O prefeito da cidade de Varginha (sul de Minas Gerais), Antônio Silva (PTB), renunciou ao cargo na manhã do último dia 6 de abril. Em carta ao presidente da Câmara Municipal, Silva comunicou sua decisão afirmando não “ter condições de continuar administrando a Prefeitura". Ideologicamente alinhado ao presidente da República, Jair Bolsonaro, o prefeito ordenou reabertura do comércio local, que estava fechado há 15 dias, como medida de proteção contra a pandemia de Covid-19. A reação popular foi imediata e, de acordo com o vice-prefeito, Silva passou a ser hostilizado em redes sociais após a medida.
A Associação dos Médicos da cidade se pronunciou em contrariedade à medida, mesma postura adotada pela Comissão da Vigilância Epidemiológica da prefeitura, que também se opôs a tal decisão. O Ministério Público, em ofício, pediu a total revogação do decreto..
Em cumprimento à solicitação do MP, no fim da tarde de domingo, dia 5 de abril, o então prefeito editou um novo decreto revogando o anterior, mantendo o comércio em geral fechado, ficando apenas os estabelecimentos e serviços essenciais abertos. Apesar de alegar questão de “foro íntimo”, a renúncia está diretamente ligada a pressão popular que o prefeito vinha sofrendo diante as medidas anunciadas. Silva renunciou ao seu quarto mandato como prefeito e passou o bastão para seu vice, Verdi Melo (Avante), que foi empossado em sessão extraordinária da Câmara Municipal.
A renúncia do prefeito bolsonarista, após a pressão de setores civis, mostra a disposição da população organizada em manter sua proteção através do isolamento, ignorando a campanha do próprio presidente da República, porta-voz dos setores mais agressivos do empresariado, que despreza os riscos da pandemia.
A sociedade brasileira está submetida a uma correlação de forças entre as orientações científicas e mundiais sobre a prevenção da Covid-19 e a política genocida do governo federal e seus apoiadores nos estados e municípios, que querem manter os trabalhadores em risco enquanto não tomam nenhuma medida efetiva de proteção. A política institucional burguesa já sofre a pressão dessa correlação de forças e os trabalhadores devem aproveitar as brechas criadas por ela para fortalecerem seus mecanismos de defesa e sobrevivência e não serem levados pela conversa de demagogos que disputam poder. É preciso defender o direito à quarentena, com proteção financeira, a todos os trabalhadores.