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Repressão no Sinteam

Na tarde do dia 23 de julho, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) deixou claro, novamente, a realidade do estado de exceção em que se encontra o Brasil sob o governo Bolsonaro. Preparando-se para a chegada do presidente à capital do Amazonas, Manaus, líderes sindicais se reuniram na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Amazonas (Sinteam) para discutir sobre as manifestações em repúdio ao presidente das milícias. O coordenador do Frente Brasil Popular na Amazônia, Yan Evannovick, e a presidente do sindicato, Ana Cristina Rodrigues, estavam entre os presentes na reunião.

A reunião foi, logo no início, invadida por três policiais da PRF, que disseram estar sob ordem do Exército Brasileiro. Armados com dois fuzis e um revólver, mas sequer com um mandato, eles foram ao local “perguntar o que estava sendo planejado para quinta-feira (25/07, dia da chegada do presidente)”. A falta de um mandado e o fato de todos os policiais estarem armados deixa clara a intenção de intimidação política contra a oposição à Bolsonaro.

O secretário do sindicato, Cléber Ferreira, com mais de 20 anos em movimentos sociais e atuação sindical, disse que jamais havia passado por situação semelhante. “Nos estranha muito essa atitude, porque é a primeira vez desde a redemocratização que recebemos uma visita de forças federais para saber como seria uma manifestação. É algo muito atípico” disse. Perguntado sobre o ocorrido, o Comando Militar da Amazônia (CMA) negou qualquer envolvimento na ação, pois as suas diferentes unidades não possuem autoridade umas sobre as outras. Ou seja, membros da PRF, que respondem em último nível, a Sérgio Moro, invadiram e intimidaram membros sindicais que buscavam exercer o direito de se manifestar contra um político.

O estado do Amazonas é governado por Wilson Lima (PSC), que declarou apoio à eleição de Bolsonaro no 2º turno. Na semana passada, ele aprovou o congelamento de salários de funcionários públicos até 2021. O Sinteam tem sido uma força de mobilização contra as medidas neoliberais de Lima, que seguem a política nacional de corte de gastos nos serviços públicos.  A invasão do sindicato está diretamente relacionada à ampliação da censura e perseguição ao todos os que se opuserem às medidas do governo.Bolsonaro teima em negar a crescente impopularidade de seu desgoverno, cuja consequência será a destruição social do Brasil. Para isso, ele necessita calar as vozes dissonantes.  Recentemente, o presidente negou dados do Inpe sobre o aumento de quase 90% na taxa de desmatamento da Amazônia, dizendo que estas informações prejudicam a economia do Brasil e exigiu que os dados fossem mostrados a ele antes de serem divulgados.

A mesma atitude foi demonstrada em relação aos dados do IBGE, da Fundação Oswaldo Cruz e sobre a produção da Ancine. O nome disso é censura. Diante da intimidação de sindicalistas por membros da PRF do Amazonas podemos entender que é apenas uma questão de tempo para se iniciarem prisões arbitrárias ou se decretar a ilegalidade de se manifestar contrário ao governo. Repressão e censura tendem a aumentar conforme o governo avança nos ataques contra os trabalhadores pois a criminalização dos movimentos sociais e sindicais visa enfraquecer os instrumentos de luta da classe trabalhadora para que ela não tenha condições de reação e de organização.


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