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Bolhas que irão explodir

As bolhas financeiras, que representam um significativo acúmulo de capital fictício, colocam a perspectiva do aprofundamento da crise capitalista mundial na evolução rápida para uma crise de enormes proporções . Existem muitos sintomas. Um deles, que foi relatado por vários especuladores do mercado financeiro mundial, e que apareceu em vários órgãos da imprensa imperialista recentemente, se relaciona com o alto preço das ações.

O aquecimento do mercado de ações no mundo se deve à corrida provocada pelo excesso de capital fictício que existe no mercado mundial. Ao mesmo tempo, houve o aumento na taxa de juros dos Estados Unidos, pela terceira vez, desde dezembro do ano retrasado, para uma banda de 1% a 1,25%. Trata-se de uma novidade para uma economia que esteve durante mais de 10 anos com uma taxa de juros de quase 0%. Isso representa um ponto muito importante para as grandes empresas que atuam nos Estados Unidos. Elas dependem, de maneira visceral, dos empréstimos da Reserva Federal, que é o banco central norte-americano. 

As grandes empresas tiveram trilhões comprados em ações, em dívidas e em outros títulos que elas emitem e que têm apodrecido conforme as próprias empresas têm entrado em crise – o governo, por meio da Reserva Federal, comprou pelo valor cheio, quando no mercado valiam entre 10% e 30% desse valor. Assim, foi acumulando um volume gigantesco de títulos podres que, neste momento, soma mais de US$ 5 trilhões.

Existe um mercado especulativo trilionário, relacionado com os títulos podres, que movimenta em torno a US$ 7 trilhões por ano. As taxas de remuneração caíram de 15%, no pico de 2013, até chegarem a menos de 4%. É esse o verdadeiro motivo do aumento dos juros. Mas, devido às contradições do capitalismo moribundo, uma “solução” acarreta outros graves problemas.


O vale tudo da desregulamentação

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acabou de nomear como responsável pela FDIC, a agência reguladora dos depósitos bancários, James Clinger, um renomeado conservador. Clinger é totalmente contrário a Dodd-Frank, o parlamentar que deu nome à Emenda de 2010, que estabeleceu certa regulação do sistema financeiro norte-americano na tentativa de conter os “excessos” que estiveram por trás do colapso capitalista de 2008. Trata-se de uma das principais promessas da campanha eleitoral e que mostra que o grande capital se encontra desesperado na tentativa de conter a rápida queda da taxa de lucros. De acordo com a Revista The Economist, que funciona como uma espécie de observatório do imperialismo, essa queda foi de 25% nos últimos cinco anos e afeta, principalmente, as 157 famílias que dominam o mundo (de acordo com o estudo publicado pela Universidade de Zurich, em 2011) a partir do controle das 1.100 maiores empresas – que controlam outras 30 mil grandes empresas.

O grande capital não consegue mais extrair lucro de uma maneira medianamente normal, como investir em uma fábrica. Agora, encontra dificuldades para extrair lucros até da especulação financeira, a não ser com a especulação “selvagem”, principalmente a partir dos nefastos derivativos financeiros e sem nenhuma regulação.

Os cincos principais bancos norte-americanos detêm aproximadamente US$ 350 trilhões em valores nominais de derivativos financeiros.


A inevitável queda da taxa de lucros

A especulação financeira representa o coração da economia capitalista extremamente parasitária. A crise capitalista mundial, de 1974, colocou uma lápide na obtenção de lucros a partir das atividades produtivas. A queda da taxa de lucros se acelerou. As leis analisadas por Karl Marx, no livro “O Capital”, passaram a atuar com intensidade máxima: a busca pelo lucro a qualquer custo, a super exploração dos trabalhadores, a tendência à queda das taxas de lucro, esta última apesar dos mecanismos ultra-depredadores.

O chamado “neoliberalismo” teve como base a entrada de centenas de milhões de operários asiáticos no mercado, submetidos a condições de trabalho de semi-escravidão, e a entrega das empresas públicas e do grosso dos recursos da sociedade aos capitalistas. Desta maneira, a especulação financeira alcançou níveis nunca imaginados antes. Somente os nefastos derivativos financeiros somam mais de dez vezes o montante da economia mundial e converteram o mundo num verdadeiro “casino de apostas e contra-apostas”.

O neoliberalismo entrou em colapso definitivo com a bancarrota capitalista de 2008. Devido à impossibilidade de elaborar uma nova política, em virtude do tremendo parasitismo, a economia continua funcionando basicamente em cima da especulação financeira, que acarreta operações de apostas e contra-apostas para garantir os lucros dos capitalistas. As próprias regras contábeis, a chamada SFAS-140, considera o “full book netting” (vínculos contábeis cheios), que importa os riscos de uma empresa para serem descontados por outra, numa operação parecida com o desconto do ICMS, feita em operações interestaduais na contabilidade brasileira. Na realidade, essa é uma operação suicida, um “kamikaze”, que somente se sustenta por conta da premissa de que não acontecerá uma bancarrota em massa como a que começou em 2008. O problema colocado é que os mesmos mecanismos que levaram a esse colapso se encontram em pleno funcionamento agora, com intensidade muito maior, devido à paralisia da economia e ao gigantesco endividamento do Estado burguês.


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