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Violência contra as mulheres no trabalho

A violência contra as mulheres aparece na sociedade de mil maneiras e vai desde uma ação mais direta (agressões físicas, estupros etc.) a ações mais veladas, como é o caso da violência emocional. Ela está presente em todos os organismos sociais: família, escola, igreja, trabalho etc. A agressão e abusos contra o gênero feminino está se desenvolvendo como misoginia, que é o ódio que se sente só pelo fato de a vítima ser mulher. Essa violência, em geral, vai gerar o estupro, o espancamento, o assassinato passional etc. 

Nos locais de trabalho essas ações são corriqueiras, principalmente quando alguma trabalhadora tem uma função subordinada ao chefe (homem). Ou seja, se a funcionária está sob o comando do homem, o patrão (ou mesmo “colegas” de trabalho) agem como se esse comando extrapolasse o limite profissional – a subordinação não é apenas nas tarefas ou hierarquia do trabalho, mas entre os gêneros. 

Assim como na vida social, no trabalho também se repetem as três principais formas de opressão contra o gênero feminino.


Violência sexual, física e emocional


A violência sexual está relacionada com a prática de forçar uma mulher a manter relações íntimas que ela não quer, que não lhe agradam, ou mesmo forçá-la a ter relações com outras pessoas. Um dos casos típicos, das práticas mais conhecidas nas entrevistas de emprego é o chamado “teste do sofá”, onde o empregador obriga a candidata a manter relações sexuais como condição para conseguir o emprego. Cotidianamente as mulheres também sofrem com o famoso “passar a mão”. 

Os assédios e chantagens são ações “comuns” no ambiente profissional como, por exemplo, os patrões “negociarem” uma promoção, transferência e, inclusive, uma demissão em troca de práticas sexuais. Não bastasse todo o sofrimento, essas mulheres ainda são vítimas do julgamento social e de uma intensa campanha de criminalização.

A violência física se dá quando um homem empurra uma mulher, estapeia, morde, cospe, esmurra, queima, esfaqueia etc. Esse tipo de violência é caracterizado pela incapacidade de reação da vítima – de um ataque sem poder de defesa de uma das partes. Na maioria dos casos, inclusive, o agressor conta com o fato de a mulher agredida não conseguir denunciar o ocorrido. Diante de qualquer tentativa de reação por parte da vítima, o mais comum é que o criminoso passe a perseguir e ameaçá-la. 

Deixar a mulher sem assistência quando está doente, grávida ou necessitada de cuidados também é considerada uma violência física. No trabalho, isso ocorre muito, por exemplo, quando o empregador retira os benefícios ou mesmo demite mulheres grávidas. 

Já a violência emocional é a mais difícil de ser identificada e uma das mais presentes nos locais de trabalho. Ela é caracterizada pelo xingamento com frequência, agressões e humilhações repetidas, exploração das fragilidades da vítima etc. O sistema público de saúde inclusive registrou diversas internações por conta desse tipo de violência. Ela é tão perigosa que provoca a demissão voluntária da vítima – ela pede exoneração por não aguentar seu agressor. O desenvolvimento desse tipo de violência leva as mulheres a cometerem suicídios, automutilação, vícios etc. A vítima passa a beber e consumir drogas como forma de refúgio. 

Esses tipos de violência acabam com a produtividade das trabalhadoras, o que a médio e longo prazo acarretará em demissões, perca de bônus, de incentivo e promoções. Esses três tipos de violência precisam ser pensados ao se fazer a luta das mulheres nos ambientes de trabalho e pela isonomia.


O Estado como incentivador da violência


A violência sofrida nos locais de trabalho tem como base uma política do regime burguês, de conjunto, que se concentra nos ataques promovidos pelo Estado. Em uma sociedade capitalista, toda a criação das mulheres gira em torno da ideia de um gênero “fraco”, orientado para um projeto doméstico e emocional. Já os homens recebem uma criação proativa: eles serão os “machos”, os que irão atrás dos seus desejos, conquistar os espaços públicos, trabalhar fora, etc.

Toda a criação dos filhos fica a encargo do gênero feminino. Logo, a falta de serviços públicos de qualidade afeta diretamente o trabalho das mulheres. Se não há creches, escolas públicas, transporte, saúde etc., como essas mulheres poderão se lançar no mercado de forma integral, como fazem os homens? Ou seja, o próprio Estado impõe uma situação de maior precariedade no trabalho das mulheres.

Qualquer discussão sobre isonomia jurídica, cível e social passa pela discussão de igualdade entre as pessoas humanas, independente do sexo. No mundo capitalista, as mulheres não são tratadas como seres humanos em igualdade de direitos. São pessoas de mesma igualdade constitucional, mas que na prática, no cotidiano, não se dá dessa forma. Em todos os níveis da vida pública existem regras diferentes para homens e mulheres. Isso nos mostra que a luta não pode ser apenas por direitos democráticos. Trata-se de uma luta pela mudança e transformação da sociedade, pela derrubada do capital e pela implantação do socialismo.


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