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Covid: leitos ociosos enquanto pacientes morrem

A capital do estado do Rio de Janeiro tem 1.392 leitos hospitalares fechados, em sua maioria por falta de funcionários, enquanto mais de 1 mil pacientes de Covid aguardam por um leito  no estado. A situação é tão crítica, que no Hospital Federal Cardoso Pontes, os pacientes seguem amontoados em cadeiras nos corredores enquanto 56 leitos estão fechados por falta de profissionais.

Cristiane Gerardo, servidora do Hospital Federal Cardoso Fontes, explica que “Um local que foi projetado para ter cinco pacientes está com 16 pacientes de Covid, seis deles intubados e apenas quatro técnicos de enfermagem e um enfermeiro. Um dimensionamento de pessoal muito aquém daquele que é recomendado pelo nosso conselho profissional e que nos expõe, os profissionais, a um exercício que não é seguro nem pra nós, nem pros usuários e principalmente sem qualidade”. 

O Censo hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS) mostra que a rede pública do Rio tem dois mil leitos ociosos, sendo que 1.392 desses ficam em 34 hospitais gerais e emergências que podem atender pacientes de Covid-19. Ainda de acordo com o censo, 954 leitos estão na rede federal, 219 na rede estadual e 194 na municipal.

A crise no sistema público de saúde, que já vinha se arrastando por meio dos inúmeros cortes de verbas para o Sistema Único de Saúde (SUS), promovidos pelo governo Bolsonaro, ficou escancarada durante a pandemia. O governo federal, que já havia congelado os gastos com saúde e educação, investiu neste ano R$134,7 bilhões de reais em saúde, valor menor que o teto estabelecido para a pasta que é de 174,84 bilhões. 

Bolsonaro ainda cortou a verba federal para o financiamento de 72% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com Covid-19. Em dezembro de 2020, a União repassava verbas para 12.003 leitos de UTI para Covid-19, no dia 10/03 somente 3.372 leitos continuavam sendo financiados, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Os dados mostram também que o corte do governo foi total para os estados de Goiás, Maranhão, Acre e Rondônia. Em São Paulo, que tem o maior número de leitos de UTI do país, a redução foi de 81%. Semelhante ao ocorrido em Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Amazonas, Ceará, Paraíba e Sergipe. A redução no financiamento desses leitos coincide com o período de colapso generalizado na saúde em todo o Brasil.

Num país que bate recordes de mortes por dia, atingindo a marca de 3780 óbitos em 24 horas, no último dia 30 de março (em números oficiais e sem considerar os dados do estado de Roraima), a redução do investimento comprova a adoção da necropolítica pelo governo federal, que precisa do caos social para implementar suas medidas antipopulares. Além disso, o desprezo do presidente aos riscos da pandemia e o estímulo que dá à desinformação sobre o problema, estão diretamente relacionados à disputa comercial pelas vacinas, na qual o Brasil ocupa posição subalterna, em obediência às determinações das nações imperialistas.

A necropolítica de Bolsonaro não levou apenas à demissões em massa de trabalhadores e ao fim de direitos historicamente conquistados, como a aposentadoria. O principal responsável pelas mortes, pela falta de leitos e colapso do sistema hospitalar, pela falta de vacinação rápida e abrangente para a população é o Presidente da República, que, com seu comportamento agressivo e irresponsável, tem abandonado o povo a sua própria sorte, num cenário de calamidade mundial. No entanto, todos os governantes e parlamentares que apoiam essa política ou politizam a questão em nome de seus interesses eleitoreiros e de forma populista, colaboram para a tragédia social que devasta as vidas e as condições de sobrevivência da classe trabalhadora brasileira.

Somente a luta dos trabalhadores organizados em seus sindicatos, movimentos sociais e partidos de esquerda, poderá barrar esse projeto genocida.
 


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