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Desvios na vacinação: os trabalhadores não têm vez no Brasil

Enquanto a população enfrenta longas e arriscadas filas para a vacinação no Sistema Único de Saúde, na noite de 23 de março ocorreu, em uma das garagens da empresa de ônibus metropolitanos de Belo Horizonte, SARITUR, de propriedade dos irmãos Lessa, uma vacinação clandestina. Entre os vacinados estavam empresários e políticos, como ex-senador Clésio Andrade, ex-presidente da confederação Nacional de transporte e o deputado estadual de Minas Gerais, Alencar da Silveira. A lista, apreendida pela Polícia Federal no local, chega a 57 pessoas.

Quando o Governo Federal sancionou o Projeto de Lei (PL) 534/2021, que autoriza o setor privado a comprar vacinas contra a covid-19, deu brechas para que esse tipo de situação se torne corriqueira, afinal, o setor privado é, por essência, dominado pela lógica da competição individualista. De acordo com o PL, enquanto houver vacinação de grupos prioritários, as vacinas adquiridas devem ser doadas aos SUS. No entanto, em um sistema em que a lei só vale para os mais fracos, a possibilidade de comprar vacinas favorecerá fraudes. Posteriormente, essa mercantilização das vacinas promoverá a desigualdade no acesso, com prejuízo aos mais pobres. 

Porém, o ocorrido na capital mineira, ao que tudo indica, é decorrente de desvios de vacinas do próprio SUS. A Secretária de Saúde do estado está envolvida em denúncias do Ministério Público de desvios de vacinação de mais de 400 pessoas cujos nomes não aparecem no portal da transparência.

Os empresários do transporte impuseram uma triste realidade de ampliação das mortes de trabalhadores essenciais em todo o Brasil. Retiradas de linha, redução dos horários de ônibus, falta de higienização, de álcool em gel e ônibus lotados em plena pandemia, acelerando a contaminação. Trata-se de um setor fortemente organizado, com representação nas Câmaras legislativas e no Senado. 

Na ponta da exploração estão os motoristas que trabalham sob risco intenso de contaminação. Na própria empresa SARITUR, que tem concessão de exploração de 35 linhas da populosa região metropolitana de BH, os trabalhadores realizaram greve por direitos mínimos como ticket refeição e pagamentos de férias, em março.

A ausência de um plano eficiente de vacinação no Brasil é determinação do imperialismo que controla a guerra comercial das vacinas, em benefício das grandes corporações da indústria farmacêutica. A burguesia brasileira, capacho desses interesses, cria mecanismos fraudulentos para se proteger enquanto a população morre.

É preciso defender vacinação gratuita, pelo SUS, a todos e já!
 


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