• Entrar
logo

Vale do Silício: entendendo processo de exploração capitalista, trabalhadores buscam formar sindicato

Desafiando seus “senhores”, os trabalhadores de tecnologia do Vale do Silício estão se organizando e exigindo democracia no local de trabalho. Em meados de março, os funcionários da Kickstarter, uma plataforma de crowdfunding, anunciaram seus planos de sindicalização. Esses esforços estão em andamento e, se bem-sucedidos, resultará no primeiro sindicato de funcionários de engenheiros de software, analistas de dados e programadores (denominados “colarinho branco”) de uma grande empresa de tecnologia. 

A campanha dos trabalhadores da Kickstarter não é a primeira tentativa. Em 2018, engenheiros de software da startup Lanetix anunciaram sua intenção de sindicalizar e foram prontamente demitidos pela gerência. Todavia, como a demissão de funcionários por tentativa de se sindicalizar é ilegal, o Conselho Nacional de Relações Trabalhistas interveio e determinou à Lanetix que pagasse aos 15 engenheiros demitidos um total de US$ 775.000 em indenizações. A demonstração de poder do trabalhador na Lanetix abriu caminho para os trabalhadores da Kickstarter. 

Da mesma forma, os trabalhadores da indústria de videogames – que geralmente estão entre os mais sobrecarregados e mal pagos da indústria de tecnologia – têm dado passos rumo à sindicalização. O Game Workers Unite está construindo um movimento de base para organizar as fileiras de fabricantes de videogames. 

Isso sugere que, nos últimos anos, um movimento pequeno, mas visível, para a sindicalização dos engenheiros de software vem ganhando força no Vale, sugerindo que as pessoas que compõem a indústria de tecnologia, outrora um bastião do liberalismo, estão começando a entender as maneiras (muitas vezes sutis) de como seus empregadores os exploram.

Durante décadas, o liberalismo foi parte integrante da indústria de tecnologia. Apesar de uma cultura de trabalho exaustiva e do escândalo de conluio de alto nível entre as grandes corporações de tecnologia para suprimir os salários dos engenheiros de software, os trabalhadores de tecnologia eram mais propensos a se ver como “futuros fundadores” do que como uma classe inferior explorada. Esse ponto de vista é encorajado pelos empregadores por meio de uma “cooptação”, onde os trabalhadores, num primeiro momento, recebem o pagamento de altos salários e generosas, muitas vezes absurdas, regalias de escritório. Entretanto, desenvolvimentos recentes sugerem que tais táticas cativantes não estão mais funcionando. 

A indústria de tecnologia certamente não é estranha aos sindicatos. Muitos dos trabalhadores de empresas como a Verizon e a AT&T são sindicalizados. Da mesma forma, os jornalistas digitais estão rapidamente se sindicalizando. No entanto, o esforço para organizar os mais bem-sucedidos trabalhadores da tecnologia, como engenheiros de software e analistas de dados, é novo – e é por isso que o esforço sindical da Kickstarter pode ser tão histórico. 

As pessoas que trabalham na indústria de tecnologia falaram de um movimento operário florescente e de uma maré concorrente de socialistas democráticos dentro de suas fileiras. Em matéria publicada no site Salon, o designer de produtos em San Francisco, Darby Thomas, questionou o tempo de duração das “regalias”: "Estou sendo bem recompensado agora, mas quanto tempo isso vai durar?” . "Tenho a sensação de que estou mais perto da condição de sem teto do que de uma liquidação de um prêmio máximo", complementou Thomas.

Fonte:http://www.sindados-mg.org.br/noticias/1334-vale-do-silicio-entendendo-processo-de-exploracao-capitalista-trabalhadores-buscam-formar-sindicato


Topo