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100 anos de Jackson do Pandeiro

Em 31 de agosto de 1919, Alagoa Grande/PB, prensenteava o Brasil com José Gomes Filho, que seria conhecido como Jackson do Pandeiro, o Rei do Ritmo. Considerado o maior ritmista da MPB, difundiu para todo o Brasil músicas do povo nordestino. Com trinta álbuns gravados no formato de LP, desde “Forró do Limoeiro” em 1953, foram vinte e nove anos de carreira musical e um impressionante acervo artístico composto por cento e trinta e sete discos. Na biografia mais completa do ritmista, escrita pelos jornalistas Fernando Moura e Antônio Vicente, há catalogadas 415 gravações deixadas por ele.

Era filho do oleiro José Gomes e da cantora de coco pernambucana Glória Maria da conceição, conhecida como Flora Mourão. Aos oito anos, em Alagoa Grande, acompanhava sua mãe tocando zabumba nas festas da cidade. Após a morte do marido, Flora e seus três filhos, José, Severina e João, seguiram a pé, em uma viagem que durou quatro dias, para Campina Grande em trinta e dois (1932). Além das influências de sua mãe, sua formação musical foi enriquecida na feira central de Campina, onde conviveu com artistas populares. Durante o dia trabalhou como engraxate e em uma padaria. À noite, tocava no Cassino Eldorado.

Foi cantor, compositor e instrumentista. Fã de filmes de faroeste, seu nome foi inspirado em Jack Perry, estrela dos filmes do gênero na época. Desse modo passou a ser conhecido como Jack do Pandeiro após iniciar como pandeirista. O sucesso começou em 1939, quando fazia dupla com José Lacerda.

De mudança para João Pessoa, no início da década de quarenta, continuou tocando em boates e cabarés. Logo em seguida foi contratado pela Rádio Tabajara para tocar na orquestra da emissora sob a regência do Maestro Nozinho. Passaram-se dezoito anos entre Campina e João Pessoa. Nesse período tocou zabumba, bateria, bangô, reco-reco, além do pandeiro. Acompanhado do maestro Nozinho foi para a Rádio Jornal Comércio Recife em 1948. Alegando melhor sonoridade na pronúncia, Hernane Sérgio, chefe de locução da rádio, propôs a Zé Jack uma mudança de nomee assim surgiu Jackson do Pandeiro.  Nesse período fez dupla com o famoso apresentador e compositor Rosil Cavalcanti.

Aos trinta e cinco anos conseguiu gravar seu primeiro disco pela  Copacabana, uma das maiores gravadoras da época. Um disco que continha duas de suas maiores obras “Sebastiana”, de Rosil Cavalcanti; e “Forró em Limoeiro”, composto por Edgar Ferreira.

 

Sucesso e mudança para o Rio

 

Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1954 e em 1956 casou-se com Almira Castilho de Albuquerque, ex-professora, cantora de mambo, dançarina de rumba e atriz. Ela o ensinou a assinar o nome e o estimulou a levar suas músicas para fora do Nordeste. Com o destaque do casal em âmbito nacional, passaram a atuar em filmes populares, como “Minha sogra é da Polícia”, “Cala a boca Etelvina”, “Tira a mão daí” e “Batedor de carteiras”. Formaram uma dupla de sucesso até 1967, quando o casamento acabou e a dupla se desfez.  Jackson do Pandeiro casou-se novamente, agora com uma baiana, Neuza Flores dos Anjos, vivendo com ela até seus últimos dias.
No Rio de Janeiro, trabalhando na Rádio Nacional. Emplacou hits como “O Canto da Ema”, “Chiclete com banana”, “Um a Um” e “Xote de Copacabana”. Deixava os críticos fascinados com sua facilidade para cantar os mais variados gêneros: baião, coco, samba-coco, rojão e marchinhas de carnaval.

Até meados dos anos 60, Jackson seria a sensação nas rádios e nos programas de televisão, mas caiu no ostracismo depois que a “nova MPB”, com a Bossa Nova, Tropicália e Jovem Guarda ganhou o apreço da indústria cultural. E foram os próprios tropicalistas que, nos anos 70, colocaram a música de Jackson novamente em evidência, quando Gilberto Gil regravou Chiclete com Banana. Hoje o artista é reverenciado pela contribuição na valorização da música nordestina na cultura brasileira.

Faleceu aos sessenta e dois anos, em 10 de julho de 1982) em Brasília e foi enterrado no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro. Músicos e compositores populares estiveram presentes à cerimônia, mas nenhuma medalha da MPB lhe foi conferida. Hoje seus restos mortais encontram-se em um Memorial em sua homenagem em Alagoa Grande/PB, sua cidade natal.

Em outubro de 2018, o governo da Paraíba aprovou, que o ano em que o artista comemoraria cem anos, 2019, fosse nomeado “Ano Cultural Jackson do Pandeiro”. Acontecerão homenagens ao artista o ano inteiro no Estado. Entre os tributos está o musical teatral O Marco do Rei do Ritmo – Um musical em Cordel, de Astier Basílio, Jornalista e Escritor paraibano. O espetáculo foi apresentado dentro da programação da 10ª Edição do Festival Internacional de Música em Campina Grande (FIMus). Outra homenagem aconteceu em João Pessoa, com o Festival de Artes Jackson do Pandeiro, no Espaço Cultural José Lins do Rego. Ambos festivais aconteceram no mês de julho.

Entre a sua discografia estão:

Sua majestade o Rei do Ritimo (Columbia – 54)

Jackson do Pandeiro (Columbia – 55)

Forró do Jackson (Columbia – 56)

Os donos do ritmo (Copacabana – 58)

A tuba de muié (Copacabana – 61)

O Cabra da Peste (Copacapana – 63)

Sina de Cigarro (CBS – 72)

Se tem mulher tô lá (Chantecler – 74)

Um nordestino alegre (Chantecler – 76)

Nossas Raízes (Chantecler – 79)

Isso é que é forró (Polygram – 81)


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