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Situação dos profissionais de saúde no Brasil

Um levantamento feito pela Internacional de Serviços Públicos (ISP) mostrou que está chegando a 35 mil o número de profissionais da saúde infectados pelo novo coronavírus. A falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e a ausência de um bom treinamento para enfrentar o surto são as principais causas do elevado número de contágio. Além disso, 56% das mulheres e 44% dos homens trabalhadores do sistema de saúde brasileiro estão sofrendo com algum tipo de trauma ou distúrbio em virtude do enfrentamento à pandemia do Covid-19. 

O estudo mostra que mesmo com a evolução da doença no Brasil, as condições de trabalho e proteção dos trabalhadores da saúde não têm melhorado. A nova pesquisa mostra que 65% dos profissionais que participaram de outras pesquisas sobre o tema, continuam afirmando que não há EPIs suficientes para a devida troca e higienização. Outros 69% dos profissionais da saúde dizem que não tiveram treinamento adequado sobre os protocolos de atendimento à população, assim como de uso dos equipamentos.

Também chamam a atenção as jornadas exaustivas destes profissionais. Ainda segundo o estudo da ISP, um terço dos profissionais tem tido jornadas de 12 horas ou mais nas últimas semanas e 21% têm utilizado transporte público para ir ao trabalho – ou seja, ainda correm risco de contaminação no deslocamento. Além disso, mesmo com os profissionais de alguns estados ganhando alojamentos e áreas de isolamentos aonde podem ficar, 71% não estão recebendo propostas de hospedagem, são justamente aqueles que não podem retornar às suas casas para não contagiarem familiares que sejam dos grupos de risco.

Temos ainda a violência sofrida pelos profissionais da saúde (xingamentos, agressões físicas, ameaças etc.), com destaque para os técnicos de enfermagem, que por fazerem o contato inicial com os pacientes e familiares, são os primeiros a serem atacados. Isso porque a população, muito pela falta de informação, culpam os trabalhadores pela falta de pessoal e de equipamentos necessários (falta de leitos, medicamentos, respiradores, máscaras).

Com quase nada de estrutura, salários defasados, esses trabalhadores estão fazendo verdadeiros milagres no nosso País. A valorização destes profissionais e, principalmente, a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) é imprescindível, pois sem eles a situação da pandemia estaria mais do que critica. No caso do Brasil, que enfrenta o descaso com a pandemia por parte do Governo Federal, que inclusive perpetra cortes orçamentários na saúde, a existência do SUS, por mais sucateado que esteja (reflexo de uma política proposital), é o que garante a sobrevivência de milhares de pessoas. Sem o Sistema Único de Saúde, o Brasil estaria numa situação ainda pior. 

Sabemos que apenas um combate sério, com medidas efetivas, ágeis, garantindo o direito da população ao isolamento, será capaz de “enfrentar” a pandemia. Contudo, o que vemos do governo Bolsonaro é justamente o oposto – fim do isolamento, demissões durante pandemia, redução de valores do auxílio emergencial etc. Os profissionais da saúde merecem todo o nosso respeito, todos os nossos aplausos, mas, principalmente, devem dispor dos materiais de trabalhado, equipamentos de proteção, remuneração adequada, escala de trabalho respeitando o descanso.
 


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