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Paulo Guedes defende congelamento de salário dos servidores públicos

O ministro da economia, Paulo Guedes, defendeu, em entrevista veiculada no G1 no último dia 7 de abril, o congelamento de salário dos servidores públicos pelos próximos dois anos, em razão do avanço da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A tendência é que o governo federal apresente um projeto de lei que transfere R$ 40 bilhões aos estados e municípios com a condição de que reajustes salariais fiquem suspensos por dois anos.

A equipe econômica do governo chegou a levantar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que cortaria cerca de 25% do salário dos servidores, porém em uma videoconferência com deputados do DEM, no último dia 5, Paulo Guedes afirmou que um corte de salários poderia gerar uma deflação na economia, mas que uma redução de gastos públicos com o congelamento de salários daria o mesmo resultado do corte, do ponto de vista econômico, sem o risco da deflação.

Segundo o ministro, o corte na remuneração de servidores federais está descartado, mas ele reforça a ideia de que o setor público precisa “dar o exemplo”. Na verdade, Guedes tem se aproveitado da crise causada pelo coronavírus para defender suas reformas estruturantes, que representam ataques aos trabalhadores. Na conversa com os deputados, o chefe da pasta econômica disse que estima que a crise causada pelo coronavírus dure ''três ou quatro meses'', mas que o período turbulento não poderia ser transformado em uma crise de três ou quatro anos, defendendo, com isso, o progresso das reformas. O que ele não diz é que o PIB de 2019 teve um crescimento pífio e as previsões para os próximos dois anos já eram de estagnação econômica, antes de se iniciar o período especial da pandemia.

Em outras palavras, o que os políticos burgueses estão dizendo é que é preciso resguardar os lucros dos grandes empresários e dos especuladores do mercado financeiro, jogando para os trabalhadores o peso da crise. Corte nos salários, congelamentos, redução da carga horária com redução salarial etc., precarização nas relações de trabalho, privatização, demissão em massa etc. são todas medidas que já estavam na ordem do dia para o governo brasileiro, representante do capital internacional. O que estão fazendo neste momento é se utilizar da pandemia para aprofundar estes ataques.   

Desde o início do governo Bolsonaro, as medidas de Guedes têm sido perniciosas aos trabalhadores brasileiros. Assim como não houve nenhum sinal de recuperação nos indicadores econômicos com o aprofundamento da Reforma Trabalhista e da Reforma da Previdência, vendidas por Guedes como a “tábua de salvação” da economia brasileira, reduzir salários só servirá para atacar os trabalhadores e diminuir seu poder de compra, gerando mais crise econômica.
    
Não por coincidência, um dos principais defensores da redução salarial dos servidores é o filho do presidente, o deputado anti-povo, Eduardo Bolsonaro. O parlamentar chegou a declarar na imprensa que ''mais cedo ou mais tarde, vamos ter que enfrentar a questão da redução de salários''. A posição de Guedes foi defendida durante a seção plenária da câmara dos Deputados, no último dia 3, que debatia a Proposta de Emenda Constitucional 10/2020, aprovada, que prevê um ''orçamento de guerra'' para combater a Covid-19. Tal orçamento, entre outras coisas, autoriza o Banco Central a injetar recursos na economia por meio da compra de títulos privados de bancos e empresas à beira da falência, os chamados títulos podres. Ou seja, o que se pretende é determinar que o dinheiro público seja desviado para salvar banqueiros e grandes empresários do setor financeiro, enquanto retira salários dos trabalhadores.

O alvo apontado pelos governos burgueses é sempre a classe trabalhadora, os que não têm privilégios. Não podemos esquecer que antes da pandemia, grande parte dos servidores públicos (aqueles que estão na base e não no topo da pirâmide) não tiveram seus salários recompostos – há muito já vinham sendo lesados sem reajustes e com atrasos de salários, além de terem perdido direitos básicos, como o de se aposentar.  Congelar salários dos trabalhadores nesse momento de pandemia, não passa de oportunismo para atender aos interesses dos grandes capitalistas que já se encontravam em crise antes da necessidade do isolamento.


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