muito grave pelos privatistas que hoje administram o Brasil, liderados por Michel Temer, será o diferencial. Os trabalhadores dos Correios, bancários, petroleiros e todos que têm data base neste segundo semestre, mais do que nunca, precisam ter esta compreensão de que se estivermos separados o governo atacará uma a uma as categorias até todas sucumbirem.

Os bancários, por sua vez, realizaram a sua 20ª Conferência Nacional, em São Paulo, e debateram a sua pauta específica de negociação. O documento foi entregue à Federação dos Bancos (FEBRABAN), no último dia 13 de junho, e as negociações começaram no dia 28. As bandeiras de luta aprovadas pela categoria exigem a defesa do emprego, com a proibição de demissões em massa; homologações nos Sindicatos; defesa dos bancos públicos, que estão sendo desmontados e preparados para a privatização, além de outros pontos.

Para o Comando Nacional dos Bancários, o controle público e o fortalecimento do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES e de empresas como a Petrobras, Eletrobrás e Correios são parte da defesa da economia e da soberania do país contra as agressões da geopolítica externa e das ambições do capital privado, voltado para o interesse exclusivo do mercado. Nunca é demais lembrar que o próprio ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que “a Caixa está ‘pronta’ para a venda”. Neste sentido, vale destacar a fala do coordenador da Comissão de Empresa da Caixa Econômica Federal, Dionísio Reis: “A Caixa responde por 90% do financiamento habitacional do país, e vem reduzindo essas operações, só que os bancos privados não estão ocupando esse papel com a mesma qualificação”.

Os Petroleiros, que também estão em campanha, defendem a Petrobras enquanto empresa pública e sofreram mais um forte ataque do TST (Tribunal Superior do Trabalho). Em uma paralisação de três dias, a categoria foi ameaçada em uma multa de R$ 2 milhões por dia, caso não recuasse da greve. Essa é uma demonstração da atuação do Estado burguês contra qualquer tipo de manifestação “solitária” de uma categoria. Isto mostra que só há um caminho: entender o sentido de luta de classes e unir as categorias na luta para enfrentar os ataques do capital nacional e internacional contra a classe trabalhadora brasileira.


Organizar a luta e a resistência


Neste momento em que se desenvolvem as campanhas salarias de diversas categorias com data base no segundo semestre, sete centrais sindicais (CUT, Força Sindical, Intersindical, UGT, CTB, CSB e NCST) elaboraram um documento que exige ações imediatas de combate ao desemprego e a revogação de reformas feitas pelo governo de Temer, incluindo alguns itens da Reforma Trabalhista e da emenda que estabelece o teto de gastos públicos. As entidades agendaram para o dia 10 de agosto uma mobilização nacional – o “Dia Nacional de Luta” – com possibilidade de greves pelo país. O documento é denominado “Agenda Prioritária da Classe Trabalhadora”.
Também está acontecendo a campanha “Brasil Forte, em defesa de um serviço público e de qualidade e valorização dos servidores e das estatais”, que visa buscar uma unificação das categorias na defesa dos serviços públicos e de qualidade para a população e contra as privatizações.

Com o aprofundamento da crise capitalista mundial, a única saída para a classe trabalhadora será sua unificação, pois o capital nacional e, principalmente, o internacional já estão arrancando dos trabalhadores diversos direitos e conquistas como forma de recuperação de sua margem de lucro que despenca, ampliando a miséria por todos os lados. Neste sentido, as campanhas salarias deste segundo semestre podem e devem ser o começo desta unidade.

As categorias devem romper com a política de data-base, que é um sistema de controle dos movimentos dos trabalhadores pelo Ministério do Trabalho e pelo Tribunal Superior do Trabalho, criada na década de 1940, cujo principal objetivo é dividir e enfraquecer as lutas da classe trabalhadora, obrigando cada categoria a realizar lutas isoladas. As direções sindicais precisam urgentemente entender que a luta solitária de uma categoria estará fadada ao fracasso. A luta de todas as categorias que estão ou entrarão em campanha salarial neste segundo semestre terão que passar necessariamente pela defesa das empresas estatais e da soberania nacional do País, contra os ataques do imperialismo internacional. A unidade de opressão dos capitalistas precisa ser enfrentada com a unidade de mobilização dos trabalhadores, nas ruas.

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