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Sucesso na live virtual com organizações da América Latina

A live internacional realizada no Facebook, na sexta-feira, 10 de abril, "América Latina em tempos de pandemia, crise e rebelião", despertou a atenção de um amplo público no continente. Após centenas de comentários, saudações e perguntas ao vivo, o vídeo acumulou mais de dez mil visualizações nas primeiras 24 horas online.

Foi uma iniciativa comum das organizações que assinaram um documento sobre o impacto da pandemia e da crise mundial na América Latina, enquanto as rebeliões populares do ano passado ainda estão vivas.

A transmissão reuniu Sebastián Pezo, da Força 18 de outubro, Chile; Felipe Malacco, companheiro brasileiro da LPS (Luta Pelo Socialismo); César Zelada, do Peru, do grupo Vilcapaza; e Rafael Santos, pelo Partido Obrero, Argentina. Pablo Giachello, também do Partido Obrero, oficiou como coordenador da reunião.

 

Trabalhadores latino-americanos diante da pandemia

 

Na abertura, Rafael Santos denunciou que os capitalistas pressionam o governo a suspender a quarentena, além de extorquir dinheiro dos trabalhadores com salários reduzidos e demissões.

Ele também criticou a falsa proibição de demissão do governo argentino, que validava a demissão em grupos econômicos como a Techint e permitia cortes salariais. Santos repudiou o destacamento do exército e o obscurantismo das igrejas, que costumavam conter descontentamento popular e a repressão de trabalhadores, como o que ocorreu no frigorífico Penta, na zona sul.

Com relação à situação no Peru, César Zelada comentou que, embora a quarentena tenha sido iniciada precocemente, sua aplicação parcial, apoiando atividades em setores não essenciais da economia, como mineração e fabricação de cerveja, levou a uma catástrofe na saúde com mais de seis mil infectados e centenas de mortos. Este é um forte aviso para os trabalhadores argentinos contra a "quarentena sob demanda" anunciada por Alberto Fernández.

Por sua parte, Felipe Malacco, da LPS do Brasil, criticou duramente Bolsonaro, que considerou a pandemia como um "resfriadinho". No entanto, ele descartou categoricamente que qualquer mudança promovida pelo setor mais intimamente ligada às forças armadas acarreta alguma melhoria para os trabalhadores. Ele também se referiu à seu estado, Minas Gerais, onde o governo não está pagando salários de professores e ameaça remover a assistência social. Ele também alertou sobre a situação nas favelas, cuja crise sanitária e habitacional está se replicando nos assentamentos precários da Argentina e em todo o continente.

Sebastián Pezo, da Força de 18 de outubro, destacou que, embora a burocracia da CUT (ligada ao Partido Comunista) permita que as demissões passem, a raiva de baixo cresce: está em agenda um congresso nacional das assembléias e o movimento trabalhista combativo, impulsionado pela coordenação da região metropolitana de Santiago. Lá, os camaradas da força de 18 de outubro iniciarão novamente a greve geral e o “fora Piñera”.

 

Conferência Latino-Americana: mais urgente do que nunca

 

O companheiro brasileiro ressaltou que a crise atual ocorreu sem o capitalismo ter se recuperado da crise de 2008. É a mesma falência. Isso nos permite entender o surgimento de governos de direita, como o de Trump nos Estados Unidos ou o de Boris Johnson no Reino Unido, que aumentam a pressão imperialista. Rafael Santos acrescentou que há um reforço das tendências bonapartistas, e recusou a colocar expectativas em mudanças através da rota parlamentar.

Um comentário do público perguntou: é a crise mais importante da história? Os participantes do painel responderam que "ameaça ser". Eles se baseavam nos alarmantes números de desemprego (atuais e projetados), na tendência para a depressão global e no aumento das tendências de guerra.

É indispensável uma forte ação continental da frente única contra a destruição de salários, conquistas dos trabalhadores e contra os efeitos da crise sobre os trabalhadores; contra a renovada interferência imperialista, como o destacamento militar ianque nas costas venezuelanas e a continuação do bloqueio contra Cuba, repudiado durante a transmissão;  e contra a crise da saúde, que coloca milhões de trabalhadores em risco de vida.

As organizações que participaram da live, atestando sua tenacidade em realizar a luta de classes em seus respectivos países - mesmo no complexo contexto de pandemia e quarentena - aceitaram esse desafio.

 


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