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Ataque dos Estados Unidos assassina general iraniano

No último dia 02 de janeiro, um ataque realizado pelos Estados Unidos assassinou o general Qassem Soleimani, maior autoridade militar do Irã. O ataque ocorreu no aeroporto de Bagdá, capital do Iraque, para onde Soleimani havia se dirigido, ocasião em que iria velar os corpos de 31 soldados iraquianos que os Estados Unidos mataram no último dia 29 de dezembro de 2019, na fronteira entre Síria e Iraque. O general estava em um comboio junto com outras sete autoridades militares iraquianas que pertenciam a Força de Mobilização Popular (Hashd al Shaabi), coalizão de paramilitares, atualmente integrada ao estado do Iraque, que é pró-Irã no País, quando teve seu carro atingido por três foguetes. 

O atentado ocorreu por ordem direta do presidente estadunidense, Donald Trump. A justificativa oficial da Casa Branca para a ação foi a de que a Frente Popular de Mobilização havia sido responsável por orquestrar uma invasão à embaixada estadunidense em Bagdá. Porém, o protesto diante da sede diplomática dos EUA em Bagdá havia sido justamente uma resposta ao assassinato dos 31 soldados iraquianos.

Fato é que os Estados Unidos aumentaram em muito a tensão com o Irã ao realizar este ataque. Os dois países, historicamente rivais, estiveram em “pé de guerra” desde 2015, após Donald Trump sair unilateralmente de um acordo entre potências mundiais e o Irã, em que o País se comprometia a enriquecer urânio apenas para fins energéticos. Após sair do acordo, Trump impôs, e vem impondo, fortes sanções políticas e econômicas ao Irã que, em represália, prometeu enriquecer urânio para além dos limites do acordo firmado anteriormente.

 

Quem foi Qassam Soleimani?

 

Qassam Soleimani era um general iraniano que desde 1998 ocupava o posto de líder da Força Al Quds, principal unidade da Guarda Revolucionária do Irã. Ele era reconhecido como principal estrategista militar e geopolítico do País.

Pela sua importante função junto a um país  inimigo dos Estados Unidos, sofreu diversas tentativas de assassinato ao longo da vida. Foi a partir de ordens dele que o Irã incentivou grupos paramilitares, que atuam no Oriente Médio, contra o imperialismo estadunidense. Carismático, era uma figura muito respeitada no Irã. 

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khameini,em suas redes sociais, anunciou: “o martírio é a recompensa por seu trabalho [de Soleimani] incansável durante todos esses anos [...]. Se Deus quiser, sua obra e seu caminho não vão parar aqui e uma vingança implacável espera os criminosos que encheram as mãos com seu sangue e de outros mártires”. Já o presidente iraniano, Hassan Rohani afirmou que  “a grande nação do Irã e outras nações livres da região se vingarão por este crime horrível dos criminosos Estados Unidos". 

Além da morte do general em si, os Estados Unidos também violaram flagrantemente a soberania do Iraque ao realizar um ataque não autorizado em seu território.  Em comunicado oficial, o Primeiro-Ministro do Iraque, Adel Abdel Mahdi, afirmou que "realizar operações de acertar contas contra figuras de liderança iraquiana e de um país irmão em solo iraquiano constitui uma violação flagrante da soberania iraquiana e um ataque à dignidade do país". Além disso, alertou que a ação de Trump representa "uma escalada perigosa que desencadeia uma guerra destrutiva no Iraque, na região e no mundo".

 

Nova escalada de tensão, velhos motivos

 

O assassinato de Soleimani ocorre dois meses após o Irã anunciar a descoberta de um novo grande campo petrolífero em seu território. Segundo matéria divulgada no portal “Exame”, foi anunciado, no dia 10 de novembro de 2019, que tal reserva contém cerca de 53 bilhões de barris de petróleo. O Irã,  extremamente rico em relação à extração de petróleo e gás natural, se tornou ainda mais relevante neste sentido. À época, o presidente iraniano, Hassan Rohani, anunciou que “Os Estados Unidos devem saber que o Irã é um país rico e, apesar das sanções cruéis, os trabalhadores e engenheiros iranianos descobriram um novo campo petrolífero”. 

O que está em jogo no Irã é, mais uma vez,  a tentativa dos Estados Unidos  de fazer valer seus interesses pela força. Sob a falsa alegação de “levar à liberdade” para alguns países, invadiram, assassinaram a população e destruíram inúmeras nações. No caso do Irã, as coisas podem complicar a situação no Oriente Médio.. Pivô de um cenário geopolítico complexo, em que é apoiado por países como Rússia e China, o país ainda possuí tecnologias para a confecção de armas de destruição em massa, ao contrário de outros  que anteriormente foram invadidos e destruídos pelos EUA, como o próprio Iraque e o Afeganistão.   

Em resposta ao ataque, na capital iraniana, milhares de pessoas saíram às ruas para protestar, gritando frases como "Morte aos Estados Unidos". Enquanto no Iraque, vários comandantes pró-Irã pediram aos combatentes que "estejam preparados" para responder ao ataque americano. A embaixada dos EUA recomendou a seus cidadãos que abandonem "imediatamente" o Iraque e funcionários americanos do setor petroleiro iraquiano já deixaram o país. Trata-se de um forte indício de que a influência dos EUA no Iraque está perdendo força enquanto cresce a política pró-Irã.
Mais uma vez, a sede insaciável do imperialismo estadunidense por petróleo coloca as forças políticas mundiais em rota de colisão. Tudo em defesa de interesses de uma casta de parasitas que controla econômica e politicamente o mundo. As probabilidades de um conflito aberto, mundializado, aumentaram verticalmente.

Embora os socialistas devam se colocar, sempre, em favor da soberania nacional das nações oprimidas pelas nações imperialistas, à classe trabalhadora mundial, uma guerra  de proporções como a que se configura no Oriente Médio agora não é de nenhum interesse, pois estarão em confronto as potências econômicas que disputam a hegemonia sobre o mundo. O significado real dessas guerras é incitar os explorados de uma nação contra os de outra, em benefício da burguesia. A única guerra que deve ser movida pelos trabalhadores é para a derrubada do capitalismo, que tanta fome, sofrimento e morte já gerou. 
 


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