A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) de Belo Horizonte informou, neste dia 16, que a cidade registrou o recorde na ocupação de UTIs destinadas para atender pacientes com a Covid-19, atingindo 94,1%, o maior nível desde o início da pandemia. A taxa de lotação da rede privada é de 96,8% e no SUS de 91,5% . Das 723 vagas para receber vítimas graves da infecção, apenas 43 estão disponíveis.
Estão em alerta máximo também os outros dois indicadores que medem o avanço da Covid-19 no município. A ocupação das enfermarias está em 77,5% e a taxa de transmissão do vírus em 1,27, ou seja, cada grupo de 100 infectados transmite o coronavírus para outras 127 pessoas.
No pior momento da pandemia no Brasil, Centros de Terapia Intensiva - CTIs, das redes hospitalares pública e privada estão em colapso em várias regiões do país. Em Belo Horizonte, hospitais estão transformando blocos cirúrgicos em CTI-Covid. Nas UPAS da cidade, pacientes permanecem intubados por mais de 48 horas, sendo que a recomendação é de 6 horas, no máximo. No Serviço de atendimento móvel de urgência - SAMU, os servidores foram obrigados a ampliar a jornada, com redução de 30 minutos em seu horário de almoço. A desinfecção é feita pelos próprios técnicos de Enfermagem, apenas com álcool a 70%. Nos centros de saúde, sem estrutura, chegam pacientes graves e os funcionários, sem experiência técnica e sem condições adequadas de trabalho, acabam sendo o alvo de agressões da população desesperada, o que complica ainda mais a situação.
Ampliar leitos improvisados não vai resolver a crise sanitária neste momento em que os números são alarmantes, com média recorde de mais de 2 mil mortes diárias. A necessidade de locais, no SUS, com estrutura eficiente para assistência urgente, de profissionais com experiência técnica e condições adequadas de trabalho e da vacinação rápida e massiva da população exige do governo atitudes que não foram tomadas em seu devido tempo e não estão previstas para os próximos dias. Pelo contrário, passamos por mais uma troca de Ministro da Saúde, a quarta no período de um ano de pandemia, cortes de investimentos no SUS por meio da aprovação da PEC 186, impasses na compra de vacinas e a retirada, e posterior redução, do auxílio emergencial, que impossibilita a sobrevivência com isolamento do trabalhador.
Somente a classe trabalhadora, organizada em suas lutas poderá evitar que a tragédia já instalada continue a se agravar. É preciso exigir direito ao isolamento com segurança financeira; urgência na vacinação; campanhas públicas de esclarecimento à população; fechamento das escolas; investimento pesado no SUS e na valorização dos profissionais da saúde.
Dia 24/3 os trabalhadores farão o “Lockdown em defesa da vida”, por vacinas, pelo auxílio, por empregos e contra privatizações. Que seja um passo decisivo para a reação popular contra a necropolítica de Jair Bolsonaro, capacho do imperialismo.