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Soul music perde sua grande estrela

Mais uma grande perda para o mundo da música.

Morreu, em 16 de agosto de 2018, aos 76 anos, em Detroit, nos Estados Unidos, a cantora Aretha Franklin, última estrela viva da era de ouro da música negra norte-americana. 

A lendária cantora lutava contra um câncer no pâncreas desde 2010 e anunciou que deixaria os palcos em 2017, com a ideia de limitar sua agenda a poucas e bem selecionadas apresentações, mas mesmo essas tiveram de ser canceladas este ano por recomendação médica. Por isso, não pôde se apresentar em março, em Newark, como estava previsto, nem em abril, no festival de jazz de Nova Orleans. A imprensa estadunidense noticiou que a artista estava gravemente doente e que os seus familiares pediam orações aos fãs da grande diva.

A família confirmou o falecimento da artista através de um comunicado oficial: "Em um dos momentos mais tristes de nossas vidas, não temos palavras apropriadas para expressar a dor em nossos corações. Perdemos nossa matriarca, a rocha da nossa família. O amor que ela tinha por seus filhos, netos, sobrinhos, sobrinhas e primos não tinha limite".

Conhecida por sucessos lendários como Respect (You Make Me Feel), A Natural Woman e Think, ela teve uma carreira que se estendeu por sete décadas, abalando a cena musical dos anos 60, introduzindo recursos do gospel em suas músicas, sendo escolhida a primeira mulher a integrar o Hall da Fama do Rock e conquistando 18 estatuetas do Grammy.


Uma estória de sucesso, hits e premiações


Nascida em 1942, em Memphis, Tennessee, ela cresceu em Detroit, a outrora rica metrópole dos carros e da música. Era de uma das muitas famílias afro-americanas que migraram do sul para o norte dos EUA com o “boom” industrial. Filha de uma cantora e pianista gospel e de um conhecido pastor batista, o reverendo Clarence LeVaughn Franklin (um pregador famoso muito próximo de Martin Luther King, apesar das alegações de maus-tratos a mulheres que pairam sobre a sua figura), Aretha foi orientada desde a infância por estrelas gospel como Mahalia Jackson e Clara Ward.

Mesmo assim, teve dificuldades para alcançar a fama – a gravadora Columbia não sabia em qual categoria deveria enquadrar sua voz poderosa.

Seu estrelato começou na década de 1960, dando voz a criações que marcaram a chegada do gospel à música secular. Em 1966, após migrar para a gravadora Atlantic Records, realizou algumas de suas apresentações mais impactantes. Dois anos depois, já era conhecida nos EUA e na Europa como "Lady Soul", um símbolo do movimento negro, retratada na capa da revista Time e premiada pelo ativista negro americano, Martin Luther King.

Após uma participação na comédia “The Blue Brothers”, ela lançou uma série de hits nos anos 1980, incluindo “Who's Zooming Who?” e “I Knew You Were Waiting” (For Me), em dueto com George Michael.

Querida por quase todos, ganhou a Medalha Presidencial da Liberdade do presidente George W. Bush, em 2005, quando foi elogiada por "capturar os corações de milhões de americanos".

Dez anos depois, levou o presidente Barack Obama às lágrimas quando cantou “You Make Me Feel” e “A Natural Woman”, no Kennedy Center, tendo antes cantado na cerimônia de posse do primeiro presidente negro dos EUA.

Há 30 anos não se apresentava fora dos Estados Unidos por causa de sua lendária fobia de voar. Sua última apresentação aconteceu em novembro do ano passado, em Nova York, no aniversário de 25 anos da Elton John AIDS Foundation, para arrecadar fundos para a Fundação.

Como dito, o mundo da música sofreu uma grande perda. Aretha Franklin, além de ter sido a rainha da música negra norte-americana, sempre foi uma ativista em favor dos direitos civis, do respeito pelas mulheres e da luta contra o preconceito racial nos EUA.



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