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Demissões nas BigTechs: o trabalhador paga a conta da crise capitalista

No início deste ano, as grandes empresas de Tecnologia da Informação (TI) estão promovendo demissões em massa em todo o mundo. Dentre elas há empresas conhecidas como Amazon, Microsoft e Google, mas há também empresas novas que cresceram muito rápido, chamadas de unicórnio, como as Brasileiras PagBank PagSeguro, Pier e Único. Só essas brasileiras demitiram por volta de 600 trabalhadores, enquanto as gigantes multinacionais demitiram por volta de 50 mil. Nos unicórnios brasileiros a ampla maioria das demissões está acontecendo por aqui; nas multinacionais já estão acontecendo em outros países e é certo que a ação irá afetar trabalhadores no Brasil.

A justificativa dessas empresas bilionárias para a demissão, numa tentativa preservar sua imagem, tem sido a redução da demanda de serviços em função do fim do isolamento social por causa da covid-19, uma possível recessão econômica nos EUA em 2023 e incertezas em função da guerra da OTAN contra a Rússia na Ucrânia.

As desculpas são tão contraditórias que, se fosse verdadeira a preocupação das BigTechs com o futuro incerto, diretores da Microsoft não curtiriam show particular do cantor Sting, certamente muito caro, horas antes de demitirem 10 mil pessoas. A mesma Microsoft que está colocando seu batalhão de advogados para lutar com os órgãos reguladores de mercado para que ela possa comprar a empresa de jogos Activision Blizzard por 68 bilhões de dólares.

A verdade é que o capitalismo está em crise mundialmente e os primeiros a pagar a conta dessa crise são os trabalhadores. Essas ações demonstram que não há preocupação real em guardar dinheiro para se preparar para um eventual futuro catastrófico e, sim, um movimento para garantir que as bonificações de diretores não sejam afetadas pela crise e os lucros de acionistas sejam preservados. 

A pergunta que fica é: por que diversas empresas que atuam em nichos diferentes do mercado de TI estão tomando a mesma decisão, de forma quase sincronizada?

Observando os acionistas, o verdadeiro motivo das demissões fica claro: no último dia 20 de janeiro o Sr. Christopher Hohn, o bilionário fundador da TCI Fund, enviou uma carta direcionada ao presidente do Google Sundar Pichai onde diz que as 12 mil demissões estão no caminho certo, mas a empresa precisa demitir 20% dos seus trabalhadores. Além disso, segundo ele, a empresa está pagando em excesso aos seus trabalhadores. Curiosamente o TCI Fund é conhecido como um fundo de caridade.

Se o TCI Fund se sentiu à vontade para publicar abertamente essa carta, imagine o que foi dito em reuniões privadas entre estes fundos de investimentos e a diretoria dessas empresas?

Muitas outras BigTechs estão indo neste mesmo caminho, o que fomenta uma crise à frente se tudo for deixado como está. O quadro, como um todo, mostra que essas demissões são mais uma armação para sacrificar os trabalhadores em prol da preservação de ganhos de investidores e acionistas.

Os trabalhadores precisam se organizar com vistas a se protegerem deste conluio entre acionistas e o alto comando das empresas e se unir por meio de sua entidade de classe, que é o SINDICATO, que deve estar atento ao processo de demissões em massa. A crise vai aumentar, as demissões também. Precisamos nos organizar para lutar contra essa política nefasta que penaliza os trabalhadores para garantir a taxa de lucros de bilionários.

 

Foto: Freepik


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