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Temendo pela vida, profissionais da educação pedem recuo da volta às aulas em São Paulo

Na tarde do dia vinte de janeiro, os cinco sindicatos que representam os trabalhadores da educação paulista, realizaram uma reunião onde apresentaram uma contraproposta à prefeitura e ao estado de São Paulo que, de forma irresponsável e precipitada, propõem a volta às aulas presenciais, colocando em risco a vida de professores, funcionários, alunos e toda a sociedade. As entidades representativas sugeriram que a retomada das atividades presenciais ocorra somente após uma melhora considerável da situação da pandemia, o que, segundo especialistas em Saúde, está longe de acontecer. O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), realizou no dia 22 de janeiro em frente a Secretaria da Educação, uma manifestação contra a proposta de retomada das aulas presenciais e a subsede do sindicato em Assis, no interior paulista, tem realizado diariamente manifestações e ações para impedir que até mesmo o Decreto Municipal que mantém atividades escolares suspensas enquanto a cidade estiver na 
Fase Vermelha, seja descumprido, como vem ocorrendo por ordens do fascista que ocupa a Secretaria da Educação, Rossieli Soares.

As entidades dos trabalhadores reconhecem que qualquer retorno às atividades escolares neste momento de crise aguda sanitária e grande crescimento na contaminação pela Covid-19, é um risco para toda a sociedade, uma vez que o colapso do sistema hospitalar é eminente. O contato pessoal diário e a utilização dos transportes públicos faz com que os sindicatos temam pela saúde dos profissionais da educação e alunos, que ainda teriam de permanecer em salas com pouca ventilação e escolas sem as mínimas condições sanitárias para controle de contaminação.

A política hipócrita do governo Dória, que não deu proteção aos trabalhadores para que pudessem respeitar a quarentena e mente sobre as previsões da vacinação massiva, levou o estado de São Paulo a bater recorde de número de novos casos nas últimas semanas, com ocupações de UTIs chegando a 70% em todo estado, em algumas cidades chegaram a 100%. 

De acordo com matéria divulgada pelo Jornal El País, um estudo da Universidade de Granada, na Espanha, mostrou que colocar 20 crianças numa sala de aula acarretará em 808 contatos cruzados em apenas dois dias caso essa criança se relacione somente com os colegas de classe. Uma única pessoa contaminada nesse meio, tem um potencial de transmissão gravíssimo. Já um parecer elaborado pelo professor titular do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Saldiva, a pedido da Apeoesp, mostrou que em ambientes fechados como as salas de aula, a transmissão da Covid-19 é facilitada pela baixa dispersão de aerossol. 

Sem o mínimo de estrutura de proteção nas escolas, inclusive sem funcionários suficientes para a limpeza, o temor dos professores é justificável, como mostra o relatório de fiscalização do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM), que revela que em 2019, quase 26% das escolas municipais não tinham materiais básicos como papel higiênico no banheiro dos estudantes, somente 25% das unidades escolares tinham sabonete líquido, e 30% tinham papel toalha disponível para uso dos alunos. 

É estritamente necessário que os profissionais da educação e estudantes paulistas se coloquem contrários ao retorno das aulas neste momento. O país passa por uma catástrofe gerada pela necropolítica dos governantes bolsonaristas e de seus supostos opositores. O retorno das aulas presenciais levaria a uma piora significativa do cenário de contaminação e mortes pelo Covid-19. É necessário organizar uma greve nacional da educação, em defesa da vida, em que o retorno presencial das aulas só ocorra em cenário de vacinação e imunização para todos.

Os professores do Rio de Janeiro e do Paraná já aprovaram o início da greve em assembleias das categorias. Dia 5/2, é a vez dos professores da rede estadual paulista tomarem o controle da luta contra a política genocida do governo João Dória: todos à Assembleia convocada pela Apeoesp, para defender a greve!
 


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