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Indicação de Moro evidencia caráter golpista da Lava Jato

A indicação política do juiz Sergio Moro, responsável pelas investigações da Lava Jato, para comandar o 'superministério' da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PSL) evidenciou de forma cabal o caráter golpista da Operação. A Lava Jato, conforme temos denunciado, foi e é uma ação orquestrada pela ala direita do regime político brasileiro, diretamente ligada aos interesses do imperialismo norte-americano. Não é nenhum exagero dizer que a eleição do represente da extrema-direita e do fascismo no Brasil só foi possível graças a ação do judiciário, em especial da República de Curitiba e do juiz Sergio Moro.

Dentre as ações tomadas por Moro estão as inúmeras arbitrariedades cometidas durante todo o processo que acabou por retirar da disputa eleitoral o preferido do povo nas intenções de voto. A prisão política do ex-presidente Lula foi a ação central do maior e principal cabo eleitoral de Bolsonaro, medida que efetivamente garantiu a vitória da extrema-direita nas urnas – sem esquecer, obviamente, do vazamento da delação premiada de Palocci em meio ao processo eleitoral e dos outros elementos dessa megaoperação como, por exemplo, o “caixa dois” envolvendo o disparo de mensagens pelo WhatsApp, como denunciou o jornal Folha de São Paulo, e a ação das igrejas evangélicas, em que vários setores se coligaram a Bolsonaro.

 As aspirações políticas do principal nome da Lava Jato não eram desconhecidas, muito menos o caráter político de tal Operação. Já em 2016, o PT chegou a encaminhar ao Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) uma petição sobre a atuação parcial do magistrado e a politização das decisões tomadas na força-tarefa. Tal peça foi novamente evocada pela defesa de Lula em um novo manifesto que deverá ser entregue à ONU, agora com o fato consumado.

Importante lembrar que ainda em novembro de 2017, durante um evento promovido pela revista Veja, o próprio Moro deu declaração afirmando que não seria apropriado postular cargo político de qualquer espécie porque isso "poderia, vamos dizer assim, colocar em dúvida a integridade do trabalho que eu fiz até o presente momento".


Juristas e imprensa internacional denunciam fraude


O papel golpista do judiciário nestas eleições não passou despercebido. A imprensa internacional destacou o fato de Bolsonaro ter dado cargo ao “homem que prendeu Lula”. O jornal espanhol, El País, por exemplo, estampou a manchete "O juiz que encarcerou Lula da Silva aceita ser ministro da Justiça de Bolsonaro", dando destaque ao fato de que sua pasta terá funções ampliadas e mais poder. Mesma coisa o jornal britânico, The Times, que destacou: "Jair Bolsonaro promete alto cargo a juiz que aprisionou seu rival". O portal BBC foi na mesma linha. Já o Le Monde, jornal francês, além de classificar o novo governo como de "extrema-direita", enfatizou o fato de a notabilidade de Moro ter se dado em função da condenação do ex-presidente Lula.

A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), por sua vez, emitiu nota afirmando que irá entrar com uma representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o juiz Sergio Moro. De acordo com a denúncia da ABJD, Moro "ainda na condição de magistrado, atuou como se político fosse, aceitando o cargo de Ministro da Justiça antes mesmo da posse do Presidente eleito e, grave, tendo negociado o cargo durante o processo eleitoral, assumindo um dos lados da disputa, conforme narrado pelo General Hamilton Mourão". "Tal movimentação pública e ostensiva do juiz confirma a ilegalidade de sua atuação político-partidária em favor de uma candidatura, o que se vincula ao ato de divulgação do áudio de Antônio Palocci para fins de prejudicar uma das candidaturas em disputa".

O órgão ainda descreve 11 episódios que “denotam que o ativismo jurídico foi convertido em instrumento de violação de direitos civis e políticos, a condicionar o calendário eleitoral e o futuro democrático do País, culminando com a aceitação do magistrado ao cargo de Ministro da Justiça”.


Organizar os trabalhadores na rua


Não há dúvidas sobre o caráter golpista destas eleições, montadas para atender ao único resultado aceitável para a burguesia: a expurgação da esquerda reformista da presidência.

A eleição de Bolsonaro não foi um acontecimento “ao acaso”, de uma suposta “escolha popular”. Tratou-se de uma megaoperação que vem sendo germinada há anos, por meio de “um acordão, com o Supremo, com tudo”, como bem afirmou Romero Jucá, em ocasião do impeachment de Dilma Rousseff.

O sufrágio universal foi utilizado pela direita para dar a falsa impressão que a população estaria escolhendo “livremente” seu representante, quando, na verdade, toda a política de golpes foi estruturada para apresentar à classe trabalhadora essa única opção. E mesmo isso só foi possível porque a burocracia cumpriu com seu papel histórico, de contenção das massas. Haddad foi levado ao segundo turno graças, única e exclusivamente, a resistência popular. Não por acaso, sua maior votação foi nos estados mais podres, com destaque para a região Nordeste.

As instituições burguesas, cada vez mais, são obrigadas a expor o seu caráter golpista e antipopular. No caso do judiciário, poder mais monárquico do nosso regime, a desmoralização é completa. Aos trabalhadores, a única saída possível é se organizar para lutar em defesa dos seus direitos, do seu emprego, da sua família e sua existência. Cabe às organizações classistas qualificar a politização de seus quadros. O que está colocado é um período em que os enfrentamentos se tornarão mais contínuos. As ilusões com a democracia burguesa serão colocadas em cheque através de intensas mobilizações nas ruas!



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