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Professores paulistas realizam assembleia combativa e tiram greve para o próximo dia 26

Na última sexta-feira, 22, as Centrais Sindicais organizaram o Ato Nacional de Luta contra a Reforma da Previdência, que ocorreu em todas as capitais brasileiras. Em São Paulo, a concentração se deu na Av. Paulista, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP). Algumas categorias de servidores (professores, trabalhadores da Saúde e do Judiciário) realizaram assembleias antes do Ato e, depois, se uniram ao movimento das Centrais. No caso dos professores da rede estadual de São Paulo, a assembleia ocorreu na região da Praça da República e contou com a presença massiva da categoria, que aprovou a organização de uma greve a partir de 26 de abril para lutar contra a Reforma da Previdência.
 
Em sua primeira assembleia do ano, os professores da maior rede estadual de ensino do País lotaram as ruas de maneira nunca vista em períodos sem greve. Essa foi uma importante amostra da revolta contra a precarização das relações de trabalho, contra a destruição da Educação Pública e, principalmente, contra a ameaça de aprovação da Reforma da Previdência, que irá afetar duramente a categoria docente, em especial as mulheres, maioria do professorado.

Um levantamento feito pelo Sindicato dos professores paulistas, Apeoesp, calculou que cerca de 70% das escolas de São Paulo  paralisaram suas atividades e caravanas de todas as regiões do estado foram organizadas para participar da assembleia. Dezenas de milhares de professores ocuparam a Av Ipiranga, em frente à Praça da República, que ficou pequena para a assembleia. A rejeição à Reforma da Previdência e ao governo de Jair Bolsonaro, cujos integrantes não se cansam de desqualificar os professores, deram a tônica do ato e mostraram a disposição de luta dos docentes para barrar esse ataque violento contra o direito a se aposentar e a ter uma aposentadoria digna. Após a assembleia, os professores ocuparam as ruas da capital em passeata até a Av. Paulista, onde se uniram ao Ato das Centrais.


Trabalhadores superarão os entraves da burocracia sindical


Desde 2017, as forças políticas que atuam, direta ou indiretamente, na diretoria da Apeoesp têm agido para evitar a organização da luta efetiva da categoria, que é a greve e as manifestações nas ruas. Isto porque a mobilização politiza as relações e desnuda o caráter oportunista dos dirigentes, quando estes se limitam apenas a criar ilusões nas eleições e na Justiça burguesas. A experiência tem mostrado que estes mecanismos, isolados da luta dos trabalhadores, só trazem derrotas diante das crises econômicas criadas pela classe dominante.

Não podemos esquecer que no dia 15 de março de 2017, uma grande assembleia foi realizada no vão do MASP, contando com a participação de setores combativos dos professores que estavam dispostos a seguir em greve após três dias de paralisação. Tal movimento havia sido convocado nacionalmente pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e contou com a adesão de 80% das escolas. A diretoria do Sindicato manobrou a assembleia com discursos e propostas confusos e fez aprovar um calendário fictício, que pôs fim a qualquer mobilização verdadeira desde então. Com falas vazias sobre a “impossibilidade” de se levar a mobilização adiante, os burocratas de todas as correntes que atuam na direção da Apeoesp (PT, PCdoB, PSTU e PSOL), com apoio do PCO, contiveram a greve para preservar seus planos diante das eleições sindicais que ocorreriam naquele ano e das eleições gerais do País, de 2018.
 
Agora, em 2019, a burocracia tenta repetir os velhos “truques”. Foi o caso da reunião do Conselho de Representantes da Apeoesp, que antecedeu a assembleia do dia 22. Durante a atividade, o que mais se viu, por parte da burocracia, foram os discursos contrários ao início urgente da greve e a defesa de um calendário tardio. A unanimidade das falas desse setor contra a greve imediata demonstrou o acordo entre as correntes políticas que fazem parte da diretoria. O objetivo era evitar que, na rua, surgisse uma proposta combativa, de enfrentamento direto aos ataques, pois era certo que a greve seria aprovada pela maioria dos professores presentes, como de fato o foi. O destaque para essa manobra deve ser dado ao PCO, por meio da sua corrente “Educadores em Luta”. Apesar de se autointitular “oposição de verdade à diretoria da Apeoesp”, o PCO participou do acordo para evitar a greve, chegando a propor, na reunião de Conselheiros, apenas o “estado de greve”. Trata-se de uma palavra de ordem capituladora, que finge ignorar que greve se constrói na própria greve, quando a parte mobilizada se organiza para os comandos e a luta ganha destaque.

As manobras burocráticas não puderam ignorar o fato de que a categoria atendeu rapidamente ao chamado pra manifestação e comprovou sua disposição para lutar. Por isso, foi preciso aprovar a próxima assembleia com indicativo de greve. A base material de tal decisão está no fato de que as reivindicações dos professores foram agravadas pelo aprofundamento dos efeitos do arrocho salarial, das medidas aprovadas no governo Temer e pelo aprofundamento dos ataques já demonstrados pelo atual governo. Na pauta de reivindicações estão, entre outras coisas, a exigência de um reajuste imediato de 14,54%, o fim do fechamento de salas, a redução do número de alunos por sala e a revogação da Reforma do Ensino Médio.

O ato do dia 22 provou que a necessidade de dar uma resposta organizada e nas ruas começa a tomar conta do espírito dos trabalhadores. Depoimentos de professores ativistas de todas as regiões do estado deixaram claro que nunca foi tão fácil convencer os colegas da inevitabilidade da greve como única arma de resistência, afinal, além de todos os problemas advindos da destruição dos serviços públicos, a Reforma da Previdência ameaça a própria sobrevivência de uma categoria cada vez mais desvalorizada e oprimida.

Conforme avança a consciência dos trabalhadores sobre a necessidade de lutar, aumenta a sua pressão sobre as burocracias sindicais que serão obrigadas a acompanhar a revolta das massas, sob pena de serem superadas por elas.

Os sindicatos são fundamentais no atual estágio da luta dos trabalhadores e, por isso, estão sendo fortemente atacados pelo governo Bolsonaro. Cabe aos trabalhadores proteger suas organizações, exigindo respostas efetivas de seus dirigentes e fortalecer o trabalho de base. É preciso fazer o debate nas escolas, promover encontros onde se discutam os ataques, ampliar os canais de comunicação com a comunidade escolar e com toda a população que tem direito à educação pública de qualidade e, no caso dos professores paulistas, ganhar apoio para a greve que iniciará no próximo dia 26 de abril.
 
Greve Nacional da Educação, por tempo indeterminado!
Greve Geral contra a Reforma da Previdência e todos os ataques contra os trabalhadores!


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