O Nordeste foi a região brasileira onde a votação em Jair Bolsonaro foi a menos expressiva. Mais que isso, por inúmeras vezes, alguns governadores nordestinos, como Flávio Dino (PCdoB/MA) e Rui Costa (PT/BA), se manifestaram abertamente contra o governo federal. Agindo não como o presidente do país, mas como um adolescente com raiva e espírito vingativo, Bolsonaro tema realizado represálias contra os estados nordestinos. A última a se tornar pública, foi o fato da Caixa Econômica Federal ter reduzido drasticamente a concessão de empréstimos para estados e municípios nordestinos.
Segundo levantamento feito pelo Estadão/Braodcast, publicado no dia 02 de agosto, até julho de 2019, a Caixa autorizou o empréstimo de R$ 4 bilhões para governadores e prefeitos brasileiros. Para o Nordeste, foram concedidos menos de dez empréstimos, que totalizam R$ 89 milhões, ou seja, apenas 2,2% do valor total dos empréstimos concedidos. Segundo as informações colhidas pelo Estadão, fontes anônimas da própria Caixa e da área econômica, a ordem para não se conceder empréstimos para o Nordeste partiu do presidente do banco, Pedro Guimarães, que chegou ao cargo por escolha de Jair Bolsonaro e do Ministro da Economia, Paulo Guedes.
Que Bolsonaro é extremamente xenófobo em relação ao Nordeste, não é nenhuma novidade. Ainda em julho, em um café da manhã com jornalistas, sem perceber que estava sendo gravado, Bolsonaro foi filmado dizendo ao Ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni: “daqueles governadores de ‘Paraíba’, o pior é o do Maranhão. Não tem que dar nada para esse cara”.
Pelos desdobramentos da Caixa boicotar empréstimos aos estados e municípios nordestinos, fica evidente que Bolsonaro não falou “da boca para fora” e muito menos que “ama o Nordeste”, o que chegou a afirmar após as repercussões negativas de suas falas xenófobas. Muito pelo contrário, o presidente brasileiro realmente não “dará nada para esses caras”, mesmo com essa sendo a região brasileira com os piores indicadores socioeconômicos e que muito necessita dos subsídios federais. Bolsonaro, que se elegeu com um discurso tecnicista, falando que colocaria em cargos públicos pessoas competentes e com conhecimento de causa, que governaria o país sem “amarras ideológicas”, na verdade, age de maneira a perseguir e aprofundar o estado de exceção aos seus adversários políticos.