• Entrar
logo

Presidente incita a violência e faz ameaça de um autogolpe


No último dia 3 de maio, um dia depois do depoimento do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, um pequeno grupo de manifestantes pró-Bolsonaro se aglomerou em frente à rampa do palácio do Planalto em um “ato” em apoio ao presidente. Bolsonaro e alguns integrantes do governo compareceram, como de costume, para prestigiar seus apoiadores. Contrariando todas as medidas de isolamento social e proteção diante da pandemia da Covid-19, o líder aproveitou a oportunidade para fazer críticas também ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao Congresso Nacional. A violência foi o grande destaque da manifestação – jornalistas do jornal Estadão, que cobriam o ato, foram ameaçados e agredidos por manifestantes, tendo que ser retirados com escolta policial.

Após a manifestação, em declaração transmitida por uma live em rede social, Bolsonaro afirmou que teria as Forças Armadas ao seu lado e, referindo-se ao legislativo e judiciário em tom de ameaça, afirmou que não iria admitir mais interferências e que já tinha “acabado a paciência”. “Chega de interferência. Não vamos admitir mais interferência. Acabou a paciência. Vamos levar esse Brasil para frente. Acredito no povo brasileiro e nós todos acreditamos no Brasil (...). Peço a Deus que não tenhamos problemas nessa semana. Porque chegamos ao limite, não tem mais conversa. Daqui para frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição", disse o presidente.

Visivelmente, Bolsonaro indicou uma disposição de tomada de poder pela força, com auxílio das Forças Armadas. Nos melhores moldes ditatoriais, ameaçou fechar o Congresso e “reinar” absoluto, sem interferência dos outros poderes que, junto ao Executivo, formam a tríade da democracia burguesa desde sua criação, no Iluminismo.

Entretanto, um dia após o ocorrido, o general e ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen, em entrevista ao Timeline, comentou que o episódio da agressão aos repórteres foi mais uma demonstração da política de confrontação do governo atual. Para ele, há a consolidação do "nós" contra "eles", e o repórter, naquele momento, representou o elemento de insatisfação dos bolsonaristas. Deixando transparecer uma divergência interna, Etchegoyen afirmou que “no momento em que a disputa política permitir violência, é barbárie, é a lei do mais forte. É absolutamente inaceitável”. Forçando Bolsonaro a, mais uma vez, baixar o tom, o general afirmou que as Forças Armadas estarão ao lado do presidente enquanto a lei for exercida, e não se o presidente quiser.

Bolsonaro, que nunca negou seus traços fascistas ao elogiar torturadores e querer calar a imprensa, faz constantes ameaças aos direitos democráticos quando está diante de sua pequena base social, formada por fanáticos negacionistas que empunham, unidas, as bandeiras do Brasil, de Israel e dos Estados Unidos. Isso sem falar nos “contratados”, que acamparam na Praça dos Três Poderes em barracas padronizadas e iguais às divulgadas pelo empresário Luciano Hang, nos comerciais de sua rede de lojas Havan. Ao incitar seus apoiadores a desrespeitarem o necessário isolamento social em tempos de pandemia, o presidente busca ampliar sua base de apoio apostando no desespero de parte da população diante da paralisia das atividades econômicas.

“Rugir” no domingo e “miar” na segunda-feira tornou-se um hábito deste governo que, através de sua política genocida diante da pandemia da Covid-19, busca criar distracionismos políticos, enquanto abusa do poder para proteger seus filhos, como no caso da interferência direta na nomeação do delegado Rolando Alexandre de Souza para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal (PF), braço direito de Alexandre Ramagem, que teve a nomeação suspensa pelo STF. Fica explícita a ameaça de Bolsonaro em transformar a PF em sua “polícia política” para interferir em investigações que envolvem a ligação de sua família com as milícias do Rio de Janeiro e outros crimes.

As sérias ameaças de fechar o regime político brasileiro tornam urgentes a necessidade da derrubada desse governo genocida, que transforma o Brasil no novo epicentro da contaminação do novo coronavírus, enquanto abandona a população à própria sorte.

Fora Bolsonaro e todo o seu governo!


Topo