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O que quer Bolsonaro para a economia?

Jair Bolsonaro já se manifestou inúmeras vezes que não entende nada de economia. Isto está bem claro no plano de governo dele. Em algum momento, ele entregou a responsabilidade de seu projeto econômico nas mãos do ultra liberal Paulo Guedes que, dentre outras barbaridades, propôs o imposto igual para todas as faixas de renda. Quando viu o absurdo que havia falado, copiou o plano de Haddad e afirmou que as pessoas que recebem até cinco salários mínimos estarão isentas, o que duvidamos.

Porém, o plano para os impostos é apenas o topo da estrumeira. As práticas para o comércio internacional previstas em seu plano de governo são completamente entreguistas. Fala-se em atrair o capital estrangeiro – especificamente o dos Estados Unidos, da Europa e de Israel –, diminuindo as barreiras alfandegárias, o que levará ao golpe final na indústria e prestação de serviço nacional. A fuga de capital, ou seja, as empresas estrangeiras mandarem o lucro para seu país de origem e não no Brasil, irá se tornar ainda mais acentuada. Não há nada no sentido de reindustrializar o país, que se encontra em recessão nesse setor desde 1990.

No plano de governo, em conjunto com a atração de capital imperialista está a perspectiva de ampliar a privatização das empresas públicas. Mais que isso, Bolsonaro já prometeu que no primeiro ano de mandato, irá privatizar cinquenta das cento e quarenta e sete estatais existentes no Brasil. E, como o mercado estará completamente aberto ao capital estrangeiro, quem comprará as empresas públicas brasileiras será de fora do país.

O pior é que Bolsonaro levará adiante seu projeto privatista para assegurar maior competição entre as empresas, uma vez que com mais empresas concorrendo no mercado a situação do consumidor melhora e ele passa a ter mais opções, de melhor qualidade e a um preço mais barato. Como acreditamos que Bolsonaro não escreveu uma linha sobre essa parte, uma vez que o próprio assume que não entende de economia, devemos lembrar ao senhor Paulo Guedes que a livre concorrência é uma ilusão liberal. Em um mundo controlado pelo monopólio dos cartéis, trustes e holdings, não há livre concorrência possível. A diferença entre capitais de uma Coca Cola e um Guaraná Jesus, por exemplo, é absurda.

A parte que trata sobre os investimentos em agropecuária é esparsa e nada propositiva. Fala sobre facilitar para que os proprietários rurais se tornem os próprios gestores da terra, ou seja, retirando todo o subsídio estatal para o campo. Sobre o extrativismo, fala de uma possível exploração de nióbio e grafeno, afirmando que o Brasil deve se tornar um centro de pesquisa para a utilização desses dois materiais, ao mesmo passo que propõe que a educação e pesquisa brasileira seja feita na base das parcerias público-privadas. Ou seja, condicionará, também a exploração desses minerais, ao capital internacional.

Ataques diretos à população

Os ataques descritos acima, embora sejam localizados em âmbito macroeconômico, afetarão diretamente os mais pobres, uma vez que ao abrir o mercado para o capital externo, a indústria nacional poderá ser seriamente afetada e ao privatizar a maior parte das indústrias nacionais, os servidores poderão ser majoritariamente demitidos.

Porém, algo que está no plano econômico de Bolsonaro afetará diretamente todos os trabalhadores. É sua proposta de criar uma nova carteira de trabalho, com as cores verde e amarela, em que o contrato individual prevalecerá sobre a CLT. Os trabalhadores que “quiserem”, poderão permanecer com a carteira de trabalho azul, que manterá o ordenamento jurídico atual. Naturalmente, o que isso causará é que o patronato não contratará trabalhadores que queiram manter os direitos garantidos para a CLT e o contrato individual, sem nenhum direito fundamental e sem nenhuma proteção jurídica, será a tônica das contratações.

Como se percebe, o mesmo parlamentar que votou a favor de toda a retirada de direitos dos trabalhadores, quer fazer isso de maneira ampliada como presidente. Seu plano econômico é entreguista ao extremo e será catastrófico para a economia brasileira.


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