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A esquerda sobreviverá?

Crise do regime burguês e crise da esquerda pequeno-burguesa 

A crise capitalista, aberta em 2008, tem evoluído rapidamente. A baixa nas taxas de lucros dos monopólios tem levado o imperialismo, principalmente o norte-americano, a aprofundar os ataques à classe operária em escala mundial, especialmente nos países atrasados, como os da América Latina. 

Uma das políticas colocadas impostas com o objetivo de conter a crise foi a inundação do mercado mundial com crédito oriundo de recursos públicos. Mas a crise do regime político avança. Em 2011, estouraram as revoluções árabes que representavam o elo mais fraco do sistema capitalista mundial. A política adotada pela Administração Obama, a chamada “contrarrevolução democrática”, começava a entrar em colapso na periferia do capitalismo. 

Na tentativa de conter a crise, o imperialismo norte-americano tentou estruturar regimes de força, como aconteceu com os golpes pinochetistas no Egito e na Tailândia, e o promovido em cima de grupos fascistas, como foi na Ucrânia em 2012. Mas as contradições, longe de terem sido superadas ou diminuídas, se acirraram ainda mais. 

Essa política de força tende a se intensificar no próximo período devido ao recrudescimento do regime político, acentuado após a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Isso se refletiu no regime político na América Latina e no aumento da pressão imperialista contra os governos dos países da região. Essa pressão tem se refletido nos ziguezagues da política da esquerda pequeno-burguesa brasileira e latino-americana que são intrinsecamente centristas e que se encontram integradas ao regime político. Entendemos por esquerda pequeno-burguesa os agrupamentos políticos que representam os interesses das camadas médias da população. 

No Brasil, a tendência dos grupos centristas é de serem cada vez mais empurrados no sentido da integração ao regime burguês, defendendo abertamente o golpe em andamento e o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, como é o caso do PSTU e de setores do PSOL, ou se mudando de “mala e cuia” para a “frente popular”, encabeçada pelo governo do PT, e adotando a política da conciliação de classes, como aconteceu mais recente com o PCO. 


A implosão do “terceiro campo” 

O PSTU, que apoia fielmente o golpismo, já tinha dado amostras de sua política direitista e pró-imperialista muito antes dos primeiros elementos do golpe de Estado no Brasil estarem claros como a luz do dia. O PSTU apoiou, deliberadamente, os Estados Unidos e a administração Obama durante o golpe militar no Egito, bem como o golpe de características fascistóides na Ucrânia, e, pouco antes, o golpe branco no Paraguai. Com essa política, promoveu o imperialismo norte-americano a defensor “número um” da “democracia” contra a “ditadura” dos governos árabes. Sua oposição ao chavismo na Venezuela e sua defesa ao RCTV, a rede de televisão que apoiou abertamente o golpe contra Hugo Chávez em 2002, são outras evidências de que o PSTU se atirou nos braços da direita. 

As palavras de ordem do PSTU, sobre o “Fora Todos!” e “Eleições Gerais Já!” representam uma política muito oportunista disfarçada de “ultraesquerdismo” que “coincide” com os interesses da direita. Para tentar camuflar o apoio à direita, a esquerda pequeno-burguesa busca criar um suposto “terceiro campo” a partir da constituição do movimento “Espaço de Unidade de Ação” Os interesses da classe operária são substituídos pela injúria: “governistas!”. 

Quando não expressa uma adesão completa aos ideais da direita, o “terceiro campo” mostra uma passividade mascarada de intransigência verbal diante das capitulações da direção do PT. O “terceiro campo” representa, na prática, uma “saída pela tangente” de quem achou um lugar confortável de onde não necessitará enfrentar a política conciliadora que a “frente popular” impõe ao movimento de massas. Dotar esse movimento de uma política capaz de derrotar a ofensiva da direita e do imperialismo significa romper o cerco imposto pelo PT e seus aliados. Ao invés de uma política nesse campo, preferem os atos separados onde cada direção política fica com seu quintal. 

O fato é que o “terceiro campo” se coloca, na prática, no campo da direita. A consequência dessa política é participação dos atos convocados pela direita. Isso seria repetir o que fizeram em 2014, quando marcharam ao lado da direita e da extrema-direita nas manifestações do “Não Vai Ter Copa”, momento em que a direita levantava a bandeira da corrupção, tentando impulsionar uma manifestação anti-Dilma. Essa política criava uma cortina de fumaça e não expressava de forma tão acabada, como agora, as bandeiras de extrema-direita. Nessa manifestação as palavras de ordem “Fora Dilma” e “Intervenção Militar Já!” apareceram de forma mais tímida. O ponto chave era a presença do MTST no “Não Vai Ter Copa”, o que imprimia à manifestação uma “maquiagem” popular, embora seu conteúdo continuasse sendo direitista. 

Nas manifestações da extrema-direita não houve nenhum Guilherme Boulos discursando em cima dos carros do MBL (Movimento Brasil Livre) ou do “Revoltados Online!”. Não existe mais essa “maquiagem” popular e a extrema-direita vem atuando de forma muito mais aberta e truculenta. As manifestações se converteram na apologia da volta à ditadura militar, do apoio a Bolsonaro e aos elementos mais direitistas. Figurões da direita tradicional, tais como Alckmin, Doria Jr. e até o próprio Aécio Neves, entre outros, chegaram a ser expulsos por esses manifestantes de extrema-direita. Nesse cenário, ficou quase impossível para o PSTU e os demais setores do “Espaço de Unidade de Ação” aderirem às manifestações da direita. Mesmo que o MNN (Movimento Negação da Negação), que participa do “EUA”, o tenha feito. 

A política do “terceiro campo” gira em torno do chamado “anti-governismo”. A política oficial do PSTU é levada até as últimas consequências pelo MNN. Ela consiste em depositar a confiança na direita e acreditar que só assim poderá levar a cabo a derrubada do governo do PT. Com a implosão do PT, a esquerda pequeno-burguesa cooptaria seu espólio, tal como aconteceu na Grécia com o Syriza, abrindo a possibilidade do fim da polarização do regime político entre PT e PSDB. O caminho ficaria livre para que essa esquerda chegasse ao governo. O denominador comum da política do “terceiro campo” é na verdade o oportunismo eleitoreiro.

Atualmente, as alternativas do PSTU e dos setores do “Espaço de Unidade de Ação” são de se implodir nesse “terceiro campo” ou a de irem direto para as manifestações da direita, o que na prática também representam uma implosão. Isso explica porque alguns agrupamentos do “EUA”, como o MRT, estão desertando e passaram a chamar a participação nos atos do 1° de maio unificado da Frente Brasil Popular. 


Qual é a política da LPS? 

A esquerda burguesa e pequeno-burguesa integradas ao regime burguês, tanto por meio da “frente popular” ou por meio de outras políticas oportunistas, enfrentam uma gigantesca burocratização. 

A “frente Popular”, encabeçada pelo governo do PT, se apoia nos acordos com a direita para manter a “governabilidade” do regime, atuando como uma ala esquerda do governo de Temer ao trair todas as greves e paralisar as manifestações nas ruas. Colocar as massas a reboque da “frente popular” representa uma traição aos interesses dos trabalhadores. A única maneira de combater o golpe, de maneira efetiva, passa pela organização independente de todos os setores da burguesia.

A LPS repudia a esquerda pequeno-burguesa que se agrupa em torno do chamado “terceiro campo”. 

A LPS levanta a bandeira da unidade contra os ataques e a construção da greve geral por tempo indeterminado, mas mantém a sua independência em relação às direções oportunistas denunciando cada capitulação contra o desenvolvimento da luta.


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