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Diário de Brumadinho: mais um crime da privatização

A cidade de Brumadinho foi vítima de um dos maiores crimes ambientais da história do Brasil: o rompimento da barragem de rejeitos de mineração, Córrego do Feijão, da empresa Vale. De acordo com os dados oficiais, já são 110 mortos, até o momento, sendo 71 identificados. Outras 238 pessoas, entre trabalhadores e moradores de Brumadinho, permanecem sem contato/desaparecidos após a passagem do mar de lama que destruiu o refeitório, um dos prédios da mineradora, casas, sítios, pousadas e outras construções.


O crime envolvendo a Vale é reflexo direto da política de privatização. A principal empresa estratégica brasileira no ramo da mineração e infraestrutura, uma das maiores empresas de mineração do mundo, foi leiloada em 1997, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Esse foi o primeiro crime envolvendo a Vale: a Empresa foi “vendida” por R$ 3,3 bilhões, quando, na verdade, somente as suas reservas minerais eram calculadas em mais de R$ 100 bilhões à época. Em pouco mais de 20 anos, a privatização deixou como resultado os dois maiores crimes ambientais e trabalhista da história do Brasil. Isso porque, além de Córrego do Feijão, a Vale também controlava a barragem de Mariana, no distrito de Bento Rodrigues (MG), que rompeu em 2015. A barragem de Fundão abrigava cerca de 56,6 milhões de m³de lama de rejeito e estava sob a responsabilidade da mineradora Samarco, um dos braços da Vale e da BHP Billiton. Esse rompimento despejou 43,7 milhões de m³ de rejeitos (lama tóxica) e arrasou a cidade, deixando um rastro de destruição e 19 mortos, além dos milhares de desabrigados. A lama contaminada atingiu afluentes e o Rio Doce, indo de Minas Gerais até o Espírito Santo, atingindo diretamente 11 cidades e vários distritos. Milhares de moradores da região ribeirinha ficaram sem água e sem trabalho. Até hoje, nenhuma medida foi tomada no sentido de punir os responsáveis e as indenizações não foram pagas, escancarando o descaso dos capitalistas. Para o grande capital, as vidas destruídas não significam absolutamente nada, a única preocupação é com o lucro que advém de suas práticas predatórias.


Esse novo rompimento, ocorrido no último dia 25, supera o de Mariana no número de mortos e dimensão dos problemas a médio e longo prazo. A lama já atingiu o Rio Paraopeba, que era um dos mais recomendados para pesca, por sua diversidade de fauna, além de ser responsável pelo abastecimento de água de parte de Belo Horizonte, Betim, Contagem e das cidades próximas às suas margens. Além disso, o Rio Paraopeba é um dos principais afluentes do Rio São Francisco, que liga Minas Gerais ao nordeste do País e é responsável pelo abastecimento de água de milhões de casas e fonte de renda de famílias que dependem da pesca e agricultura. São 1 milhão de m³ de lama e rejeitos químicos que foram lançados de encontro a prédios, casa e a natureza. Outra questão de extrema importância é o trabalho de busca e ações para evitar maiores danos. Segundo informações do portal Agência Brasil, mais de 300 homens trabalham no resgate, sendo 220 integrantes do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais e outros 80 homens que foram deslocados de outros estados como Rio de Janeiro e São Paulo. Ou seja, apesar de o crime ser de responsabilidade do setor privado, quem está resgatando as vítimas e dando todo suporte são empregados públicos, trabalhadores, que vale salientar, estão com salários atrasados. É o setor público quem está socorrendo o privado os terceirizados. Nenhuma empresa privada está trabalhando no resgate.


No período em que a Vale foi estatal, desde sua fundação, em 1942, até sua privatização, em 1997, nenhum crime ambiental e trabalhista havia sido registrado. De 1997 até agora (primeiro bimestre de 2019) 12 crimes já foram registrados, sendo os de Mariana e Brumadinho que mais nefastas consequências trouxeram aos trabalhadores, à população e ao meio ambiente. O crime ambiental de Brumadinho nos mostra o quão prejudicial e criminosa é a política de privatização. As empresas privadas não se importam com as vidas dos trabalhadores que ali residiam. Enquanto o lucro for garantido, ele sempre estará em primeiro plano, e as vidas da população, dos trabalhadores e o meio-ambiente sempre estarão ameaçados.

Não à privatização!
Privatização é coisa de ladrão e de criminosos!
Reestatização da Vale e das demais estatais privatizadas!


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