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Massacre em Paraisópolis: resultado da política de extermínio da burguesa

A população da comunidade de Paraisópolis, zona Sul de São Paulo, foi vítima de mais uma ação truculenta da Polícia Militar (PM) do estado, desta vez contra o baile funk mais famoso da região, o Baile das 17, mais conhecido como “Dz7”. Nas palavras dos moradores, a ação foi uma “emboscada” da Polícia, que deixou como saldo a morte de nove jovens, com idades entre 14 e 23 anos, e outros 12 feridos.

Como sempre acontece com as ações direcionadas contra a população periférica, a PM justificou a operação, afirmando que entrou no baile para capturar dois criminosos que teriam disparado contra policiais. A versão não só foi desmentida pelos moradores e vítimas, como pelas inúmeras filmagens feitas e divulgadas nas redes sociais que deixaram evidente os policiais bloqueando as ruas, fazendo uma espécie de “arapuca”, com “corredores polonês”, para reprimir as pessoas que estavam no baile, inclusive espancando muitos deles.

Conforme levantamento realizado pelo jornal O Globo, os frequentadores do baile afirmaram que os policias chegaram e fecharam duas ruas onde ocorria o baile funk. Houve tumulto e correria provocados pelos próprios policiais, que atiraram indiscriminadamente com armas de fogo, além de fazer uso de bombas de gás e balas de borracha. As vítimas foram acertadas com garrafas, cassetetes e spray de pimentas. Os vídeos que estão circulando nas redes sociais mostram policias agredindo com tapas e chutes pessoas já mobilizadas.

 

Criminalização da cultura negra

 

Há quase uma década, o baile funk Dz7 reúne cerca de três mil a cinco mil pessoas nos fins de semana, além de ser considerado pelos moradores como a principal alternativa de lazer da comunidade. Com cerca de 100 mil habitantes, Paraisópolis é a 2ª maior favela de São Paulo e 5ª maior do Brasil. Entretanto, segundo informações de líderes comunitários, 80% dos frequentadores do Dz7 vêm de outros locais do estado, incluindo caravanas de outras cidades.

Engrossando as já absurdas estatísticas de genocídio à juventude negra e periférica, a maioria dos mortos era negro e pobre. Muitos estudavam e trabalhavam.
A mãe de um dos feridos, cujo nome não foi revelado, descreveu, em entrevista ao G1, o que ocorreu em Paraisópolis: “foi muito tenso, a polícia queria saber se meu filho estava no baile funk. É uma guerra ao pobre. Se fosse nos jardins [bairro de classe alta de SP], a coisa seria bem diferente. Até a forma da polícia abordar é diferente. O problema não é o funk, é a cultura periférica, é o lazer”. O que a Polícia fez em Paraisópolis é simplesmente seguir as ordens dos governos burgueses, pautados no aumento da repressão, violência e assassinato da população preta, pobre e favelada.

Num cinismo evidente, o governador de São Paulo, João Dória, usou suas redes sociais para “lamentar profundamente as mortes ocorridas no baile funk em Paraisópolis”, afirmando que exigiria do Secretário de Segurança Pública a apuração rigorosa dos fatos.  Ocorre que em outubro do ano passado, o mesmo João Dória afirmou que “a partir de janeiro, a polícia vai atirar para matar”. Como se vê, a ação da PM foi nada menos do que agir conforme disse João Dória, cumprindo sua promessa de campanha. Este foi mais um caso em que o Estado burguês deu “carta branca” para a matança da população negra e periférica, o que não podemos permitir.


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