O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou nesta terça-feira (6) que irá suspender a aplicação das provas dos concursos para o Censo 2021 devido ao corte de verbas no seu orçamento. A suspensão vale para 181.898 vagas de recenseador e 22.409 vagas para agente censitário municipal e supervisor. O Censo teve vetada mais de 90% da verba de R$ 2 bilhões que havia sido acordada. Foram liberados apenas R$ 71 milhões, valor que, segundo o IBGE, inviabiliza a realização da pesquisa. Após o anúncio dos cortes, a presidenta do Instituto, Susana Cordeiro Guerra, indicada ao cargo pelo ministro da economia, Paulo Guedes, pediu exoneração.
Realizado pelo IBGE desde 1920, a cada 10 anos, o Censo já havia sido cancelado no ano passado, em decorrência da pandemia de Covid-19. A pesquisa é de extrema importância por atualizar informações sobre a população brasileira que possibilitam traçar um retrato abrangente do país e é um dos principais orientadores dos investimentos em políticas públicas. Em nota, Susana Cordeiro Guerra e o diretor de Pesquisas do IBGE, Eduardo Rios-Neto, afirmaram que "sem o Censo em 2021, as ações governamentais pós-pandemia serão fragilizadas pela ausência das informações que alicerçam as políticas públicas com impactos no território brasileiro, particularmente em seus municípios".
Trata-se de mais uma demonstração do descaso com que o governo Bolsonaro trata os serviços públicos essenciais para a população brasileira. Os dados captados pelo Censo auxiliam na criação de medidas públicas necessárias no combate à pobreza que aumentou durante a pandemia, em especial entre a população negra e pobre, que depende de programas de auxílio como o Bolsa Família. A distribuição eficaz de vacinas também depende dos dados precisos e atualizados sobre a população dos municípios brasileiros.
O governo Bolsonaro, em conjunto com o ministério da Economia, de Guedes, não tem interesse que o Censo ocorra, para não expor o aumento da desigualdade na distribuição de renda no Brasil provocado pelas reformas e cortes de verbas realizados com a desculpa de se fazer equilíbrio fiscal.
A retirada de direitos historicamente conquistados pelos trabalhadores junto à destruição dos serviços públicos está jogando a população na miséria enquanto o país tem destruída toda política de fomento à ciência e tecnologia que o torna refém, por exemplo das patentes privadas das vacinas. A suspensão do Censo 2021 ajudará a camuflar a política de morte implantada por Bolsonaro durante a pandemia e é parte da destruição do Estado brasileiro como garantidor de bem estar social.
Foto: Divulgação/Prefeitura de Araraquara
