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PDT é direita e Tábata Amaral é a representante da Fundação Lemann no Congresso Nacional

A esquerda não pode reivindicar pra si o discurso tecnocrático que afundará a Educação pública. Esse poderia ser o primeiro ponto de análise para a grande repercussão da falsa polêmica protagonizada pela deputada do PDT, Tábata Amaral, que durante uma audiência na Câmara dos Deputados discursou contra a incompetência de Vélez na gestão do Ministério da Educação. Isso se o PDT fosse um partido de esquerda e se Tábata discursasse em favor da Educação Pública.
 
O destaque dado pela grande imprensa às críticas de Tábata e às crises do MEC, está ligado à pressão dos grupos econômicos interessados no desenvolvimento da pauta neoliberal do governo, jamais nos interesses democráticos da população. O discurso da deputada paulista, representante da Fundação Lemann no Congresso Nacional, sugeriu pressa e eficiência do MEC na aplicação dos ajustes necessários para a implantação de métricas neoliberais que, ao fim, levaria à privatização da Educação Pública. Ou seja, um discurso da direita.

O problema é que o prestígio que Tábata ganhou ao pressionar Vélez trouxe à tona a confusão entre esquerdistas que apostam na crise do governo sem se preocuparem com o que está por detrás das narrativas. De acordo com essa “esquerda” e suas pautas identitárias, também meticulosamente inseridas no pensamento sociológico acadêmico pela direita, o discurso de Amaral mereceria apoio por ela ser mulher, oriunda das periferias e ter colocado o ministro colecionador de tropeços em saia justa. Essa argumentação, que coloca os interesses de indivíduos pertencentes a grupos oprimidos acima dos interesses da classe trabalhadora com um todo, tem por resultado óbvio o aumento da opressão contra esses grupos, uma vez que camufla as políticas de exploração e legitima os ataques quando são feitos nos moldes da “democracia” burguesa.

Exemplo claro dessa confusão criada artificialmente para desqualificar a esquerda operária é a matéria publicada pelo site The Intercept, em que as colunistas Rosana Pinheiro-Machado e Tatiana Roque elogiam “o bom trabalho feito pela deputada naquela audiência” como “um passo na construção de potenciais alianças”. Para elas, e para boa parte da esquerda pequeno burguesa, é preciso “recompor um campo progressista” no parlamento, “que possa barrar retrocessos, ao mesmo tempo em que constrói bases para uma renovação política já nas próximas eleições municipais”. Ao ignorar a trajetória que levou Tábata ao poder, as colunistas defendem articulação política no parlamento da mesma forma que os partidos degenerados defendem barganha de princípios, sempre em nome de uma suposta governabilidade. A matéria acusa a esquerda de perder a disputa narrativa com as bases populares ao ignorar a “pluralidade de ideias e a transversalidade das pautas de direitos.” Para as autoras, então, as bases populares devem ser enganadas por discursos bem articulados, feitos por pessoas elevadas ao poder político pelos grandes grupos econômicos, inimigos do povo, como é o caso de Tábata, apenas pelo fato dela ser mulher e ter nascido na periferia.

A trajetória da deputada permite entender que seu discurso não está ao lado da democracia, contra o autoritarismo da era Bolsonaro. O professor Luis Felipe Miguel, da UNB disse, em redes sociais que no embate com o ministro, Tábata não verbalizou nenhum compromisso com um projeto de educação pública ou emancipadora. Disse apenas que “faltavam "metas".  E de metas ela entende bem.

Tábata é fruto dos programas empresariais de cooptação de talentos e já foi entusiasta defensora do homeschooling na Câmara. Garota propaganda da Fundação Lemann, a menina que saiu da periferia de São Paulo não tem absolutamente nada a ver com os interesses da população das periferias que necessita da escola pública. A atual deputada estudou em Harvard, financiada pela Fundação Lemann e é co-fundadora de projetos privatizantes, com prêmios do Jornal O Globo e de entidades como a McKinsey, uma das financiadoras de políticas de privatização e destruição da Educação pública nos Estados Unidos e no mundo.

A matéria do The Intercept Brasil, seguindo a linha da esquerda pequeno burguesa que visa alianças para as eleições de 2020 (em especial PT, PDT e PSOL), faz coro com a imprensa corporativa de direita, como no caso da Folha de S. Paulo, onde Mathias Alencastro afirma que Tábata Amaral deu o exemplo de como se deve agir com o governo, ao contrário do que “os primitivos esquerdistas” fazem, utilizando bravatas e digressões. Ainda de acordo com o professor Luis Felipe, “Amaral tornou-se o modelo para ataques contra a esquerda: o modelo de ‘como a esquerda deve se comportar’ (que em geral tem como preceito principal deixar de ser esquerda).”


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