De acordo com um balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, na tarde da última quinta feira, dia 9 de março, o número de infectados no Brasil pelo Covid-19 chegou a 18.145, enquanto o número oficial de mortes pelo novo coronavírus é de 954. No dia anterior, o balanço relatava 15.927 casos confirmados e o número de mortes havia batido a casa dos 800. Ou seja, em 24 horas o Brasil ocorreu mais de uma centena de mortes.
São Paulo é o estado com maior número de casos, com 7.840 e 496 mortes, seguido pelo Rio de Janeiro, com 2.216 casos e 122 mortes e o Ceará, com 1.445 infectados e 57 mortes. Apenas Tocantins ainda não registrou mortes. Em âmbito mundial, já são 1,5 milhão de pessoas infectadas e cerca de 94 mil óbitos.
Preocupação com o afrouxamento do distanciamento social
Mesmo o aumento no número de casos, a política que vem sendo adotada pelo presidente do Brasil é o de ignorar as recomendações das autoridades de saúde, inclusive os órgãos internacionais, a exemplo da Organização Mundial da Saúde (OMS), e atacar o isolamento social, praticamente pedido para que a população trabalhadora vá para o “abate”. Bolsonaro chegou a fazer um pronunciamento oficial defendendo o relaxamento das medidas de distanciamento social, o que de fato vem ocorrendo. O resultado é obvio: disseminação da doença. De acordo com o próprio Ministério da Saúde, o Brasil ainda não se encontra em seu pico de infecção, que deve ocorrer entre o fim de abril e o início de maio. É quase unânime entre os especialistas em saúde a fala de que o Sistema Único de Saúde (SUS) não irá aguentar a superlotação, caso não haja uma política séria, que priorize o isolamento social.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, reconhecido por ser defensor da privatização do SUS e por ter sua campanha financiada pelos planos de saúde privados, chegou a defender o isolamento social, mas está, aos poucos, mudando o discurso e se adequando às exigências dos empresários, ao ponto de ser questionado pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) sobre a proposta de afrouxar, a partir do dia 13 de abril, o isolamento social nas regiões que não estão com mais da metade da capacidade de atendimento comprometida.
Promover o isolamento social, e com ela todas as medidas necessárias para garantir a sobrevivência dos trabalhadores, é fundamental para resguardar a vida, principalmente dos mais pobres e necessitados, que não têm condições de se manter em isolamento se não houver uma política séria do Estado. É o caso, por exemplo, dos moradores de favelas. Segundo um levantamento feito pelo Instituto Locomotiva, em parceria com o Data Favela, divulgado no portal de notícias Agência Brasil, “Cerca de 60% dos moradores de favelas não têm recursos financeiros para se sustentar por mais de uma semana, sem que precisem de auxílio ou de retornar ao trabalho (...). Cerca de 15% das famílias não têm sabonetes disponíveis para utilizar. Além disso, falta água potável em quase metade (47%) dos lares das favelas”.
A crise do novo coronavírus está desnudando o discurso criminoso da defesa do privado em detrimento do setor público, expondo a necessidade de defender o SUS público, gratuito e de qualidade. É preciso cobrar medidas do governo federal para garantir a sobrevivência dos trabalhadores, colocando os recursos e riquezas para atender as necessidades da população e não para garantir o lucro dos parasitas burgueses.