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Vulnerabilidade dos povos indígenas frente a Pandemia do Coronavírus

Os povos indígenas do Brasil estão entre o grupo de risco de contaminação pelo novo coronavírus (COVID-19), tendo em vista que o histórico de mortes por doenças respiratórias é um fator preponderante entre estes povos. Com o aumento progressivo da doença, algo que vem acorrendo de forma vertiginosa em todo o País, poderemos nos deparar com um verdadeiro genocídio das populações indígenas. Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), doenças infecciosas e parasitárias foram responsáveis, em 2019, pela morte de 7,2% de indígenas. Para as crianças indígenas com menos de um ano, as doenças respiratórias foram responsáveis por 22% das mortes registradas em 2019.

A situação do Brasil, afirmam os especialistas, já apresenta dados alarmantes de crescimento de contaminação. No entanto, especialistas indicam que estes números são totalmente subestimados, uma vez que apenas os casos mais graves são submetidos ao exame para confirmação da contaminação. Para determinados grupos, grande parte dos sintomas pode passar totalmente despercebido – uma grande parte da população pode está infectada sem saber. O problema é que estes agentes podem não sentir os efeitos do coronavírus, mas são disseminadores da doença, os chamados “vetores”, daí a grande importância de medidas como o isolamento social.

Enquanto a maioria dos países está usando a estratégia do isolamento social como forma de contenção do avanço da doença, uma vez que ainda não foi desenvolvida nenhuma vacina ou cura, o Brasil trava uma verdadeira “quebra de braço” na batalha contra o avanço da doença. De um lado temos alguns estados e municípios assumindo verdadeiras forças tarefas para evitar o avanço descontrolado da doença.  Do outro lado, o presidente da República, Jair Bolsonaro, e seus ministros que não só nega a gravidade da doença, como convoca a população, em rede nacional, para voltar às suas rotinas sob a desculpa de “defender” a economia. Com discurso avaliado como um dos mais criminoso contra a população, o Governo Federal incentiva o avanço da doença, que tem causado mortes, desolamento e colapso dos sistemas de saúde por todo o mundo.

No combate ao coronavírus, os municípios são os que mais temem o aumento desenfreado da doença, pois mais de 60% dos municípios brasileiros não têm estruturas de equipamentos para assegurar o atendimento a quem necessitar de aparelhos respiratórios, além de não dispor de Unidades de Terapia Intensivas (UTIs), que é a principal demanda da pandemia, uma vez que a doença ataca o pulmão, causando colapso fatal do sistema respiratório.

Para os povos indígenas, a situação é triplamente mais grave. Além de fazer parte do grupo de risco, porque têm um maior número de pessoas com doenças respiratórias pré-existentes, a maioria dos povos indígenas vive em comunidades distantes de centros ou de cidades que tenham condições de atendimento em caso de contaminação. Isso sem falar que nas pequenas cidades há ainda o  grande risco de desabastecimento. Por não ter acesso aos centros de compras de comida, muitos dependem totalmente dos recursos do Programa Bolsa Família para viver, agravando ainda mais a situação de pobreza e de falta de condições de vida destas populações.

Informações da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), ligada ao Ministério da Saúde, denunciam que não existe sequer produtos básicos para combater qualquer tipo de avanço da doença nas comunidades indígenas, a exemplo luvas e máscaras. Algumas aldeias estão há mais de 1000 km de algum centro urbano que possibilite acesso ao atendimento médico ou UTI, o que pode agravar ainda mais a situação das comunidades indígenas, caso a pandemia chegue às aldeias.

Em lugar de criar as condições necessárias para garantir a proteção e orientação dos povos indígenas em relação aos cuidados contra a contaminação do coronavírus, o que estamos assistindo, por parte principalmente do Governo Federal, é um verdadeiro abandono da responsabilidade social com estes povos.

Ao não respeitar os alertas da Organização Mundial de Saúde (OMS) em relação as ações de contenção do Covid-19, o governo de Jair Bolsonaro pode estar avalizando o maior genocídio da população brasileira, que, sem dúvidas, será vítima desta doença. No caso dos povos indígenas, que historicamente estão em situação de vulnerabilidade social, a situação é ainda mais crítica. Caso nada seja feito, ao se alastrar para comunidades indígenas, a doença poderá provocar número alarmantes de mortos. Ou seja, mais um genocídio da população indígena está sendo preparado no País, mais uma vez com o “sangue nas mãos” de Jair Bolsonaro.   

 


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