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Temer Tenta Acordo com a Oposição para Salvar Eduardo Cunha

Na noite do último domingo, 26, o presidente interino Michel Temer se reuniu em Brasília com o presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha. O motivo da reunião: tentar um acordo, envolvendo a “oposição” (DEM, PSDB, PPS e PSB), para encontrar um sucessor no comando da Casa e, com isso, salvar a pele de Cunha. O encontro não fazia parte da agenda oficial de Temer.

De acordo com os assessores do Planalto, Eduardo Cunha buscou o apoio de Temer para eleger um aliado como presidente da Câmara, numa tentativa de defender seu mandato como deputado. Caso conseguisse fechar o acordo, Cunha estaria disposto, inclusive, a renunciar o comando da Casa. De acordo com a matéria publicada pelo jornal Folha de São Paulo, “após a conversa, Temer se mobilizou pessoalmente para fazer valer a demanda de Cunha e destacou alguns de seus principais ministros para a tarefa de convencer o bloco liderado pelos tucanos a não se opor a um acordo com os aliados do deputado”.

Segundo a declaração dada por um auxiliar do Planalto ao jornal O Globo, a renúncia de Eduardo Cunha beneficiaria o governo: “A renúncia é ótima para o governo. Não dá para a Câmara ficar parada desse jeito, com um presidente interino que deixa uma semana toda sem votar nada. Há algum tempo teria sido mais fácil viabilizar este tipo de acordo”. É obvio que o interesse do governo é tentar conter a crise envolvendo o PMDB, em especial o presidente da Câmara afastado, que atualmente é um dos principais nomes nos esquemas de corrupção. Assim sendo, tanto o governo quanto a “oposição” sabem da importância de manter o silêncio de Cunha, que não irá entregar a presidência da Casa sem um acordo que o beneficie. Essa tese foi inclusive confirmada pelo assessor do Planalto. “Não dá pra querer que ele renuncie sem o compromisso de que o sucessor não lhe seja hostil”. Em outras palavras: não se pode fechar um acordo sem que seja garantida a blindagem do PMDB.

O nome que estaria sendo cotado pelo governo para unificar todos os partidos anti-PT, seria Rogério Rosso (PSD-DF). A crise interna dos partidos, no entanto, estaria dificultando essa aliança. De acordo com o jornal O Globo, o nome de Rosso não seria unanimidade nem mesmo dentro do PMDB: “Na visão do governo, Rosso preencheria os requisitos para o momento: pertence a um partido médio, tem um perfil conciliador, certo grau de preparo técnico e ganhou estatura na presidência da comissão especial que analisou o impeachment de Dilma Rousseff. Mas, até o momento, não há apoio dos partidos da antiga oposição, e nem mesmo do PMDB. Os peemedebistas têm dialogado com PSDB e DEM, e até tentado estabelecer pontes com os arquirrivais PT, PCdoB e PDT, para uma aliança informal na sucessão na Câmara que se sobreponha ao centrão”.

A aliança que está sendo proposta tem objetivos muito claros: livrar o deputado Eduardo Cunha, resguardar o governo interino, evitar que mais escândalos de corrupção envolvendo esses partidos venham à tona e manter o PT afastado do poder. A preocupação com o combate à corrupção é inexistente. Rogério Rosso, nome proposto pelo governo, é indiciado por corrupção eleitoral no Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal. Não só isso. O deputado foi citado por delatores da Operação Caixa de Pandora, de 2009, que investigava o esquema de distribuição de recursos ilegais à base aliada do governo do Distrito Federal. Segundo o depoimento de Francinei Arruda, homem responsável pela edição dos vídeos que embasam as ações da Caixa de Pandora, Rosso junto com o vice-governador do DF, Renato Santana, e o secretário de Economia do GDF, Arthur Bernardes, aparecem em vídeos editados recebendo dinheiro do ex- secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal, Durval Barbosa.


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