• Entrar
logo

Aliança pelo Brasil começa na ilegalidade

Após racha com o partido que o levou à presidência (PSL), Jair Bolsonaro tenta criar o “Aliança Pelo Brasil”, um novo partido que  enfrenta dificuldades para se formalizar. Na fase de registro de apoiadores para a nova legenda, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) realiza o processo de avaliação das assinaturas válidas e inválidas. Até no dia 9 de março mais de 14 mil assinaturas foram invalidadas, e as  válidas não chegam a 5 mil.

Dados do próprio TSE indicam que 77% das assinaturas inválidas, foram de pessoas que já  filiadas a algum partido. Outro problema relevante foi o fato de que algumas assinaturas coletadas serem de eleitores que não assinaram em sua cidade de naturalidade. Até mesmo assinaturas de pessoas que já morreram foram encontradas.

A lei do TSE que regulamenta a aprovação de um partido determina que são necessárias mais de 490 mil assinaturas, em 9 estados diferentes para que a sigla se torne legal. Jair Bolsonaro e dirigentes da legenda  dizem que em breve superarão o número mínimo. Ainda assim, por mais que o partido seja de fato oficializado até meados de abril, ele não irá participar das eleições Municipais.  Por isso,  Bolsonaro tem evitado entrar em detalhes e  se envolver em discussões sobre as eleições de 2020.

Um partido que utiliza da ilegalidade pra tentar existir,  demonstra claramente como o atual presidente da República e o sistema capitalista que o impôs no poder tratam a famigerada “democracia”. Um circo em que mortos votam, e onde vale de tudo para fazer valer os interesses do setor mais violento da classe dominante, a quem o “Aliança Pelo Brasil” irá representar. .

Porém, mais importante do que revelar a farsa da democracia burguesa, que não passa da ditadura de uma minoria sobre a maioria da população, a dificuldade de Bolsonaro em criar seu próprio partido revela a crise de seu governo, viabilizado por um golpe de Estado que derrubou um governo eleito e manteve preso o candidato à frente das pesquisas nas últimas eleições, Luis Ignácio Lula da Silva. Como todos os governos da extrema direita que chegam ao poder, o governo de uma família miliciana, envolvida em inúmeros escândalos de crimes e corrupção, foi o último recurso da burguesa em crise, incapaz de elevar ao poder seus políticos tradicionais.

Bolsonaro não tem o apoio popular que a imprensa corporativa, parceira do seu projeto de imposição da agenda neoliberal, tenta mostrar. Além de não conseguir alavancar seu  partido, as manifestações do último dia 15, em favor do governo, foram mais uma demonstração do apoio pífio que ele tem na sociedade. Em poucos e esvaziados  atos, com a presença  de segmentos completamente desmoralizados diante da maioria dos trabalhadores, os bolsonaristas deram mais uma demonstração de seu  desprezo pelos problemas que afetam o povo, indo às ruas fazer chacota da tragédia que se anuncia diante da pandemia do coronavírus. Um governo fruto da crise econômica, que não consegue conter suas crises políticas.

Diante da fragilidade política de Bolsonaro, as organizações de esquerda precisam organizar uma frente única para combater os efeitos da crise econômica, agravados pela crise sanitária, com um programa que atenda as necessidades urgentes da classe trabalhadora.

 


Topo