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Lutas pela Independência da Catalunha

Assistimos uma ebulição social por toda a América Latina, com o povo nas ruas em defesa dos seus direitos e, em especial, contra as políticas conservadoras, impetradas por um modelo capitalista que tem gerado o empobrecimento e a miserabilidade da população de diversos países. No coração da Europa, a Espanha vive um momento de enfrentamento dos modelos de super-exploração do capital. Neste processo, o levante em defesa da Independência da Catalunha tem tomado grandes proporções, tanto pelo aumento de manifestações dos grupos pró-independência, como pelo caráter político das lutas contra as prisões das lideranças que fizeram a defesa da Independência da Catalunha. 

O movimento independentista catalão vem sendo acusado, na opinião pública e pela imprensa espanhola e internacional, como um movimento segregacionista e de um nacionalismo extremo. Essa ideia é, inclusive, a mais reproduzida pela ala conservadora, burguesa, da sociedade espanhola. 

Os motivos que têm historicamente motivado o debate e as mobilizações em torno da independência da Catalunha são antigos, datam de antes mesmo da Guerra Civil Espanhola, que assolou o País nos anos de 1936 a 1939, e que culminou no golpe de Francisco Franco, responsável por uma das ditaduras mais longas da Europa. A ditadura franquista dominou o povo espanhol com “mãos de ferro” e “chumbo” por mais de 38 anos, sendo derrotada apenas com a morte do ditador, em 1975. Em 1976, foi aprovada a Lei da Reforma Política e, em 1977, se finda a ditadura.  

Durante a ditadura franquista, a língua catalã foi proibida de ser ensinada nas escolas. As famílias eram obrigadas a educar seus filhos em castelhano. O catalão era falado apenas em casa, às escondidas. Isso explica a defesa atual do Catalão como identidade do povo. Atualmente, o catalão é língua oficial nas escolas, na comunicação e na vida social como um todo.

 

 Crianças são escolarizadas no idioma catalão. 

 

As motivações para a defesa da Independência da Catalunha são históricas, presentes na região desde o século XII. Nos anos de 1936 a 1938, num forte enfrentamento do povo catalão com as forças do governo franquista, a independência da Catalunha foi sufocada mais uma vez. No período, foram mais de 3.500 mortos na região, a maioria membros dos movimentos comunistas e anarquistas. Tantos outros foram exilados com o acirramento da ditadura franquista.

Em 2006, a Catalunha passou a ser uma Comunidade Autônoma, com prerrogativas de definir leis para cobrança de impostos, organização territorial dentre outros. Porém, autonomia e independência são elementos distintos na legislação espanhola.  O povo catalão, mais do que autonomia, quer independência política e econômica do governo espanhol. A Espanha segue o modelo de uma Monarquia Parlamentar, enquanto a Catalunha reivindica sua independência para constituição de uma República da Catalunha. 

Uma das justificadas para tamanha repressão, por parte do governo Espanhol, aos movimentos de independência da Catalunha está na importância econômica que a região tem para a economia do País. A Catalunha é a região mais rica economicamente de toda a Espanha. Sua economia é responsável por 20% do Produto Interno Bruto (PIB) espanhol. Para os catalães, os investimentos do governo espanhol são irrisórios se consideradas as contribuições, inclusive dos impostos, porque são os que mais contribuem em políticas de educação, comércio, saúde e saneamento. Pode-se afirmar que o movimento de Independência da Catalunha é fruto de um longo processo histórico, mas também por questões econômicas, culturais e sociais. 

 

Referendo pela Independência e prisão política 

 

Em outubro de 2017, a Catalunha realizou Referendo para consulta sobre a Independência. 92,01% da população votou pelo “sim”. Com o referendo veio a autodeclaração de independência e constituição de parlamento catalão. Dias após, o governo espanhol realizou uma violenta intervenção na Catalunha, revogou o artigo 155 da Constituição Espanhola que concede autonomia à Catalunha e prendeu 12 lideranças que lutaram pela Independência.

Em 11 de outubro de 2019, a sentença do Tribunal Superior Espanhol condenou três destas lideranças a 100 anos de prisão – os demais receberam penas de nove e 12 anos de cárcere. A condenação foi um estopim para o desencadeamento de amplas mobilizações em defesa da democracia e contra a criminalização política das lutas de organizações e sindicatos.

As manifestações acontecem diariamente em Barcelona e nas principais cidades da Catalunha. No último dia 18 de outubro, uma Greve Geral em defesa de condições de trabalho, melhorias salariais e contra a condenação dos presos políticos reuniu mais de 750 mil pessoas nas principais ruas de Barcelona.

Os jornais e políticos espanhóis de direita, numa tentativa de caracteriza o movimento como violento, tentam atribuir a repressão imposta pelo governo aos enfrentamentos entre a polícia e os grupos de estudantes, justificando, assim, o aumento dos ataques, com o intenso uso de gás lacrimogêneo, balas de borracha e forte armamento. 

As organizações sociais da Catalunha têm apoiado o movimento em defesa da Independência e, à medida que o governo espanhol acirra a ofensiva ao movimento, novos atos são convocados.

 

Putrefação do sistema capitalista e a super-exploração dos trabalhadores


O que vem sendo denunciado com os levantes de trabalhadores, que se manifestam de diversas formas pelo mundo, é o estado atual do modelo capitalista, que cada vez mais tem aumentado seu poder de exploração da classe trabalhadora. O que está em jogo é a manutenção dos lucros pela burguesia, por meio da expropriação da classe trabalhadora.  

As reações no mundo têm motivações distintas, mas revelam a putrefação do sistema capitalista. Reformas trabalhistas que visam diminuir ou extinguir direitos, aumento considerável do desemprego, perdas de direitos sociais etc. são motivadores do levante dos trabalhadores pelo mundo.

Os Estados a serviço do capital respondem com repressão, prisões e mortes aos trabalhadores. A retirada de direitos e as ameaças a já limitada democracia burguesa são partes de uma batalha do capital contra a classe trabalhadora, que no limiar da perda de sua humanidade, temem mais a miséria que a morte. 

Os levantes internacionais sinalizam pela necessidade urgente de uma mudança de ciclo, de contraposição aos governos conservadores de direita, contra o fascismo e contra a exploração da mão de obra. É necessário a criação de um movimento unitário da luta dos povos e pelo fim do capitalismo.
 


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