O XIII CONTECT (Congresso Nacional dos Trabalhadores do Correios) da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores do Correios) aconteceu entre os dias 31 de maio e 2 de junho, em Brasília, e reuniu representantes dos trabalhadores dos Correios de todo o País. O Congresso foi marcado pelo pouco debate e pelo fato de a burocracia sindical estar mais interessada nas eleições da direção da FENTECT do que em organizar a luta dos trabalhadores. Isso demostra a debilidade de uma esquerda que não consegue debater as suas divergências políticas em busca de uma verdadeira unidade na luta.
Dentre os poucos temas debatidos no evento, a organização da campanha salarial da categoria, com a retirada de um calendário mínimo de lutas e os principais eixos que nortearão essa luta, só ocorreu graças à pressão política da delegação da LPS (Luta Pelo Socialismo) presente no Congresso, que teve que assumir a mesa dos trabalhados para conseguir dar os encaminhamentos.
Breve resumo do dia-a-dia do Congresso
O primeiro dia começou com o credenciamento dos delegados. Em seguida foram convidados dois companheiros, Juan Palacios, do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios da Argentina (AATRAC), e George Florence, vice-presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios Canadense (CUPW), para falar sobre a situação dos Correios de seus países e a semelhança com os ataques sofridos pela ECT.
Na sequência foi lido o Regimento interno e depois passou ao ponto de defesa da Tese guia que nortearia o debate no Congresso. A tese da LPS (Luta Pelo Socialismo) foi defendida pelo companheiro Pedro Paulo, que fez um chamado à unidade na luta e chamou a atenção para a necessidade de formação teórica dos quadros que irão levar adiante as campanhas salariais dos Trabalhadores dos Correios e demais lutas, sobretudo a luta contra a privatização da estatal, afinal, sem teoria revolucionária não há prática revolucionária.
Todas as teses que compuseram o Caderno de Teses do XIII Contect foram apresentadas e defendidas. Em seguida foram colocadas para a votação do plenário, onde foi escolhida a Tese Guia do Congresso, vencendo a tese de Articulação (PT).
As atividades do 2º dia do CONTECT começaram com bastante atraso em virtude das divergências entre as correntes políticas quanto ao encaminhamento dos trabalhos. Por volta do meio-dia, instaurou-se a Mesa dos trabalhos com o companheiro Pedro Paulo, da LPS, que fez à leitura da pauta de reinvindicações.
As sugestões de melhoria da redação ou da proposta foram encaminhadas à mesa. Para sistematizar tais propostas, foi criada uma comissão considerando a correlação das forças políticas da Fentect.
Na sequência foi realizada uma palestra do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Durante a exposição, feita pelo diretor do DIEESE, Max Leno, foi apresentado o cenário desastroso da economia brasileira: aumento da taxa oficial do desemprego (13,7%); crescimento da informalidade; redução do número de carteiras assinadas; queda nos rendimentos médios; etc. Também foi feito um debate sobre os índices, ponto que serviu como base para a discussão da pauta econômica da campanha salarial dos Correios. O expositor trouxe ainda vários dados que servirão de munição para as negociações com a Empresa como, por exemplo, o aumento de 49,9% na Receita Nominal de Vendas e 67,4% na Receita Total nos últimos seis anos (de 2010 a 2016).
No final da tarde foi aberto o espaço às falas do 3º vice-presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios Canadense, George Florence, e da presidenta do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios Canadense de Milton, Lisa Aguiar. Os convidados falaram da tentativa do Correio implementar o DDA (Distribuição Domiciliar Alternada) no Canadá e de como os trabalhadores, com o apoio da população, enfrentaram e conseguiram barrar esse ataque.
Depois, no ponto da campanha salarial, além da pauta de reivindicações aprovada, foram apresentados e aprovados os seguintes índices de reajuste econômicos para a campanha salarial, data base 2018/2019: 8% de reajuste salarial + R$ 300 linear + ticket R$ 45,00 facial (valor referente a cada ticket) + vale cesta R$ 440,00 + 8% nos demais benefícios.
