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Mais de um mês de greves na Colômbia

Em 2018 Iván Duque Márquez, foi eleito presidente da Colômbia levando de volta ao poder o partido “Centro Democrático””, criado pelo ex-presidente e atual senador da República, Álvaro Uribe Vélez, líder da oposição direitista ao governo de Juan Manoel Santos, antecessor de Duque. O partido voltou ao poder cercado de  polêmicas que vão desde denúncias de corrupção e compra de votos, , até ter em suas fileiras políticos protagonistas de investigações por massacres a civis, envolvidos no caso conhecido como o “massacre dos falsos positivos”, em que inúmeros jovens de baixa renda foram assassinados durante o governo Uribe (2002-2010), sob o pretexto de serem guerrilheiros.

País da América Latina visto como fiel aliado do imperialismo norte-americano, a Colômbia tem sido palco de um regime com características ditatoriais de grande repressão à população, ampliada no governo Duque, responsável pela matança generalizada, perseguição e censura aos seus opositores. Inevitavelmente, a consequência de tal situação é o aumento da revolta popular. Em 2019, acompanhando  a conjuntura de protestos sociais contra as políticas neoliberais em vários países latino americanos, como Equador e Chile,  vários movimentos sociais como estudantil, camponês,  e em favor dos direitos democráticos (LGBTQI+, mulheres, comunidades negras e indígenas), aderiram à  , Greve Geral no dia 21 de novembro, convocada pela  Central Única dos Trabalhadores (CUT). conhecido como “21N” .Uniu-se aos protestos a marcha de mulheres trabalhadoras pelo Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres.

Dentre as muitas razões pelas quais qual se convocou a greve, está o chamado “Paquetazo de Duque”, um conjunto de projetos de lei de reformas trabalhistas, com propostas de  reduzir o salário dos jovens menores de 25 anos para  75% do salário mínimo e de atacara previdência pública, na busca da privatização da empresa pública de aposentadoria “Colpensiones”. Duque também descumpriu acordos com os setores de professores e estudantes que reivindicam melhores salários e mais orçamento para as universidades públicas, que têm sequencialmente perdido financiamento devido ao avanço do projeto de privatização.

Parte dos protestos também são derivados da polarização política advinda do plebiscito que rejeitou  os Acordos de Paz, assinados om as FARC-EP, pelo governo de frente popular de Juan Manoel Santos, apoiado por setores camponeses e populares mais diretamente afetados pelo conflito armado. A vitória do “Não ao acordo”, ainda em 2016, debilitou o governo de Santos e foi um dos elementos que fortaleceram a oposição de direita encabeçada por Uribe. Como parte desses acordos estava a substituição paulatina das colheitas de coca, porém,  patrocinado pelos Estados Unidos, no quadro de uma suposta nova guerra contra as drogas no País, o atual governo decidiu entrar num processo de guerra contra as dissidências das FARC.

Outro fator que desencadeou a revolta popular foi o anúncio, por parte do Mistério Público, do assassinato de um grupo de guerrilheiros, dissidentes do agora partido político FARC, sendo que oito eram menores de idade, em San Vicente del Caguán –umas das regiões mais afetadas pelo conflito armado- através de um bombardeiorealizado pelo Exército Nacional em agosto do ano passado. A notícia só se tornou pública em novembro.

Em 21 de novembro, as praças e ruas de Bogotá ficaram lotadas de pessoas cansadas do governo de extrema direita, ligado às milícias paramilitares e parapoliciais colombianas. . Como método de controle, foram enviadas forças públicas que, durante os vários dias de protestos assassinaram vários manifestantes, entre eles o estudante de ensino médio Dylan Cruz, de 18 anos.

Mesmo diante de mais de dois meses de protestos, a atual ministra do trabalho propôs no último três de fevereiro, uma reforma trabalhista que pretende acabar com a  contratação por dias ou meses, como funciona atualmente, mas por horas, sistema que permitiria uma maior precarização nas formas de contratação no país.

A situação na Colômbia se assemelha a do restante da América Latina. Um governo imposto pelos ditames neoliberais do imperialismo, com o objetivo de aprofundar o neocolonialismo, retirar direitos trabalhistas e privatizar empresas públicas e destruir os direitos da classe trabalhadora. Cansado, o proletariado colombiano demonstra disposição para a luta e reage, com cada vez mais força, contra as imposições da burguesia. Somente a organização dos trabalhadores, em greve e mobilizações massivas poderão barrar os ataques impostos pelo capital.


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