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1959/2019 - 60 anos da Revolução Cubana

No dia 01 de janeiro de 1959, entravam triunfantes em Havana os revolucionários que levaram adiante o fim da exploração capitalista em Cuba. A Revolução Cubana foi uma ruptura radical com as ideias das classes dominantes, bem como com suas formas tradicionais de se pensar e fazer política.


A partir de sua independência, em 1898, Cuba se tornou um Estado à mercê dos interesses estadunidenses, que viam a ilha como uma mera área de lazer. A economia cubana e, dialeticamente, sua política eram totalmente atreladas à política externa dos Estados Unidos, que não se furtaram de intervir militarmente na ilha em diversas ocasiões.


Após uma longa preparação e treinamento no México, os revolucionários cubanos compraram o barco Granma para retornar à ilha e integrar a luta contra o governo de Fulgêncio Batista. Em 2 de dezembro de 1956, vindos do México, 82 rebeldes desembarcaram em Cuba, mas apenas 20 sobreviveram ao primeiro embate com as forças da ditadura. Estes remanescentes constituiriam a base do Exército Revolucionário e, ao longo da luta, elaboraram um novo método de tomada do poder, teorizado posteriormente: a guerra de guerrilhas e o foquismo. Em contato com a dura realidade do campesinato cubano e em inferioridade material frente às forças da repressão, os revolucionários construíram um profundo laço com a população rural historicamente oprimida. Com esse apoio, foram capazes de ganhar posições e paulatinamente derrotar o governo.


A partir da revolução, Cuba conquistou diversas vitórias e avanços para a sua população: a erradicação do analfabetismo, acesso universal à educação, o melhor sistema de saúde pública das Américas, eliminação da pobreza extrema, fortalecimento da soberania nacional e da solidariedade internacional, são alguns desses fatores, que só puderam ser levados adiante pela constituição do primeiro Estado socialista da América Latina. Desde então, Cuba se tornou um importante símbolo de resistência anti-imperialista e um exemplo de que um outro mundo realmente solidário e igualitário é possível.

 

Grandes nomes da Revolução

 


Nascido em 13 de agosto de 1926, Fidel Alejandro Castro Ruz foi o líder máximo da Revolução Cubana. Ideólogo do ataque ao Quartel Moncada, da volta à Cuba a bordo do navio Granma e líder do governo de Cuba entre 1959 e 2011, o revolucionário teve a responsabilidade de construir a primeira república socialista revolucionária na América. Sua figura causava “calafrios” no imperialismo estadunidense que, por medo de seu ideário político, organizou nada menos que 638 tentativas documentadas de o assassinar. Conhecido pelos longuíssimos discursos, foi um agitador e propagandista histórico da causa socialista na América Latina e no mundo. Mesmo com todos os problemas inerentes ao bloqueio que sofreu Cuba desde a Revolução, a ilha manteve a acessibilidade à educação, saúde e segurança pública por parte da sua população. Morreu de causas naturais, em 25 de novembro de 2016.


O guerrilheiro e médico argentino, Ernesto Guevara de la Serna, mais conhecido pela alcunha “Che”, Foi um dos principais ideólogos e combatentes da Revolução Cubana. Embora o movimento guerrilheiro tenha sido feito na prática, foi Guevara que sistematizou e escreveu sobre a experiência histórica da guerrilha cubana. Dono de um espírito indomável, a experiência em Cuba não foi o suficiente para saciar seu ímpeto revolucionário. Partiu de Cuba para experiências na África e na Bolívia, onde o método utilizado em Cuba não possuiu o mesmo grau de acerto. Ainda assim, Che simboliza a resistência e a solidariedade necessária para a luta contra o imperialismo. Assassinado em 9 de outubro de 1967, seus ideais não morreram, sendo sua imagem, ainda hoje, uma referência aos vários movimentos revolucionários ao redor do mundo.


Camilo Cinfuegos Gorriarán, nascido em 6 de fevereiro de 1932, foi um dos líderes da Revolução Cubana. Sua vida é marcada pela participação política, tendo ingressado em 1948 em lutas populares contra o aumento de passagens de ônibus. Em 1955, foi ferido à bala pela sua participação em uma manifestação política, o que lhe rendeu ser fichado como comunista. A partir de então, sofreu perseguição política, que lhe impedia de conseguir empregos na ilha. Exilado em 1956, se juntou a Fidel Castro e Che Guevara, no México, de onde partiu a bordo do navio Granma, que levou os primeiros 81 revolucionários à Cuba. Sua bravura, coragem, alegria e franqueza no movimento guerrilheiro lhe rendeu as alcunhas de “O Herói de Yaguajay” e o “Senhor da Vanguarda”. Morreu em 28 de outubro de 1959, em um acidente aéreo.


Raul Castro é o mais jovem dentre os três irmãos de Fidel. Nascido em 3 de junho de 1931, foi estudante de Ciências Sociais e era um socialista convicto, mesmo antes do movimento revolucionário, sendo militante, durante a juventude, do Partido Socialista Popular em Cuba. Foi um dos integrantes do Movimento Revolucionário 26 de julho, que tentou tomar de assalto o Quartel Moncada. Depois de 22 meses na prisão, foi exilado junto a Fidel, enviado ao México. Atribui-se a Raul ter introduzido Che Guevara ao círculo revolucionário que levou adiante a revolução cubana. Além disso, ele manteve ligações com agentes da KGB, polícia secreta soviética, antes e depois da revolução. Foi um importante líder militar e revolucionário e ocupou o cargo de ministro da Defesa entre 1959 e 2008. Atualmente, é o comandante de Cuba, sucedendo seu irmão Fidel em 2011.

 

Filiação cubana ao marxismo

 


A Revolução Cubana declarou o seu caráter socialista em abril de 1961 após meses de conflito com as autoridades estadunidenses e da agressão imperialista na Baía dos Porcos. Desde então os cubanos se aproximaram do marxismo-leninismo como corrente ideológica orientadora do processo revolucionário. Elaborada por meio da prática frente aos problemas cotidianos, a experiência cubana apresentou inicialmente um alto grau de flexibilidade e experimentação ideológica dentro do campo socialista, embora tenha se aproximado da ortodoxia soviética nos anos 1970. Entre as contribuições cubanas ao marxismo e aos partidos comunistas está a reavaliação do papel do nacionalismo como força revolucionária, ignorado na América Latina até os anos 1960; o papel das condições locais e nacionais na luta revolucionária; a tomada imediata do poder pelas armas e pela mobilização massiva, contrariando as diretrizes etapistas conferidas aos partidos comunistas; a possibilidade da criação de condições objetivas para a tomada do poder; o internacionalismo revolucionário e o apoio às lutas de libertação nacional no chamado Terceiro Mundo. Assim, a Revolução Cubana, à sua forma e atenta às suas próprias condições, aplicou a teoria marxista na prática.


Infelizmente, após seis décadas de cerco imperialista, localizada nas barbas dos Estados Unidos, em 2018 Cuba promulgou nova constituição. Dentre outras capitulações, o anteprojeto de reforma constitucional acrescentou o reconhecimento do papel do mercado capitalista na economia e o reconhecimento da existência da propriedade privada. Cabe ressaltar que, ainda assim, o texto constitucional manterá como princípio essencial a propriedade socialista de todo o povo sobre os meios fundamentais de produção. Que o aniversário de 60 anos da revolução, que demonstrou ser possível lutar por uma sociedade justa, solidária e igualitária, reascenda em Cuba e no mundo o fogo necessário para a luta pela construção de uma nova sociedade.


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