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Rogério Correia e Beatriz Cerqueira falam sobre suas propostas para as eleições de 2018

O Jornal Gazeta Operária (JGO) entrevistou os candidatos do PT, Rogério Correia (deputado Federal - 1313) e Beatriz Cerqueira (deputada estadual - 13123), ambos por Minas Gerais, sobre as principais lutas, bandeiras e propostas que serão defendidas em seus mandatos.

JGO: Estas são as primeiras eleições desde o golpe de Estado de 2016. Tendo em vista essa conjuntura, quais são os principais eixos e bandeiras defendidos pelo (a) candidato (a) para este mandato popular?

Rogério Correia: O Golpe é um processo, não foi apenas um momento, e que tem um programa a ser cumprido. Então, a deposição da presidenta Dilma, eleita com cerca de 54 milhões de votos, e depois a prisão do maior líder operário da história brasileira, o presidente Lula, até os dias de hoje, são parte desse processo que retirou direitos dos trabalhadores, que está acabando com a soberania nacional e que está liquidando com o papel do Estado para os mais pobres. Portanto, o que nós temos como bandeira? Reverter todos os retrocessos que nos foram impostos pelo Golpe, em especial, retomando a soberania nacional, que significa o pré-sal, as hidroelétricas e tudo aquilo que foi entregue ao capital financeiro internacional. Revogar as medidas relativas à perda de direitos, contra a reforma trabalhista, contra a terceirização, contra o congelamento dos investimentos à Educação e Saúde entre outros. E, ao mesmo tempo, portanto, retomar com o Estado seu papel de desenvolver o Brasil, dividindo rendas.

Beatriz Cerqueira: A nossa candidatura tem como eixo o enfrentamento ao golpe. Estamos nas ruas desde 2015 resistindo e denunciando porque sabíamos que o golpe tinha como alvo o povo brasileiro, a retirada dos seus direitos e as mudanças no orçamento público, expulsando dele o povo. Estão impondo tudo isso, mudando a Constituição sem que o povo tenha autorizado! Construímos a candidatura através de dezenas de plenárias onde consolidamos uma plataforma de propostas. Entre elas, a luta por nenhum direito a menos com a revogação de todas as medidas feitas pelo governo golpista do Temer, a defesa da democracia e do direito do presidente Lula de ser candidato! Também temos como eixo o debate de mulheres de luta na política. A deposição da presidenta Dilma Rousseff teve a construção simbólica que as mulheres não servem para o espaço público. Nossa tarefa é dizer o contrário. Como mulheres temos o direito de estarmos onde quisermos, de Presidente da República à Central Sindical! Temos que fazer destas eleições também a denúncia e o enfrentamento a isso!  Temos como compromissos que foram construídos coletivamente: uma candidatura a serviço da Educação, emprego, Saúde, dos serviços públicos, representação da classe trabalhadora por nenhum direito a menos, dos trabalhadores (as) da agricultura familiar, atingidos por barragens, da luta pelo direito à terra, do enfrentamento ao modelo predatório das mineradoras, juventude, por igualdade, pela soberania e desenvolvimento do nosso estado e por uma atuação parlamentar construída coletivamente.

JGO: Como o (a) candidato (a) pretende mobilizar as bases para tentar reverter os ataques colocados em prática pelo governo Temer?

Rogério Correia: Para que isso aconteça, o fundamental é reaver a consciência e a organização popular, através do reforço dos movimentos sociais. As frentes que foram agora estabelecidas, por exemplo, Povo Sem Medo, Brasil Popular e Congresso do Povo, como também os sindicatos – é essa organização social que será capaz de mobilizar o povo brasileiro e, ao mesmo tempo, termos condições de na institucionalidade ocupar os espaços. É o caso, em especial, no Senado e na Câmara Federal com as eleições para deputados e senadores comprometidos com essa plataforma.

