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SECOM faz apologia a matança no campo em comemoração ao Dia do Agricultor

O governo de Jair Bolsonaro, aliado do agronegócio e contrário às demarcações de terras indígenas e quilombolas, deu mais uma demonstração da sua política genocida. Para “homenagear” os trabalhadores do campo em comemoração ao Dia do Agricultor, que ocorreu no última dia 28/07, a Secretaria Especial de Comunicação Social (SECOM) da Presidência da República fez uma publicação no Twitter com a imagem de um homem armado com um rifle apoiado no ombro. A foto escolhida pela SECOM remete aos jagunços e às milícias ligadas ao agronegócio, que cometem, todos os dias, assassinatos de lideranças camponesas e trabalhadores, e são responsáveis por fomentar a repressão das comunidades indígenas, quilombolas e camponesas a mando dos grandes proprietários de terra.

A foto, titulada como “Silhouette of hunter carrying shotgun on shoulder and observing” ou “Silhueta de um caçador carregando uma espingarda no ombro e observando”, em tradução livre, pertence a um banco de imagens, com valor estimado de até R$3.000,00, e foi tirada na África do sul. O Sindicato Nacional dos Peritos Federais Agrários (SindPFA) afirmou, em nota, que a publicação "é uma demonstração indigna de quem tomou o lado do escravagista, do jagunço, do capitão do mato, do grileiro e do desmatador, que ignora a realidade de um país que ainda não se reconciliou com seu passado, marcado pela destinação da terra a endinheirados, marginalizando a população". E completa: "É, sobretudo, um escárnio para com as muitas famílias e vítimas da violência no campo, como as do massacre de Eldorado dos Carajás, que completou 25 anos recentemente".

A publicação da SECOM escancara a realidade de um governo ligado intimamente às milícias, estejam elas na cidade ou no campo. O governo Bolsonaro, que se mantêm ao lado do agronegócio e da bancada ruralista, é responsável por uma série de medidas que vão contra os trabalhadores do campo e em acordo com os grandes latifundiários. 

Visando armar os latifundiários e milícias (do campo e da cidade), desde 2019, o presidente já editou cerca de 30 atos administrativos que facilitam o acesso a armas. Atendendo aos pedidos da bancada ruralista, Bolsonaro também sancionou a lei que prevê a ampliação da posse de armas dentro de toda a extensão das propriedades rurais, que antes era permitida apenas na sede da fazenda. A permissão é válida para qualquer propriedade, independentemente de seu tamanho. Com esse aumento no número de armas e a extensão da posse, os grandes latifundiários conseguiram a desculpa que precisavam para invadir terras indígenas e quilombolas com seus exércitos de jagunços armados, aumentando o conflito por terras. 

Para se ter ideia, os conflitos pela terra bateram um novo recorde em 2020, ao atingir 2.054 conflitos, um aumento de 8% na comparação com o ano anterior, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT).  A maior parte dos “incidentes” aconteceu por causa da posse de terra, sendo registrados 1.576. Ao todo, mais de 914 mil pessoas estavam envolvidas nas ocorrências relacionadas a uma área superior a 77 milhões de hectares. Destes casos, 41,6% envolveram indígenas.

O governo Bolsonaro segue colocando em prática a sua necropolítica, destruindo e sucateando os órgãos reguladores do campo para favorecer os grandes latifundiários e o capital internacional. O PL 2.633/2020, também conhecido como PL da Grilagem, aliado ao projeto de destruição das áreas de preservação ambiental e de invasão das terras já demarcadas, coloca em evidência que os planos entreguistas, de lesa-pátria, de Bolsonaro, cujo objetivo final é a entrega de toda e qualquer possibilidade de lucro nas mãos do imperialismo.
 


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