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O esgotamento da especulação com o petróleo

O preço do barril do petróleo, que chegou a US$ 50 nos últimos dias, tem caído para US$ 45, com a tendência permanecer diminuindo, rumo novamente aos US$ 30 o barril. Trata-se de uma situação gritante principalmente considerando que há dois anos o preço estava em US$ 110. 

Os países mais afetados são os mais dependentes da renda petrolífera como a Rússia, a Venezuela e as monarquias do Oriente Médio, em primeiro lugar a Arábia Saudita. Há também países menores como a Nigéria, Angola e Equador. O Brasil é um grande exportador de petróleo cru e importador de derivados e combustíveis.

Na América Latina, há grandes países exportadores de petróleo, como o Brasil, Equador, Venezuela e agora, a Argentina, por meio principalmente de um campo de petróleo que existe no sul do País, chamado Vaca Muerta, que foi concedido à Chevron. Com o preço do petróleo caindo violentamente, fica cada vez mais difícil viabilizar comercialmente os mecanismos de exploração e produção. A tendência é que esses países, assim como toda a América Latina, entrem novamente na crise, como a que aconteceu na década de 1980, em que se viram impossibilitados de pagar os serviços das dívidas públicas, entraram em bancarrota e caíram nas garras da truculência do Fundo Monetário Internacional. A história tende a se repetir numa situação muito mais dramática.


Rumo a um novo colapso capitalista mundial

A crise das políticas “neoliberais” deu lugar a várias crises localizadas no início da década de 1990, como a do México e da Turquia. Na segunda metade da mesma década, aconteceu a crise , dos chamados Tigres Asiáticos, da Rússia e da Argentina. No início da década passada, aconteceu o Argentinazo (2001), a crise na Bolívia, na Venezuela, no Equador, no Uruguai e no Brasil. Quando a crise estava para explodir nos Estados Unidos, no final da década de 1990, o imperialismo inventou a Guerra do Iraque e a do Afeganistão na tentativa de desviá-la por meio do controle direto do petróleo do Oriente Médio. Todos os mecanismos estruturados explodiram e levaram à crise de 2008, que impactou de maneira mais ou menos suave o Brasil. Tanto foi assim que o então presidente Lula a tratou como uma “marolinha”. Os mecanismos para conter o colapso mundial de 2008 foram baseados em muito crédito com dinheiro público. Eles começaram a explodir a partir do ano 2012 e detonaram com muita força a partir de 2014/2015. Esse foi o principal fator que levou ao impeachment da presidenta Dilma.

Todos os mecanismos de contenção da crise mundial fracassaram em escala mundial: na Europa, nos Estados Unidos, no Japão, na China, no Brasil e em todo mundo. Na China, que é considerada como a “locomotiva” do mundo, só as empresas privadas acumulam uma dívida de US$ 18 trilhões, o que equivale a 170% PIB. No Japão, a dívida pública soma 240% da produção anual. Nos Estados Unidos, essa dívida passou de US$ 6,5 trilhões, em 2006, para quase US$ 20 trilhões neste ano. Somando os débitos da guerra do Afeganistão e do Iraque, as dívidas das empresas, dos estudantes, dos consumidores e o provisionamento da Seguridade Social, o endividamento geral está previsto em algo próximo aos US$ 100 trilhões. Isso corresponde a cinco vezes e meio o PIB norte-americano ou a uma vez e meio o PIB mundial. O gigantesco parasitismo e a incapacidade de extrair lucros da produção caminham rumo a nova explosão em proporções muito maiores que a de 2008.


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