A Alemanha é hoje um dos centros do mundo capitalista, país referência na União Europeia (UE), dividindo posição com a França, e influente em questões de políticas internacionais. No capitalismo global, a Alemanha exerce função essencial devido ao seu poderio econômico/militar e posição estratégica na UE. A Europa, e por consequência a Alemanha, e outros países membros da União Europeia acabam servindo de “centro de distribuição” do mundo capitalista, além de uma fronteira com a China e seus interesses, muitas vezes, dissonantes do capitalismo global hegemônico. Podemos observar esse papel e movimentação da presença europeia nos países do continente africano que vêm sendo alvos de golpes de grupos de direita ou que representam os interesses europeus, e estadunidenses, no continente (em países como Sudão, África do Sul, Guiné-Bissau, Mali, Guine e com instabilidade como Nigéria, Costa do Marfim e Benin). Essa é uma frente de movimentação em resposta à presença chinesa no continente africano, com seu investimento em infraestrutura e inclusão em novas rotas comerciais para além da rota Europa – Estados Unidos.
Dessa forma, a movimentação política e questões internas aos países da União Europeia são importantes para a compreensão da conjuntura atual do capitalismo. No último dia 26/09, a Alemanha teve eleições para formação de um novo governo em seu regime parlamentarista, após 16 anos de Angela Merkel, do partido conservador (CDU), como primeira ministra. Merkel teve um governo longo com bastante pressão popular, seja dos trabalhadores, que tiveram seus sindicatos cada vez mais cerceados, seja das lutas ambientais e também de críticos da política externa do País e sua interferência em assuntos de países árabes e africanos.
A eleição impôs uma derrota ao partido conservador, que agora se vê acuado. A grande participação de jovens e de trabalhadores deu vitória ao Partido Social Democrata (SPD) e ao Partido Verde (Verdes), respectivamente, seguidos pelos liberais (FDP) e pela esquerda (A Esquerda). Devido à expressiva votação nos verdes e liberais, os sociais democratas tiveram que negociar e, dessa forma, decidiram fazer uma coalizão tripla (excluindo A Esquerda), para assim comporem o novo governo e escolherem a (o) nova (o) primeira (o) ministra (o).
Essa nova composição deve ser observada para além da classe trabalhadora alemã, pois irá afetar diretamente os trabalhadores europeus e, inclusive, os trabalhadores dos países alvos de políticas imperialistas do capitalismo. A política econômica/social e ecológica do novo governo tende a ter algumas mudanças, que são cobradas pela sociedade alemã, como aumento de salários, maior liberdade a sindicatos, respeito ao direito à moradia e uma política ecológica mais séria. Assim como uma posição mais rígida dentro da União Europeia com países que têm lideres fascistas no governo, como Hungria e Polônia. Mas de toda forma, a Alemanha continua sendo uma fundamental representante do capitalismo global na Europa, com presença em diversos países periféricos, com práticas imperialistas que não tendem a ser amenizadas ou deixadas de lado por novos governos (ainda entregues ao capitalismo). Não podemos esquecer que o enriquecimento e o “bem-estar” social dos países desenvolvidos (imperialista) são adquiridos pela exploração e miséria da classe trabalhadora dos países sub-desenvolvidos.
A colaboração internacional dos trabalhadores, é essencial para a compreensão das teias do capitalismo. A luta conjunta e internacional, contra governos imperialistas que sustentam governos autoritários e antipopulares nas nações sob seu domínio é uma luta anticapitalista, que só pode ser alcançada em sua plenitude após a união, nacional e internacional, dos trabalhadores. As eleições burguesas por todo o mundo devem ser observadas e tornadas estudos de casos práticos da ação dos trabalhadores para mudanças nos limites da ditadura de classe burguesa em que somos submetidos. Assim, nos fortalecemos para superar a sociedade capitalista e buscar a emancipação da classe trabalhadora.
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