Beatriz Cerqueira: Estamos mobilizadas e mobilizados para elegermos o Presidente Lula. Assim interromperemos o golpe. Também é fundamental a eleição de uma bancada da classe trabalhadora para que tenhamos maioria do Parlamento. Sem isso não conseguiremos aprovar medidas que revertam tudo o que foi feito até agora contra o povo.

JGO: Qual a posição do (a) candidato (a) diante da Reforma Trabalhista e da Previdência?

Rogério Correia: A reforma trabalhista foi, na verdade, o fim da CLT. Um retrocesso enorme, onde junto com a terceirização do serviço levou os trabalhadores ao trabalho informal e outros em situações ao trabalho escravo. Aumentou também o desemprego, retirando a segurança que o trabalhador tinha no que diz respeito à justiça trabalhista, que está também sendo liquidada dentro dessa maldita reforma do governo Temer. E a reforma da previdência só não foi concluída porque houve muita mobilização social e é fundamental interromper a reforma, não permitindo que ela aconteça porque será o fim da aposentadoria para os trabalhadores e os mais pobres no Brasil.

Beatriz Cerqueira: Sou contra as duas reformas. Elas não são as reformas que o Brasil precisa. Precisamos de uma reforma tributária onde quem tem mais, pague mais. Atualmente não é assim no Brasil. Hoje quem paga imposto é o pobre. Precisamos tributar as grandes fortunas, combater a sonegação das grandes empresas e acabar com a prática de renúncias de receitas que o Governo faz retirando recursos da educação e da saúde! Precisamos de uma reforma política para mudar este sistema e fazer de fato com que a política seja representativa do povo! Uma reforma política que só será séria a partir de uma Constituinte exclusiva. Precisamos de uma reforma do Poder Judiciário. Juízes e Desembargadores não podem atuar como atuam, seletivamente, em benefício de um partido político e de uma classe social! Atuam como uma grande família em defesa dos seus próprios interesses. E precisamos de um Ministério do Trabalho fortalecido para fiscalizar, combater e punir o desrespeito aos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras.

JGO: O cenário da educação desde o golpe é extremamente delicado. Quais as perspectivas de atuação de seu mandato para barrar estes ataques?

Rogério Correia: Eu sou ligado à Educação. Fui fundador da UTE (hoje conhecido como Sind-UTE, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) em 1979, depois da CUT, fui professor por muitos anos em Minas Gerais e, portanto, depois como vereador e deputado, foi sempre uma área de muita atuação minha. E, é lamentável ver uma PEC, como essa 95, que congela por 20 anos os recursos à educação pública brasileira. Significa o fim da Educação gratuita e de boa qualidade, como nós sempre lutamos na creche e nas universidades. Ao estabelecer esse congelamento, e se de fato durar, eu não diria 20 anos, mas 10 anos, nós não teremos educação pública no país. A reforma no ensino médio vem no mesmo sentido, ou seja, dar obrigatoriedade de ensino presencial apenas para português e matemática, liquidando com o ensino médio e com as outras matérias, onde teria o ensino à distância. Enfim, o rico teria uma escola presencial e o pobre seria fingida uma educação, liquidando qualquer capacidade de distribuir renda e desenvolvimento social, por meio da educação brasileira. E isso seria concomitante àquela ideia da Escola Sem Partido, que na verdade é uma escola com censura, que não permite ao cidadão se formar e ter consciência crítica. Então, tudo isso se combina nesse ataque à educação pública brasileira.

Beatriz Cerqueira: Será um mandato de resistência e denúncia das medidas que atacam a educação pública e de defesa da categoria. No caso do estado de Minas Gerais defender nossas Universidades Estaduais, lutar pelo fim do parcelamento dos salários dos servidores públicos, defesa do investimento exclusivo dos 25% de impostos em educação e abrir o debate na sociedade para ampliar esse percentual. Lutar também contra qualquer forma de privatização ou terceirização! Educação não é um assunto de categoria, mas de classe trabalhadora! Por isso precisamos fazer esta luta de maneira estratégica, articulando as organizações populares e sindicais! E elegendo nossa representação no parlamento!


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