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Sepultadores dizem: Bolsonaro é o coveiro da nação

"Bolsonaro é coveiro da nação, dos direitos do povo", disse o trabalhador do serviço funerário do município de São Paulo, João Gomes, em resposta a mais uma manifestação agressiva do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que, ao ser questionado pela imprensa sobre o número de mortes da pandemia de Covid-19 no Brasil, disse que não é coveiro.

A resposta de João representou, nacionalmente, um manifesto do Sindsep (Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo) contra o desprezo do presidente em relação à imprensa, aos agentes sepultadores e à vida de todos os trabalhadores.

Recentemente, o Sindicato solicitou à imprensa para não se referir aos funcionários que fazem os enterros como “coveiros”. A mensagem foi publicada em uma tirinha da entidade, com o personagem Zé da Cova. Trata-se de uma tentativa de modificar o costume de se referir a esses profissionais de forma pejorativa, uma maneira jocosa da população lidar com a inevitabilidade da morte, mas que reforça o preconceito com a profissão. Infelizmente, o reconhecimento da importância destes trabalhadores se dá num momento em que seu excesso de trabalho se deve à ação genocida do governo brasileiro diante da crise sanitária.

No último dia 14 de abril, o Sindsep enviou ofício à superintendência do Serviço Funerário do Município de São Paulo, para denunciar a situação de exaustão dos servidores devido ao aumento no número de sepultamentos no cemitério Vila Formosa, o maior da capital paulista. De acordo com o documento, os sepultadores relatam que, nas últimas semanas, devido ao aumento no número de mortes, estão permanecendo no serviço além do horário normal (18 horas) e que estão sendo convocados por emergência, a qualquer horário ou dia. O Sindicato solicita a possibilidade de envio dos mortos para outros cemitérios da cidade.

Em entrevista ao portal de notícias Acrítica.net, publicada em 12 de abril, o encarregado de quadra no Cemitério da Vila Formosa, James Alan, de 34 anos, disse: “Nós fazíamos 40, 45 sepultamentos por dia. Hoje, fazemos 10, 15 a mais. O cuidado é redobrado por causa da pandemia. Estou exposto e sei que corro risco de ser contaminado”. De acordo com números oficiais do governo de São Paulo, uma semana depois da veiculação da matéria, o número de mortos no estado sextuplicou em comparação ao início do mês.

A frase de Bolsonaro carrega uma verdade: o Ministério da Saúde está subnotificando os casos de mortes pelo Covid-19 no Brasil. O trabalho dos sepultadores e a movimentação nos cemitérios geram a desconfiança necessária da população em relação às informações oficiais, pois a omissão e a distorção premeditadas de informações por parte do governo, em meio a uma crise de saúde de proporções mundiais, cria obstáculos para o planejamento dos esforços para conter a epidemia.

A campanha intensiva contra o isolamento ganhou a adesão da grande imprensa nos últimos dias e as informações estão sendo filtradas para atender aos interesses da parcela do grande capital que quer o fim da quarentena. O objetivo de Bolsonaro é evitar que as evidências coloquem em xeque sua política de minimizar o perigo do contágio e o colapso hospitalar a que o País chegará, caso o governo não tome medidas urgentes para garantir equipamentos, leitos e profissionais para atender aos infectados. Estamos diante de uma política genocida que não salvará a economia e levará ao caos o sistema de saúde do País.


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