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Em Londrina, famílias são despejadas do acampamento Quilombo dos Palmares

Na manhã desta terça-feira (30), a Policia Militar do Paraná realizou a ação de reintegração de posse no acampamento Quilombo dos Palmares, situado em uma fazenda ocupada desde 2015 por famílias do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no distrito de Lerroville, zona rural de Londrina. A área de 86 alqueires, segundo os ocupantes, pertence a parentes do ex-deputado federal José Janene (PP), falecido em 2010. Conforme informa o MST, o acampamento estava com um mandado de reintegração despachado em outubro de 2018.

Os deputados Arilson Chiorato (PT) e Professor Lemos (PT) estiveram em Londrina para tentar negociar com a PM para que os barracos não fossem derrubados. Segundo reportagem de jornal local, Chiorato conta que há um comitê formado por parlamentares e agentes do Executivo para discutir ações de encaminhamento para pessoas em áreas ocupadas no Paraná. “Nossa conversa é para que fosse feita essa previsão antes da desocupação. O que não estamos contentes é com a forma rápida como está sendo executada a retirada das família”, diz.

Mas rapidez é o que não falta quando o assunto é destruir a vida dos trabalhadores para favorecer as elites econômicas. Na entrada do acampamento, nesta terça-feira, foi estacionada uma pá carregadeira e os barracos começaram a ser desmontados pelos acampados, sob acompanhamento da PM.

 

História da Ocupação

 

Os 200 hectares de terra da fazenda Marília estão bloqueados na Justiça Federal por fazer parte de escândalos de corrupção. A fazenda está registrada em nome de Stel Fernanda, viúva de Janene. Vale lembrar que o ex-deputado foi acusado de receber uma mesada de 30 mil mês quando deputado pelo PP, e que, junto a outros acordos, adquiriu em 2003 a área avaliada em 1,6 milhões de reais.

Em novembro de 2015, cerca de 320 famílias organizadas pelo MST ocuparam estas terras, fruto da corrupção, e decidiram destiná-las à reforma agrária.
O MST também informa que o acampamento foi batizado de Quilombo dos Palmares para trazer em seu nome a cultura e a luta dos negros pela liberdade e se transformou num espaço de culturas, etnias, produções, debates e conhecimento. Na área existe produção de alimentos para o auto sustento e também para gerar renda através da comercialização dos excedentes em feiras e mercados do município.

As famílias cultivam com as suas próprias sementes, preservadas e multiplicadas a cada ano. Plantam arroz, feijão, mandioca, batata, milho, alho, hortaliças, dentre outras culturas. Também são criados porcos, galinhas, bovinos, equinos e etc, além de plantas medicinais e fábrica de xaropes, tinturas e outras formas terapêuticas. As crianças, jovens, adultos e idosos que viviam no acampamento estudavam no Assentamento Eli Vive, a 3 quilômetros de distância.

 

Sem terra e sem emprego, população é jogada na miséria pelo poder público

 

Marlo Alves de Lima era morador do Acampamento Quilombo dos Palmares desde julho 2015. Enquanto desmontava seu barraco, disse à reportagem local que a opção de ingressar no MST foi para livrar-se da miséria decorrente do desemprego: “E os salários não dão para pagar aluguel, água, luz, manter os filhos na escola”. Para Lima, a reforma agrária poderia resolver parte dos problemas do Brasil e o MST devia ser visto de outra forma. “Aqui tem regras e quem não respeita, é obrigado a sair. Só ficam os que estão interessados na terra”, garante.

Os movimentos sociais de luta pela terra e pela Reforma Agrária defendem não apenas o direito à terra, mas a viabilidade econômica, cultural, social e política das formas de vida das populações camponesas, indígenas, quilombolas, entre outras.

A população trabalhadora rural, com destaque para sem-terra, índios e quilombolas, está na linha de frente dos ataques promovidos pelo governo de Jair Bolsonaro, serviçal do capitalismo monopolista. O aumento desses ataques vai provocar o acirramento da luta de classes. Os trabalhadores da cidade e do campo precisam unificar as lutas para se defenderem de todas as investidas contra seus direitos e sua vida. 


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