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O Resultado da precarização da educação

Os resultados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Aluno), que saíram em dezembro do ano passado, revelam a situação alarmante da educação no Brasil. O exame, aplicado a alunos de 15 anos em 79 países,indica que são poucos os estudantes brasileiros que possuem um conhecimento adequado em leitura, matemática e ciências, de acordo com as exigências do Programa. Os resultados alcançados pelos adolescentes brasileiros deixam o país na 57ᵃ colocação em leitura, entre os 10 últimos países em matemática e na 66ᵃ posição no ranking das ciências. Realizado há anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os resultados do PISA são estrategicamente utilizados para moldar, no mundo todo, políticas educacionais que coloquem a meritocracia como princípio essencial para o acesso aos direitos econômicos, sociais e políticos. De acordo com os resultados do PISA, surgem inúmeras análises focadas na desigualdade dos resultados ao mesmo tempo que desprezam as desigualdades cultural e econômica com que os estudantes chegam à escola. 

Os resultados do PISA são utilizados para, comparativamente, se descobrir onde as políticas educacionais produzem resultados mais positivos, de acordo com os interesses dos reformadores empresariais. Nesse sentido, os péssimos resultados dos alunos brasileiros serão utilizados para reforçar a tese da necessidade de ampliar a inserção privada na Educação Pública como solução. Por isso, os setores sociais comprometidos com a defesa da Educação Pública de qualidade para todos devem fazer um balanço crítico dos resultados que, no Brasil, sem dúvidas, e evidenciam as falhas das políticas educacionais adotadas nos últimos anos. Para esses setores, está claro que as novas políticas dogoverno ultraliberal de Jair Bolsonaro, tornam os prognósticos para os próximos anos ainda mais negativos. 

O Ministro da Educação, Abrahan Weintraub e o próprio Presidente da República têm atacadoas instituições públicas deEducação, principalmente as Universidades Federais – responsáveis pela formação de professores, e sinalizam de forma positiva para o aumento da presença do capital privado no setor educacional. Dessa forma, em vez de propor saídas que envolvam programas educacionais atentos à expansão do ensino público às classes mais pobres, que desde a Constituição de 1988 conquistaram esse direito, o Governo Federal e aqueles governos estaduais alinhados com sua política utilizam os resultados, tanto do PISA quanto das inúmeras avaliações externas criadas com o mesmo objetivo, para culpabilizar professores e alunos pelos péssimos resultados nos exames enquanto promovem a precarização do trabalho dos profissionais da educação, o fechamento de turmas e a superlotação de salas de ensino básico, deixando o profissional da educação básica refém de críticas que abrem o caminho, frente à opinião pública, para o aumento da presença de instituições privadas no setor. Mais preocupado em  manter o discurso ideológico que agrada o Presidente do que em propor soluções para os problemas que têm acometido a educação pública brasileira, ao se pronunciar pouco antes da divulgação dos resultados do PISA, Weintraub, discípulo do autodeclarado filósofo Olavo de Carvalho, voltou a fazer promessas vazias de melhoras no setor sem ao menos apresentar um programa educacional que sinalize resolver os problemas reais da educação pública no país, reproduzindo as críticas ideológicas ao PT e empregando a estimada tática dos bolsonaristas de colocar a culpa de todas as mazelas brasileiras nos governos anteriores.

De fato, a estratégia do ministro de desviar a atenção de sua gestão ao atacar outros governos e as universidades federais já está bastante desgastada. O fato de o mesmo não apresentar propostas plausíveis que levem em conta a complexa realidade social brasileira, resultou em vários pedidos de exoneração de especialistas e no esvaziamento do Ministério da Educação. Segundo uma reportagem da UOL, publicada no dia 13 de dezembro, a saída em massa de nomes importantes no ministério indica uma provável queda do ministro em 2020. Tendo em vista que desse governo só podemos esperar pelo pior, não resta dúvida que a saída de Weintraub abrirá caminho para alguém mais próximo aos interesses do  ministro da economia, Paulo Guedes. Isso  poderá significar um avanço massivo do capital privado no setor, resultando na diminuição do acesso dos mais pobres à educação e no aumento da desigualdade social. 

O brasileiro passa por um período sombrio de sua história. A crise econômica que possibilitou a ascensão de um governo com características fascistas tende a se intensificar e as consequências da política de  Bolsonaro já são sentidas pela população mais pobre que, de maneira jamais vista, tem seus direitos conquistados cerceados de maneira autoritária e despótica . Assim, sem educação pública e de qualidade e sem dinheiro para pagar por sua formação, o cidadão brasileiro ficará refém de empresários dispostos a explorar sua força de trabalho até a exaustão,concorrendo em um mercado de trabalho com mais de 12 milhões de desempregados. 

O índice de crianças e jovens em idade escolar fora da escola é alarmante e cresce a cada ano. Com o empobrecimento das famílias e o fechamento gradativo do ensino noturno, boa parte da população juvenil se vê  forçada a abandonar os estudos para trabalhar. No Ensino Superior a situação é mais complicada pois, além da barreira do vestibular, os jovens da classe trabalhadora sofrem  com a  falta de investimento nas políticas de permanência nas instituições públicas.

Os péssimos resultados dos alunos brasileiros no PISA  é apenas um dos reflexos da situação de descaso com a educação pública de qualidade no País. Ao fortalecer políticas de desmonte das instituições públicas de ensino, o atual governo retira uma conquista histórica da população. Educação de qualidade  é um direito que não pode  ser negociado como mercadoria para garantir lucros das grandes corporações capitalistas. A socialização do conhecimento é uma ferramenta para combater qualquer tipo de opressão sobre o povo e é na escola pública que se encontra a juventude mais combativa e disposta a lutar em defesa da Educação como direito da população. Por isso, os planos da burguesia não estão comprometidos com a melhoria no ensino e aprendizagem dos jovens brasileiros, mas sim, com os interesses privatistas e com o controle ideológico da escola pública.. 
 


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