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OSSOS, ARROZ QUEBRADO E FEIJÃO DE BANDINHA: INSEGURANÇA ALIMENTAR E FOME NO BRASIL

No último mês, as imagens de Cuiabá, capital do estado do Mato Grosso, escancarou a situação da fome e insegurança alimentar pela qual passa a população brasileira. Dezenas de pessoas fizeram filas durante três dias da semana para receber porções de ossos com restos de carnes de um açougue da cidade. Em apenas dois anos, 9 milhões de brasileiros entraram para o grupo de pessoas em vulnerabilidade alimentar, ou seja, acordam e não sabem se terão o que comer – pulamos de 10 milhões para 19 milhões de brasileiros passando fome. 

Esse é um dos exemplos mais cabal do resultado do aprofundamento das políticas neoliberais praticadas no Brasil desde 2016, após o golpe que derrubou o governo eleito de Dilma Rousseff. A situação se agravou a partir da gestão da morte do governo Bolsonaro durante a pandemia, que não assegurou medidas de proteção aos trabalhadores. As reformas neoliberais e as privatizações aprovadas ou em tramitação no Congresso Nacional contribuem para o caos social e econômico do País, onde faltam empregos, estabilidade e direitos básicos aos cidadãos.

Como resultado, o Brasil voltou ao mapa da fome da ONU, lugar que não ocupava desde 2014 devido aos programas mínimos de emprego e alimentação que garantiam o básico à milhares de brasileiros e brasileiras. Não por acaso, a maior parte das pessoas na “fila do osso” em Cuiabá são mulheres desempregadas que buscam, também, doações de legumes próximos de estragarem. Vale salientar que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos, o 3º maior produtor de alimentos do mundo, com capacidade para alimentar 1 bilhão de pessoas. Ocorre que como no sistema capitalista a produção tem como objetivo central gerar lucros aos capitalistas, ao invés de atender as necessidades da população, apenas os setores do agronegócio exportador, que têm o Mato Grosso como um dos maiores polos de produção nacional, que se beneficiam dessa condição. 

Além da inflação, “escondida” pelos números dos economistas, mas sentida diariamente no preço de produtos básicos de alimentação, saúde e higiene, outra situação demarca a crise humanitária que o Brasil vem passando no governo de Bolsonaro: o surgimento de produtos de “qualidade ruim” como principal fonte de alimentação. O arroz “quebrado” e o feijão de “bandinha” são símbolos da falta de renda e insegurança alimentar que a população brasileira vem enfrentando. Esses produtos são “restos” da produção, têm valor nutricional reduzido e geralmente não eram comercializados para a população, sendo utilizado apenas para criação de animais. Com a pobreza e a extrema pobreza que assolam a classe trabalhadora, essas opções passaram a ser ofertadas comercialmente.  

Enquanto o cardápio da fome no Brasil dos últimos anos é oferecido à população pobre e trabalhadora, os ricos, resguardados pelas políticas neoliberais, seguem aproveitando das benesses do Estado. As crises no capitalismo servem para reajustar o sistema e são pagas, sempre, com o aumento da exploração dos trabalhadores. Bolsonaro é um governo de crise, que foi levado ao poder para fazer o “serviço sujo” da grande burguesia. A luta por empregos com condições de trabalho e valorização salarial, por comida no prato e por vacina e segurança sanitária ecoa na voz dos brasileiros que estão tomando as ruas do País. Essa luta deve dar seus próximos passos, rumo à Greve Geral da classe trabalhadora.

Fora Bolsonaro e todo o seu governo! Por um governo dos trabalhadores, da cidade e do campo. 
 

Foto: TV Centro América / Reprodução


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