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Greve dos Correios balança Governo e mostra o caminho para as outras categorias

No último dia 10 de setembro, os trabalhadores dos Correios deflagraram uma grande greve nacional contra a retirada de direitos históricos da categoria e contra a privatização da Estatal, política que vem sendo anunciada pelo governo Bolsonaro. A greve, um movimento forte de toda a categoria, paralisou as principais atividades de entrega no País, o que balançou as estruturas do governo, que não conseguiu impor os ataques desejados, levando a direção dos Correios a ajuizar o Dissídio Coletivo no Tribunal Superior do Trabalho (TST). No julgamento do Dissídio, que ocorreu no último dia 02 de outubro, os ecetistas conseguiram manter a quase totalidade do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), excetuando-se o plano de saúde para pais e mães dos trabalhadores (uma grande perda que a ECT e o governo vêm tentando retirar há anos).

Além do reajuste de 3% nos salários, índice que incidirá em todas as cláusulas econômicas por um ano (retroativo à 1º de agosto), o TST manteve as cláusulas sociais por dois anos, provavelmente pensando em evitar outra greve geral da categoria para o ano que vem e para que o governo possa ter “folga” para manter sua política de privatização da Estatal, apoiando-se na Reforma Trabalhista, em vigor, que disciplina que as mesmas cláusulas repassadas aos trabalhadores só podem permanecer por dois anos, exceto se se mantiverem em Acordo Coletivo de Trabalho. Ocorre que, em muitas das vezes, as campanhas salariais dos trabalhadores dos Correios são decididas via sentenças do TST, problema que os ecetistas terão que enfrentar mais adiante.

A greve, de extensão nacional, causou grande repercussão, inclusive internacional. Até mesmo o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Serviço de Inteligência de Bolsonaro, dirigido pelo general Augusto Heleno, se mostrou  preocupado com a mobilização e passou a monitorar de perto as campanhas salarias das demais categorias que estão em curso. Segundo declaração do general, a greve dos trabalhadores dos Correios, que foi de natureza econômica, poderia tomar proporções políticas de uma luta contra o plano de privatizações das estatais anunciado pelo ministro da economia, Paulo Guedes. Isso, inclusive, só não foi possível graças à política de contenção imposta pelas direções burocráticas, que cometeram o erro político e tático de retroceder o movimento paredista na segunda quinzena de setembro.

O medo da direção dos Correios foi tamanho que ela ajuizou o Dissídio Coletivo de Greve logo no primeiro dia do movimento e buscou no TST a solução para um impasse que ela própria criou ao se negar a continuar o processo de negociação com os trabalhadores. A greve, considerada uma das maiores do País no último período, teve a unidade dos 36 Sindicatos de trabalhadores dos Correios. Essa unidade histórica foi conseguida depois de a direção dos Correios apresentar a sua proposta de retirada de direitos na alteração de cerca de 40 cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho vigente, além de um reajuste de 0,8% do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Ou seja, ataques a direitos históricos dos trabalhadores e um reajuste bastante inferior à recomposição da inflação acumulada do período.

 

O caminho é a unidade de classe

 

A unidade dos trabalhadores dos Correios (embora por apenas alguns dias) evidenciou a necessidade de se unificar as categorias que estão sofrendo ataques diretos do governo como petroleiros, eletricitários, educadores, metroviários etc., mostrando que é possível e extremamente necessário lutar contra a política de desmonte que esse governo, entreguista e subserviente ao imperialismo norte-americano, está tentando implantar no Brasil. É preciso dar uma resposta de conjunto à política lesa pátria de Jair Bolsonaro (PSL).

Na Petrobrás, a política de privatização e retirada de direitos, inclusive com a tentativa de inviabilizar o Acordo Coletivo de Trabalho da categoria, é exatamente a mesma aplicada nos Correios. Importante destacar que os petroleiros também estão com seu Acordo sendo mediado pelo TST. Trata-se do mesmo “modus operandi” para todas as estatais. O plano é acabar com direitos históricos dos trabalhadores para “enxugar” as empresas e, com isso, facilitar a sua privatização, entregando o patrimônio do povo brasileiro para a iniciativa privada internacional, a preços módicos.

A situação também se assemelha aos ataques contra os educadores, que enfrentam a política de privatização das universidades públicas. O governo também aplica o sucateamento na educação brasileira e já cortou milhões em verbas, prejudicando o desenvolvimento de pesquisas e produção de conhecimento do País. Um absurdo que deve ser respondido não de forma isolada, somente pelos professores, mas entendendo essa como uma das pautas da classe operária, afinal de contas, são os filhos dos trabalhadores que serão impedidos de ter acesso à educação. O problema de uma categoria deve ser entendido como um problema de todas para que se crie uma unidade na luta, de verdade.

 

Romper o medo e ir para a ofensiva

 

A greve dos trabalhadores dos Correios aconteceu em meio a uma imensa recessão do País, com indicadores altíssimos de desemprego. Portanto, ela serviu para, parcialmente, romper com o medo e mostrar que é possível e extremamente necessário fazer greves e mobilizações contra esse governo de extrema-direita que só apresenta ajuste e aumento da exploração à população, sobretudo a mais pobre. O movimento paredista dos trabalhadores dos Correios foi uma demonstração de que é preciso reunir todas as categorias e construir uma pauta mínima e unificada para lutar contra a política de destruição do Estado brasileiro e das organizações sindicais. A greve é uma das arma da classe trabalhadora e deve ser usada de forma a conscientizar a população sobre o prejuízo que significa a entrega das estatais brasileiras à iniciativa privada.

Neste sentido, a ação direta organizada pela classe trabalhadora, através da greve, é uma política acertada para conter os ataques do governo que visa entregar todo o patrimônio do povo para os grandes monopólios privados, reduzindo os direitos trabalhistas a nada. A greve ainda ensina para os trabalhadores a importância da união da classe e que só assim será possível impedir a retirada de direitos históricos do povo, a entrega da soberania nacional e a demissão de centenas de milhares de trabalhadores.

Pela estabilidade no emprego!

Não à precarização das relações de trabalho;

Não à privatização dos Correios!

Fora Bolsonaro!


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