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Balanço XXVI Congresso Estadual da APEOESP

Entre os dias 7 e 9 de fevereiro deste ano ocorreu, na cidade de Serra Negra/SP, o XXVI Congresso Estadual do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo – APEOESP. O evento, que deveria ter acontecido em dezembro do ano passado, foi adiado devido à luta dos professores contra os projetos de Lei da Reforma da Previdência do governador João Dória (PSDB), em tramitação na Assembleia Legislativa no final do ano.

A cada dois anos, cerca de dois mil professores, de todas as regiões do estado, participam deste importante momento de organização da luta sindical. Em meio às mobilizações contra a Reforma da Previdência estadual, cujo ativismo da Apeoesp foi fundamental para barrar as intenções dos deputados da base governista de votar a proposta ainda em 2019, o Congresso da Apeoesp deste ano teve como eixo esta e outras lutas emergenciais da categoria pela garantia de Educação Pública de qualidade.

Realizado em uma conjuntura de crise econômica, social e política do mundo, que no Brasil elevou ao poder a extrema-direita, nas figuras de Jair Bolsonaro (sem partido) e seu apoiador João Dória, o Congresso foi, como de fato deve ser, palco de intensos debates e disputas políticas.

O campo majoritário, formado pela Articulação Sindical e CSD (Cut Socialista e Democrática), que há mais de 30 anos controla a entidade, impôs sua tese como guia para os debates. Como ocorre no conjunto das direções dos trabalhadores, tal tese direcionou a luta para as saídas institucionais, restritas ao campo eleitoral e à judicialização. Por outro lado, as oposições, formadas por um amálgama de correntes das quais participam membros da atual diretoria, coordenadores de subsedes regionais etc., utilizaram a tribuna do Congresso para acirrar a disputa por espaço na burocracia sindical, tendo em vista as eleições sindicais que ocorrerão neste ano. Tal disputa prejudicou a possibilidade de se tirar do Congresso um claro e objetivo plano de lutas para a construção da Greve Geral por tempo indeterminado. A discussão da “Política Sindical” foi feita no último momento do evento, com delegados cansados e dispersos.

Os trabalhadores estão aprendendo com a crise que o reformismo dos governos de Frente Popular nunca foi ditado pelos seus interesses, mas pelos da burguesia. Nesse sentido, os movimentos de esquerda estão obrigados a atentar para a organização da luta a partir da experiência da classe trabalhadora que, atacada incessantemente em suas condições de trabalho e de vida, começa a entender que a conciliação de classes é inviável na atual conjuntura, uma vez que a burguesia está disposta a retirar até as migalhas que cedeu nos governos de frente popular.

Os sindicatos são, no momento, o espaço por excelência de organização da luta dos trabalhadores, e a política de contenção desta reação deverá ser superada pelas bases que exigirão de suas lideranças um posicionamento classista para enfrentar, definitivamente, os ataques da extrema-direita no poder.

Inevitavelmente, a nova correlação de forças entre trabalhadores e burguesia, imposta pela crise econômica, aprofundará a crise das direções de luta. Porém, embora o Congresso do maior sindicato de servidores do País ainda tenha sido contido pelos interesses materiais da burocracia que controla todos os seus espaços, está claro que no próximo período haverá uma crescente busca pela unidade das forças de esquerda, contra o fascismo e contra os planos de austeridade impostos aos trabalhadores.

Os delegados da Corrente Sindical Nacional – LPS – representantes da tese 16, defenderam, nas tribunas do Congresso, que a Greve Geral da Educação, em 18 de março, chamada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), se transforme em uma mobilização verdadeira, por tempo indeterminado, com a combatividade que o momento necessita. Caberá aos militantes que atuam junto às bases exigir que a unidade das forças de esquerda que atuam no Sindicato saia dos discursos e faça a Apeoesp tomar a liderança da luta, com propostas concretas para levar os professores a defender suas reivindicações urgentes, unificados com todos os trabalhadores afetados pela política de desmonte dos serviços públicos e das estatais.


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