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Pandemia: novas variantes e os transtornos nos serviços hospitalares

Um estudo, publicado na última semana de dezembro pelo portal G1, apontou que a proporção dos infectados pela variante Ômicron do SARS-CoV-2 no Brasil já está em 31,7%.

Realizado pelo Instituto Todos Pela Saúde (ITpS), o estudo analisou testes de RT-PCR coletados entre os dias 1º e 25 de dezembro, em 16 estados brasileiros. Segundo o instituto, a Ômicron estava presente em testes de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia, Goiás, Santa Catarina e Tocantins. 

Na Europa e nos Estados Unidos, a variante Ômicron avança rapidamente. Os Estados Unidos registraram na terça-feira, 28/12, o recorde mundial de casos diários de covid-19. Em apenas 24 horas, foram reportados 512.553 novos casos, segundo dados compilados pela Universidade Johns Hopkins. Além da Ômicron, grandes concentrações de não vacinados e falta de acesso à testagem têm impulsionado as infecções. 

No mesmo dia, França, Reino Unido, Grécia e Portugal reportaram recordes de casos diários. Somente na França foram quase 180 mil infeções em 24 horas. No Reino Unido, quase 130 mil. A Grécia registrou 21.657 casos, e as autoridades afirmaram que a alta está relacionada à Ômicron. Em Portugal, foram computadas 17.172 novas infecções. Na Holanda e na Suíça a Ômicron se tornou dominante.

Com esses índices, o mundo registrou um número recorde de 1,49 milhão de novos casos em um dia, em 27/12. A cifra não havia passado de um milhão de novas detecções da doença em 24h desde o início da pandemia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que a variante Ômicron do coronavírus ainda representa um risco muito alto e pode sobrecarregar sistemas de saúde. 

Também na América Latina e no Caribe, os casos de Covid-19 estão aumentando e esta alta coincide com relatos de aumento de infecções pela variante Ômicron no Panamá, Colômbia, Chile, Argentina, Paraguai, Venezuela, México, Cuba, Equador e Brasil. 

A gerente de incidência de Covid-19 da OMS na Europa, Catherine Smallwood, alerta que, apesar das evidências iniciais, o rápido avanço da Ômicron "ainda resultará em números elevados de hospitalizações, particularmente entre grupos não vacinados, e causará um transtorno generalizado em sistemas de saúde e outros serviços críticos".

Em entrevista ao Brasil de Fato MG, o médico infectologista, Estevão Urbano Silva, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia, afirmou que enquanto tivermos dúvidas sobre o comportamento da variante Ômicron, ela será de risco, perigosa e deve aumentar o nosso alerta. “Não só pelo que ela pode causar, mas porque nos leva a pensar que outras variantes podem aparecer com características que piorem a pandemia”.

O médico explica que o cenário da Europa tende a chegar ao nosso País em dois ou três meses. Segundo ele, para não gerar variantes, o planeta tem que avançar na vacinação e formular políticas globais, pois as pessoas se movem muito rapidamente na Terra.

No entanto, mais uma vez, os acontecimentos globais, que deveriam servir de alerta e facilitar a criação de medidas de prevenção, são ignorados pelo governo brasileiro. O risco de termos outro ano dramático em relação à pandemia é real. A morte de mais de 600 mil brasileiros, os recordes mundiais em mortes de profissionais da Saúde, gestantes e puérperas, junto aos escândalos de corrupção envolvendo compra de vacinas, denunciados pela CPI da Covid, abalaram o governo de Jair Bolsonaro, mas não foram capazes de criar uma pressão social forte suficiente para exigir as mudanças da sua política genocida. 

A atual campanha contra a Anvisa e a vacinação de crianças é mais um capítulo da novela funesta protagonizada por Bolsonaro e seu ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O Brasil ocupa o segundo lugar em mortes de crianças por Covid-19 no mundo. Somente no estado de São Paulo, de janeiro a junho de 2021, o número de óbitos de crianças por conta do coronavírus, equivaleu ao total do que foi registrado em todo o ano anterior, segundo pesquisa desenvolvida pela Agência Brasil, a partir de dados da Secretaria Estadual de Saúde.

No Brasil, a pandemia cumpre seu papel de criar oportunidades para enriquecer ainda mais empresários milionários, enquanto se retiram dos trabalhadores todos os direitos, inclusive o direito à vida. Assim, ao mesmo tempo em que foram cortados gastos com a Saúde Pública e as pesquisas científicas, a “boiada foi passando” contra o povo: laboratórios farmacêuticos privados lucraram com vendas de remédios ineficazes e perigosos, grandes corporações implementaram suas plataformas de trabalho remoto e sem direitos, crianças pobres foram excluídas da escola pública etc.

A política negacionista faz parte da agenda genocida adotada pelo Governo Federal, que, ao contrariar as recomendações de isolamento social, atrasar o processo de vacinação e negar até mesmo o uso de máscaras, facilita o surgimento de novas cepas que desafiam os conhecimentos científicos sobre o controle da pandemia. Bolsonaro é o fantoche que a grande burguesia precisa para manter o caos social enquanto a economia se ajusta aos seus interesses, em detrimento dos interesses dos trabalhadores. 

O ano de 2022 trará grandes desafios aos trabalhadores. Esperar pelas eleições poderá ter um alto custo para os que já sofrem com o desemprego e a fome. Um provável agravamento da pandemia aumentará o caos. A única saída para enfrentar essa situação é mobilizar a classe trabalhadora na luta em defesa dos serviços públicos e do direito à vida digna, com os métodos da luta de classes: em greves e manifestações nas ruas.

Foto: Brasil de Fato

 


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