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Professores paulistas deflagram greve sanitária

Em Assembleia online, realizada na manhã da última sexta-feira, dia 05/02, os professores da rede estadual de São Paulo aprovaram o início da Greve pela Vida, na próxima segunda-feira (8). Chamada de greve sanitária ou ambiental, o movimento se dirige contra a volta às aulas presenciais sem condições de segurança em meio à pandemia de covid-19. A categoria vai manter as atividades remotas. Os trabalhadores da rede municipal de educação da capital paulista farão Assembleia na segunda, para decidirem sobre uma paralisação nos mesmos moldes a partir do dia 10.

De acordo com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), a greve tem como objetivo a preservação da vida dos professores e de outros trabalhadores da educação neste momento em que a pandemia evolui para índices alarmantes e o governo de João Dória (PSDB) insiste na reabertura das escolas, por meio de mascaramento de dados e de argumentos pseudo-científicos sobre a segurança do retorno às aulas. 

A Apeoesp denuncia que houve relatos de 147 casos de covid-19 em 79 escolas da rede estadual nos últimos dias em que os professores foram convocados para atividades presenciais no Planejamento Escolar. Uma convocação absurda, cuja intenção era simplesmente preparar corpos e mentes para aceitar a imposição do retorno, uma vez que as atividades do planejamento puderam ser acompanhada pela plataforma virtual do Governo e por reuniões online da esquipe escolar. 

No período em que as escolas permaneceram fechadas, desde março de 2020, não houve nenhum investimento para melhorar a estrutura física dos prédios escolares de maneira a garantir segurança sanitária. As escolas da rede estadual paulista são insalubres, mesmo em períodos em que não há risco de pandemia: não há conforto ambiental, espaços bem ventilados, iluminados e com qualidade acústica. Muito menos há segurança sanitária. Além do mais, o governo reduziu o já insuficiente número de profissionais de limpeza, imprescindíveis para a manutenção da higienização das escolas. 

Os professores sabem que não haverá possibilidade de manter o distanciamento entre crianças e jovens, medição de temperatura, testagem e EPIs suficientes e adequados para a realização de um trabalho seguro. Até álcool em gel vencido já foi fornecido em algumas escolas, conforme denúncias que chegam ao sindicato.

O secretário da Educação de São Paulo, Rossieli Soares, foi ministro da Educação do governo golpista de Michel Temer e é oriundo do Amazonas, onde atuou como secretário da Educação em laços estreitos com empresários bolsonaristas. À frente da Secretaria da Educação (SEDUC-SP), ele tem se destacado pelo autoritarismo e desrespeito à lei, característicos de todas as suas outras administrações. Mesmo em municípios cujas prefeituras decretaram a suspensão de atividades presenciais, a SEDUC pressionou dirigentes regionais, com cargos de confiança, a obrigarem a ida dos professores às escolas. Esse descumprimento de ato administrativo é previsto como crime no Código Penal brasileiro e desrespeita até mesmo o Decreto Estadual que determina regras para o período da pandemia. Diante do anúncio da Greve, o tirano Rossieli iniciou campanha de ataques ao sindicato e ameaças aos professores.

A Apeoesp informa que vai realizar atos e manifestações para esclarecer a população sobre os motivos da greve de professores. A proposta do sindicato também inclui pressão sobre prefeitos para que estabeleçam decretos municipais e façam a fiscalização para que sejam cumpridos. 

 

Uma greve diferente 

 

A Greve Sanitária é uma novidade para os professores e está gerando muitas dúvidas, afinal o trabalho remoto será mantido. Mas a categoria, que não está disposta a arriscar sua vida e a colaborar com o aumento dos contágios e consequente situação de colapso hospitalar, entende a importância da manutenção do fechamento das escolas, neste momento em que a maior parte dos trabalhadores está desprotegida e obrigada a desrespeitar o isolamento.

A luta dos professores é parte da campanha pela vacinação massiva, uma vez que os planos dos governantes em relação às vacinas estão controlados apenas pelos interesses do mercado. É também uma mola propulsora para alavancar as verdadeiras lutas sociais contra os planos genocidas dos políticos que representam os interesses das grandes corporações imperialistas em detrimento dos interesses do povo. Dória faz propaganda de que é defensor da vida, mas manteve, no estado de São Paulo, a mesma política genocida de descaso com os trabalhadores no enfrentamento à crise da pandemia e aproveitando-se dela para, também, “passar a boiada”, haja vista a demissão de milhares de terceirizados, a suspensão da merenda escolar, o aumento da contribuição previdenciária dos servidores aposentados, o aumento da interferência das Organizações Socias privadas na Saúde e Educação etc.

Somente a luta dos trabalhadores pode barrar o conjunto de políticas que visa destruir os serviços públicos e ampliar a superexploração dos trabalhadores. Mais de 230 mil vidas foram ceifadas por essa política, mas ainda somos milhões dispostos a lutar contra ela. Todos à greve!! 
 


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