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Vacina contra o coronavírus, desenvolvida por pesquisadores da UFMG, só ficará pronta em dois anos

Embora a atual crise de coronavírus tenha como previsão o fato de que o pico de contaminação seja no final do mês de abril e início de maio, o vírus continuará circulando por alguns anos e o único meio de se conter efetivamente a pandemia é a criação de uma vacina contra o vírus. É o que garante Ricardo Gazzinelli, coordenador do Instituto Nacional e Tecnologia de Vacinas, professor da Universidade Federal de Minas Gerais e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz.

Dos Estados Unidos, onde está trabalhando agora, o professor Gazzinelli deu detalhes ao portal de notícias G1 de uma pesquisa inédita para descobrir a vacina que possa combater o vírus. Coordenados por ele, os estudos são realizados pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), através do CT-vacinas, em parceria com a Universidade do Estado de São Paulo (USP). O modelo utilizado é o mesmo da vacina contra a febre amarela, em que é usado o vírus vivo atenuado, que chega a infectar as células, mas induz a resposta do organismo sem causar a doença.

O vírus utilizado como carreador da vacina é o da influenza, causador da gripe comum. Através da engenharia genética, é incluído um gene do coronavírus, que codifica uma proteína chamada spike,  responsável pela aparência cheia de espinhos do coronavírus. A vacina induz anticorpo contra esta proteína e assim impede que o vírus entre na célula, explica o pesquisador. Segundo Gazzinelli esta primeira etapa leva de quatro a cinco meses para ser concluída, e embora otimista com os resultados, acredita que a vacina só estará pronta para utilização em dois anos.  O pesquisador também explica que ainda serão feitos testes para ver se a formulação induzirá a resposta imune e protegerá o modelo experimental. Tudo isso pode levar um ano e, em seguida, é preciso fazer escalonamento ou aumento da produção. Primeiro devem ser feitos testes de segurança, em camundongos ou coelhos, para ver se tem efeito tóxico, e só então são feitos os testes clínicos em humanos.

Gazzinelli reforça o fato de que o único meio para se evitar a transmissão, é mesmo o distanciamento social, pois a taxa de transmissão do vírus é muito rápida, e a propagação na população será ainda mais rápida por causa da sobrecarga hospitalar e dificuldade de atender a quem ficar mais afetado.

 

Contradizendo governo Bolsonaro

 

Diante de uma crise de tamanha proporção fica evidente a importância social das Universidades públicas do país, as mesmas que foram alvo do corte de verbas significativos pelo governo Bolsonaro, cortes de serviços como água luz, terceirizados, obras, equipamentos e realização de pesquisas. Nos últimos anos, as universidades federais tiveram, em seus orçamentos, redução de R$ 7,3 bilhões ou 14,8%, os Institutos Federais de R$ 1,1 bilhão ou -7,1%. Os hospitais e a área de saúde perderam R$ 2,9 bilhões e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES) foi atingida pela redução de 1,4 bilhão.

O governo Bolsonaro traz em seu projeto políticas de destruição dos serviços públicos que buscam se legitimar através de discursos que consistem no anti-intelectualismo e na promoção de ataques aos cientistas e educadores, de modo a retirar sua credibilidade junto à sociedade. Porém, a atual crise sanitária expôs a importância dos investimentos públicos em áreas de desenvolvimento científico e social e revelou os efeitos perversos da política privatista do governo Bolsonaro, uma vez que a iniciativa privada sempre atuará na área de educação em nome do lucro das grandes corporações e não do bem estar social da maioria.

No mundo todo, pesquisadores se debruçam sobre a produção de medicamentos e remédios que, a médio e longo prazos, solucionarão o problema da pandemia. No Brasil, os cientistas nadam contra a maré para manter suas pesquisas e para apresentar narrativas que desmascarem a política genocida do governo Bolsonaro. É o caso da criação do Comitê Científico do Consórcio Nordeste, cujo objetivo é ajudar os governos da região na tomada de decisão sobre as ações de enfrentamento ao novo coronavírus. Coordenado pelo cientista Miguel Nicolelis, o comitê busca, principalmente, contrapor os resultados alcançados pela pesquisa científica aos discursos falaciosos da equipe governamental. Também a Fundação Oswaldo Cruz possui um monitoramento das notícias falsas (fake News) propagadas sobre o tema com a intenção de legitimar a política nefasta do governo de não agir em favor do isolamento social e do investimento na área hospitalar.

Mais do que nunca a classe trabalhadora compreende a importância da luta em defesa da Educação Pública, em especial das Universidades, como espaços para a produção do conhecimento científico que possa garantir a soberania nacional e embasar políticas públicas de bem estar social.

 


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