• Entrar
logo

Pandemia do novo coronavírus expõe necessidade de defender a Educação, pesquisa e Saúde pública


No dia 31 de dezembro de 2019, um alerta foi recebido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em que as autoridades chinesas informavam o surgimento de uma série de casos de pneumonia de origem desconhecida na cidade de Wuhan (China). Um anúncio feito em 9 de janeiro deste ano pela OMS e pelas autoridades chinesas dizia que as primeiras análises sequenciais do vírus, realizadas por equipes chinesas, apontam que esses casos de pneumonia eram provocados pelo nCovid-19. No último dia 11 de março, a OMS declarou a pandemia, anunciando que todo o mundo estava caminhando para a contaminação, o que de fato vem ocorrendo.

Neste cenário, no último dia 28 de fevereiro, pesquisadoras brasileiras completaram o sequenciamento do genoma do novo Coronavírus, o Covid-19. O grupo coordenado pela diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP, a médica Ester Sabino, precisou de apenas 48 horas para sequenciar o genoma, depois de detectado o primeiro caso da doença no Brasil. Ester disse que a pesquisa e o estudo de outras epidemias deixaram o grupo mais experiente e preparados para o sequenciamento do novo vírus: “Desde que o País passou por epidemias de zika e dengue, o nosso grupo estava trabalhando em aprimorar os testes de sequenciamento, em uma tentativa de entender mais sobre essas doenças. Estávamos envolvidos com o sequenciamento genético há muito tempo. O resultado desses esforços é que fomos mais rápidos, porque já estávamos prontos”.

O IMT é um instituto especializado da Universidade de São Paulo, uma universidade pública, “criado em 1959 para desenvolver pesquisas e fornecer subsídio científico e tecnológico para o diagnóstico, tratamento, controle e prevenção das doenças tropicais e grandes endemias do nosso país”. Conforme o site do Instituto: “Nos últimos 80 anos o estudo e a pesquisa em Medicina Tropical contribuíram para uma das mais importantes quedas dos índices de mortalidade no mundo (no Brasil esse índice caiu de 50% para 5% nesse período)”.

A rapidez com que se conseguiu os resultados mostra que a rede pública de ensino tem qualidade e dá resultados. Isso porque o que norteia o setor público não é apenas a obtenção de lucros, mas o bem-estar da população. Neste sentido, os dados são incontestáveis e revelam o papel de extrema importância que a pesquisa, ciência e universidades públicas têm para a sociedade.

Acontece que são justamente estes setores que estão na linha de frente dos ataques do atual governo, que vem realizando incontáveis cortes na área da Educação e Saúde pública. O resultado de tal política é facilmente observado em situações como a atual, em que o mundo vive os reflexos de uma pandemia. Imagem só se o Brasil enfrentasse o novo coronavírus sem o Sistema Único de Saúde? Se não houvessem as universidades públicas e Institutos como o IMT-USP? Sem dúvidas, o que já é calamitoso, uma vez que estes setores já trabalham sem as condições ideais e recursos necessários para combater epidemias como esta, seria colocado na situação de insustentável. Em outras palavras: sem a atuação do Estado e do setor público, sem o SUS e sem as pesquisas, a população brasileira, em especial os mais pobres, seriam simplesmente dizimados.

As recentes falas do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fazendo “chacota” com o COVID-19, alegando inclusive ser essa pandemia apenas uma “gripezinha”, que não era necessário se “desesperar com tal coisa”, mostra que, efetivamente, a política do governo é a de massacrar a população pobre.

No sistema capitalista, a Educação e Saúde são tratados apenas como mercadorias e é exatamente seguindo esta lógica que o governo Bolsonaro vem atuando, destruindo o setor público com a falta de investimentos, como é o caso das universidades, pesquisas e os centros de saúde. A pandemia do novo coronavírus expos de uma vez por todas a importância da pesquisa, educação e saúde pública. A classe trabalhadora deve lutar com unhas e dentes por estes direitos históricos que conquistou, exigindo a revogação imediata da EC55, que limita os investimentos do Estado em saúde e educação, bem como as demais medidas de ataques e aumento da exploração dos trabalhadores. Saúde e educação são direitos do povo e devemos lutar por eles.

 


Topo