Os eixos e bandeiras de luta aprovados foram:
- Não à privatização dos Correios;
- Fim do DDA: em defesa da entrega porta a porta, diariamente;
- Pela manutenção da rede própria de atendimentos (AC's). Não à política de franqueamento das agências;
- Novas contratações por concurso público já!
- Retorno do Correios Saúde para o Recursos Humanos da ECT com custeio integral pela Empresa;
- Não à extinção do OTT; Contra a terceirização e a precarização;
- Liberdade para Lula!
Calendário de Lutas:
06/06 - Sistematização da pauta
7, 8 e 9 de junho – Assembleias para aprovação da Pauta pelos sindicatos
11/06 - Entrega da Pauta à ECT e instalação do Comando de Negociação
12/06 - Início das negociações
03/07 – Assembleia para deliberar o estado de greve e o indicativo da greve geral na ECT
16/07 - Término das negociações
18/07 - Assembleia de deflagração de greve
*Paralisação a partir das 22 horas do dia 18/07
*Demais assembleias intermediárias serão ajustadas pelo Comando de Negociação.
O último dia do CONTECT, que teve início no dia 2 de junho e só terminou na madrugada do dia 3, aprovou as mudanças no estatuto e a prestação de contas, debateu sobre cooperativismo e elegeu a nova Diretoria Colegiada da Fentect.
O Congresso contou com uma palestra do diretor presidente da Cooperativa de Crédito dos Trabalhadores dos Correios (COOPERCORREIOS), ligada ao SICOOB, Claudinei Assis.
O último ponto de pauta foi a eleição da nova diretoria da Fentect. O que era para ter se iniciado logo após o jantar, só teve início por volta das 00h40min. Tamanho atraso foi devido à crise política interna dos coordenadores da bancada da Articulação Sindical. Quatro chapas foram inscritas: Chapa 1 - Articulação Sindical, MSB, MUT e MTC; Chapa 2 – PSTU, Unidos para Lutar, PSOL e MRL; Chapa 3 – Luta Pelo Socialismo (LPS) e Chapa 4 - Intersindical, PCO e Unidade Classista. A Articulação foi a mais votada, com 122 votos, ficando com a Secretaria Geral. O segundo lugar foi o bloco da Conlutas, com 99 votos, obtendo a Secretaria de Finanças. O bloco da Intersindical ficou com 43 votos e a LPS com 35 votos. Três delegados se abstiveram e um não votou. Houve um total de 299 votos válidos para efeito da composição dos cargos da Fentect. Ambas as chapas elegeram representantes à Fentect, proporcionalmente à quantidade de votos obtidos. A posse dos eleitos será no próximo mês de julho e o mandato será de três anos.
É preciso organizar a luta em unidade com as demais categorias
Como dito, o Congresso retratou a imensa crise política enfrentada pela esquerda que não consegue se unificar diante dos ataques aos direitos dos trabalhadores, tampouco para lutar contra o avanço da direita, que está retirando todos os direitos e as ínfimas “liberdades democráticas”. A disputa por cargos, mais uma vez, se impôs diante da urgência de organizar a luta da categoria.
A LPS buscou a todo o momento chamar a atenção para a necessidade da formação política para os militantes e de unificar a luta dos trabalhadores dos Correios com as categorias que também têm data base no segundo semestre. O que está em jogo é a luta contra a privatização das principais estatais do País, que estão sendo entregues aos grandes monopólios internacionais pelo governo golpista de Temer.
É urgente a unidade de toda a esquerda em torno de um programa mínimo para enfrentar os ataques que o imperialismo vem impondo a classe trabalhadora. Nenhuma luta isolada conseguirá lograr êxito nesse momento de intensa espoliação.