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Servidores do Paraná em greve ocupam Assembleia Legislativa

Em greve desde o dia 25 de junho, os servidores estaduais do Paraná realizaram nesta terça-feira, 9 de julho, uma segunda manifestação, ainda maior do que a primeira, ocorrida no dia 1 de julho. Funcionários da educação básica e superior, saúde, meio ambiente, agricultura e segurança pública exigem do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) o pagamento da reposição salarial. A data-base das categorias venceu no dia 1º de maio, com inflação de 4,94% apurada no período. Os salários dos servidores estão congelados desde 2016.

O Governador Ratinho Jr. fez uma primeira proposta de reajuste de 5,09% parcelado até 2022, iniciando com 0,5% a partir de outubro de 2019; depois aumentou a oferta para iniciar com 2%, mas apenas a partir de janeiro de 2020. As duas propostas foram recusadas pelos servidores e inflaram a greve que ganhou a adesão de mais categorias e trabalhadores fortalecendo o movimento.

Os servidores da Educação reivindicam também a demissão do empresário Renato Feder da Secretaria da Educação, que quer implementar a reforma empresarial nas escolas paranaenses, a exemplo do que já vem ocorrendo em São Paulo, Goiás e Pernambuco. Outra palavra de ordem levada às ruas é a luta contra a Reforma da Previdência de Jair Bolsonaro.

 

Ocupar e resistir

 

Os manifestantes caminharam pelo centro de Curitiba até o Centro Cívico para assistirem à sessão plenária na Alep, onde ocorreriam discussões relacionadas às pautas da greve. Com as galerias lotadas, muitos assistiam a sessão pelo lado de fora quando o discurso do deputado Missionário Ricardo Arruda (PSL), contrário às manifestações, inflamou os trabalhadores, que passaram a ocupar as demais galerias do Plenário.
 
Miranda, como um bom bolsonarista, usou a tribuna para mentir e rebater os argumentos dos servidores, afirmando que os salários do funcionalismo público aumentaram acima da inflação. Aos gritos de "ocupar e resistir", “Sem a data-base aprovada ninguém sai” e “Fora Feder”, os funcionários públicos lotaram a galeria do plenário da Casa e permanecem no local até o fechamento desta matéria.

 

Governo acuado, lideranças sindicais pressionadas

 

Vale lembrar que, durante o governo de Beto Richa, PSDB, a bancada do atual governador deu amplo apoio a todos os ataques contra os servidores paranaenses, cujo ápice foi o massacre ao professores que lutavam contra o confisco de R$ 8 bilhões da ParanáPrevidência, em abril de 2015, no Centro Cívico.

Diante da pressão dos grevistas, o governo recuou e pediu para que o regime de urgência fosse retirado sobre o projeto que previa um reajuste total de 5,09% parcelado até 2022.  A proposta voltará a ser debatida em agosto. Ratinho Jr. alega não ter dinheiro e que a reposição salarial irá “quebrar” o estado. Porém, como acontece em todos os estados, os governantes querem que os servidores se sacrifiquem enquanto mantém as isenções fiscais e o perdão das dívidas dos grandes empresários e ruralistas.

Por sua vez, as lideranças sindicais que optaram por não fazer a luta política contra todos os ataques promovidos pela direita que assumiu o poder no Brasil desde 2016, e que, até na tarde de hoje, discursavam que a greve era somente uma questão corporativa que se resolveria com negociações com o governo, perderam o controle das suas bases diante da grande adesão ao movimento, que resultou na ocupação da Alep. A atitude dos servidores paranaenses mostrou o caminho da resistência contra os planos de destruição dos serviços públicos e de exploração dos trabalhadores, que só pode se dar através da luta nas ruas, em greves e com ocupações.

Nenhuma luta isolada poderá ser vitoriosa neste momento de intensa crise do capital. O pacote de maldades de Ratinho Jr. não se resume à questão salarial, há inúmeros direitos ameaçados em função da Emenda Constitucional (EC) nº 95, aprovada em 2016, que instituiu um novo regime fiscal congelando as despesas primárias, reduzindo-as em relação ao PIB ou em termos per capita por 20 anos. A EC exigirá que os entes federados cortem drasticamente os gastos com serviços públicos até 2026 e seus efeitos já estão sendo demonstrados nas políticas dos governantes eleitos no ano passado. Somam-se a isso a lei da terceirização irrestrita, a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência e está completo o cenário para a retirada de todos os direitos conquistados em anos de luta pelos trabalhadores.

A luta pontual e corporativa nesse momento será inócua, a não ser que desencadeie a revolta geral dos trabalhadores, levando-os à compreensão de que somente a unidade os fará sair da disputa pela manutenção das migalhas provenientes do capitalismo e avançar na melhoria das condições de trabalho e de vida.

 


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